Técnica de fisioterapia pulmonar é eficaz em UTIs

Técnica manual melhora a remoção de secreções respiratórias, podendo diminuir o tempo de internação.

O trabalho do fisioterapeuta em unidades de terapia intensiva (UTIs) contribui para a recuperação dos pacientes, podendo diminuir o tempo de internação. Apesar da função desses profissionais já ser conhecida nas UTIs, a utilização de algumas técnicas ainda necessita de comprovação científica. Uma técnica manual utilizada para melhorar a remoção de secreções respiratórias foi alvo de pesquisa de especialistas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP. Eles avaliaram os procedimentos em 30 pacientes internados no Centro de Terapia Intensiva do Hospital das Clínicas da FMRP (HCRP).

Os resultados mostraram que as compressões manuais torácicas não apenas eliminam o excesso de secreção nas vias respiratórias dos doentes que ficam longos períodos acamados e sedados, mas contribuem para a melhora do que chamam de complacência estática, quando a entrada de ar nos pulmões fica mais fácil. O estudo foi conduzido pela professora Ada Gastaldi e sua aluna, a fisioterapeuta Elaine Cristina Gonçalves, da Fisioterapia, e pelo professor Anibal Basile Filho, da Terapia Intensiva, todos da FMRP.

Explica Basile Filho que pacientes com intubação traqueal e ventilação mecânica muitas vezes são sedados e ficam sem o reflexo de tosse. “Na ausência de mecanismos naturais de remoção das secreções, estas se acumulam”, o que pode desencadear infecção pulmonar, agravando o quadro clínico. Por isso, o professor afirma ser de “crucial importância que a secreção pulmonar seja removida em intervalos curtos de tempo”.

Como os fisioterapeutas já fazem parte do dia-a-dia desse ambiente hospitalar, Basile Filho acredita que agora esses profissionais devam assumir um papel cada vez mais relevante pois as manobras torácicas são menos invasivas e, comprovadamente, eficazes.

Tempo de internação

Para a professora Ada, o diferencial do estudo foi a comprovação da eficácia da manobra na complacência estática do sistema respiratório — medida que mostra o aumento da expansão do tórax no momento da respiração. O método, segunda ela, pode contribuir para diminuir as complicações pulmonares decorrentes do acúmulo de secreções e ainda diminuir o tempo de internação dos pacientes na UTI e no hospital.

Os 30 pacientes foram divididos em dois grupos; com pequena ou grande quantidade de secreção. Todos foram submetidos aos protocolos de controle e intervenção. As manobras foram realizadas pela fisioterapeuta Elaine Gonçalves que posicionou as mãos na parte anterior do tórax do paciente, sobre as costelas inferiores. A compressão, comenta a professora Ada, é realizada “na fase expiratória, acompanhando o movimento normal do tórax, como uma pressão adicional”.

Com as avaliações, os pesquisadores observaram que, nos dois grupos de pacientes, houve aumento da quantidade de secreção removida, apenas com uso da compressão manual torácica. “Este resultado não havia sido demonstrado em nenhum outro estudo utilizando a manobra de compressão manual torácica isoladamente”, afirma a professora.

O estudo acaba de ser publicado na revista Intensive Care Medicine e deve orientar os próximos passos da implantação da compressão manual torácica como técnica de tratamento para pacientes em UTIs. “Nós esperamos que os dados publicados no trabalho possam estimular médicos intensivistas e fisioterapeutas a empregar rotineiramente esta técnica nas UTIs”, diz Basile-Filho.

Esses resultados são parte da tese de doutorado Efeitos da compressão torácica em pacientes sob ventilação mecânica, apresentada por Elaine Gonçalves, com orientação da professora Ada Gastaldi, à FMRP em dezembro de 2015.

Crislaine Messias / Serviço de Comunicação da Prefeitura do Campus USP de Ribeirão Preto

Mais informações: email ada@fmrp.usp.br

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