USP participa de projeto que vai avaliar tecnologias de reúso de água

Poli integra o projeto bancado pela União Europeia. Entre os dias 7 e 10, ocorre um encontro sobre o tema

Valéria Dias /Agência USP de Notícias

A USP é uma das universidades que participam do Projeto Coroado, uma iniciativa da União Europeia que tem o objetivo de identificar tecnologias de reúso de água e avaliar o potencial de aplicação no contexto da América Latina. Entre os dias 7 e 10 de maio, os representantes de nove universidades e centros de pesquisa europeus e de quatro latino-americanos estarão reunidos em São Paulo no primeiro encontro internacional sobre o projeto.

“Para ser reutilizada é preciso saber a fonte ou a origem do efluente, e a finalidade de seu reúso”, explica a professora Monica Ferreira do Amaral Porto, vice-chefe do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental da Escola Politécnica (Poli) da USP e coordenadora do projeto na América Latina.

De acordo com Mônica, a fonte pode ser o esgoto, um efluente industrial ou uma lavagem de piso. Já a finalidade pode ser a agricultura, a lavagem de pisos, ou a indústria (em processos de resfriamento, por exemplo). “Dependendo da fonte e da finalidade, teremos tecnologias de tratamento totalmente distintas”, explica a professora.

O Coroado se baseia em quatro casos de estudo ligados a quatro países da América Latina. No Brasil, é o reuso urbano. Trata-se da água de tratamento de esgoto que pode ser reutilizada para fins industriais e lavagem de pisos, por exemplo. No caso da Argentina, a finalidade da água de reuso é agricultura e um pouco de uso urbano e industrial. No Chile, é basicamente voltada para agricultura. E no México, o uso é predominantemente agrícola e um pouco de uso urbano e industrial. “São quatro países com usos distintos de água de reuso e com potenciais de aplicação também distintos”, destaca.

Segundo Mônica, além dessas diferenças entre a fonte da água e a finalidade de reúso nestes casos, existem ainda distinções ligadas ao custo e a capacidade técnica do usuário final. “A USP é responsável pela coordenação desta etapa do projeto que vai avaliar esses casos de estudo da América Latina”, diz, lembrando que há um ponto importante relacionado ao tema: o preconceito. “Nem todos os usuários encaram a água de reúso com bons olhos”, destaca a professora.

Cirra

De acordo com a docente, a USP foi escolhida para liderar esta etapa do projeto por ser uma referência no setor, por meio do Centro Internacional de Referência em Reuso de Água (Cirra), coordenado pelo professor José Carlos Mierzwa, com a colaboração do professor Ivanildo Hespanhol. Já a professora Mônica é especialista em pesquisa envolvendo qualidade da água e gestão de recursos hídricos.

No caso do Cirra um dos projetos desenvolvidos envolve a reutilização da água da torneira das pias dos banheiros do Aeroporto Internacional de Guarulhos para a lavagem das pistas do aeroporto. Além de desenvolver vários outros projetos com a indústria, o Centro também é referência no conhecimento sobre membranas (filtros) usadas para filtrar a água a ser reutilizada.

Coroado

No Brasil, o foco do Projeto Coroado será a Região Metropolitana de São Paulo. “É o local com maior escassez de água do Brasil”, afirma a pesquisadora. No Chile, será a Bacia do Rio Copiapó. No México, a Bacia do Rio Bravo/Rio Grande. Na Argentina, o foco é a Bacia do Rio Suquía. O projeto tem duração de quatro anos e custo superior a 4,5 milhões de euros.

“No final do projeto, esperamos chegar a um conjunto de melhores práticas envolvendo o reúso de água adaptado aos diferentes contextos sociais e climáticos da América Latina”, destaca.

De acordo com a professora, o encontro que ocorre entre os dias 7 e 10 será uma oportunidade para organizar aquilo que deverá ser feito daqui para a frente. Também vai possibilitar a apresentação de projetos já desenvolvidos. Além do realizado no aeroporto de Guarulhos, há outros, como o da Prefeitura de São Paulo, que utiliza água de reúso fornecida pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) para lavagem de ruas. Representantes da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) também estarão presentes: indicativo do interesse do setor na utilização de reúso de água.

As universidades e centros de pesquisa que participam do projeto são: Agricultural University of Athens (Grécia), Stichting Dienst Landbouwkundig Onderzoek (Holanda), Agencia Estatal Consejo Superior de Investigaciones Cientificas (Espanha), Universidade do Porto (Portugal), National Technical University of Athens (Grécia), Pontificia Universidad Catolica de Chile, T.C. Geomatic Ltd (Chipre), Norwegian Institute for Agricultural and Environmental Research (Noruega), Fachhochschule Nordwestschweiz (Suíça), Tecnología de Calidad (México), National University of Córdoba (Argentina), Sistemas Especializados para Água (México).  O encontro acontece no Hotel Bourbon (Avenida Ibirapuera, 2927, São Paulo).

Mais informações: (11) 5081-5237 / 9185-9557 ; email erika@academica.jor.br, com Érika Coradin 

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