Desenvolvimento de países influencia empreendedorismo

O objetivo do estudo da pesquisadora Caroline Raiz Moron, descrito em sua dissertação de mestrado, foi esclarecer como as características institucionais formais e informais dos países afetam o ingresso e a sobrevivência de empreendedores em diferentes mercados.

Pesquisa da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP investiga a relação entre instituições e empreendedorismo, de acordo com o nível de desenvolvimento do país. O objetivo do estudo da pesquisadora Caroline Raiz Moron, descrito em sua dissertação de mestrado, foi esclarecer como as características institucionais formais e informais dos países afetam o ingresso e a sobrevivência de empreendedores em diferentes mercados. A análise de casos de empresas brasileiras que abriram operações no exterior mostra que nos países mais desenvolvidos o essencial para o empreendedor é cumprir as regras formais, enquanto nos menos desenvolvidos é mais importante possuir contatos e conhecer o contexto local.

Ao iniciar suas pesquisas sobre empreendedorismo, a então mestranda Caroline Raiz Moron encontrou uma literatura muito focada no que ocorre nos países desenvolvidos, e pouca informação sobre a atividade empreendedora nos países em desenvolvimento. A primeira etapa da pesquisa consistiu em um estudo bibliométrico, buscando nas bases de dados, localizando tudo o que existia a partir de palavras-chave relacionadas à instituições e empreededorismo.

Na segunda etapa, empírica — “para ver o que acontece no mundo real” —, foi feito um teste que, segundo a pesquisadora, é “simples, mas ajuda a ver bastante coisa”, para ver se o empreendedorismo é diferente nos países desenvolvidos em relação aos países não desenvolvidos. “Percebemos que os números encontrados na base Global Enterpreneurship Monitor (GEM), que é a base mais importante em empreendedorismo, realmente mostram que há diferenças entre o empreendedorismo praticado nos dois grupos de países”, afirma Caroline.

Na pesquisa, os países desenvolvidos eram aqueles que apresentam IDH muito elevado, e os restantes entravam no grupo de não desenvolvidos. “Havia uma diferença estatística significativa em todas as análises desses dois grupos”.

Regras e contatos

A partir daí, a pesquisadora selecionou dois estudos de caso para delinear essas diferenças: de uma empresa brasileira que instalou suas operações em um país menos desenvolvido que o do Brasil, e de uma empresa que saiu do Brasil em direção a um país com nível de desenvolvimento superior.

A primeira foi o Grupo Pinesso, atuante no ramo de produção de algodão e que resolveu expandir seus negócios para o Sudão, a convite do governo local, que financiou o projeto. O segundo caso trata da Rede de Churrascarias Brasileira, que decidiu ampliar os negócios nos Estados Unidos, porque na época (início do Plano Real) o dólar estava em baixa em relação ao real. Mas, como os administradores não possuíam contato para favorecer a empreitada no local, financiaram o projeto inteiramente.

Dois fatores apareceram como mais relevantes na comparação dos casos: para empreender em países não desenvolvidos, é importante que se tenha contatos e conheça o contexto local; para empreender em países mais desenvolvidos, as regras locais devem ser estudadas, mas contatos não são tão cruciais.

“Para ir a um país desenvolvido é fundamental que o empreendedor conheça as regras formais e cumpra todas elas. Em em país menos desenvolvido, o vital é conhecer as pessoas e ser aceito naquele meio. Dificilmente um empreendedor que não tenha incentivos ou conheça os caminhos vai conseguir fazer um negócio de sucesso em países pouco desenvolvidos”, afirma a pesquisadora. O estudo de Caroline foi desenvolvido como dissertação de mestrado, defendida em 24 de setembro na FEA, e orientada pela professora Maria Sylvia Macchione Saes.

Da Assessoria de Comunicação da FEA

Mais informações: (11) 3091-5813, email imprensafea@usp.br

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