Ex-alunos e professores financiam ida de estudantes de economia para competição internacional

Participantes de uma competição de solução de casos, uma equipe de alunos da USP já resolveu começou com um desafio dos grandes: conseguir financiamento, em tempos de crise, para viajar até a Holanda, onde acontece o evento.

Participante de uma competição de solução de casos, uma equipe de alunos da USP já começou com um desafio dos grandes: conseguir financiamento, em tempos de crise, para viajar até a Holanda, onde acontece o evento

Entre os dias 6 e 8 de abril, acontece em Amsterdã o Econometric Game, uma competição internacional que reúne alunos vindos de 30 universidades selecionadas. Pela segunda vez consecutiva, estudantes de pós-graduação da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP foram escolhidos como os únicos representantes da América Latina.

A viagem, que na edição anterior contou com o auxílio de empresas privadas, desta vez recorreu a um modelo alternativo de financiamento, o crowdfunding. Fruto de uma ideia da professora Paula Pereda, do Departamento de Economia da FEA, foi criada uma plataforma de financiamento coletivo. A EconFund, como foi nomeada, garantiu a participação dos alunos na competição, ao receber contribuições em especial de professores e ex-alunos da Faculdade.

“No ano passado foi a primeira vez que nós enviamos uma equipe para a competição, e na época conseguimos apoio de uma empresa que, nesta edição, optou por não ajudar”, revela a docente. Foi conversando com colegas e, em especial, ex-alunos, que Paula descobriu o interesse pelo financiamento coletivo. A vontade de ajudar era grande, e as contribuições individuais, no geral, pequenas, foram numerosas o suficiente para atingir a meta de 24 mil reais a tempo da viagem.

Site e vídeo promocional do EconFund e a equipe participante do Econometric Game: Solange Ledi Gonçalves, Bruno Kawaoka Komatsu, Juliana Tessari e Elias Cavalcante Filho - Foto: Divulgação
Site e vídeo promocional do EconFund e a equipe participante do Econometric Game: Solange Ledi Gonçalves, Bruno Kawaoka Komatsu, Juliana Tessari e Elias Cavalcante Filho | Foto: Divulgação

A construção do site contou com o apoio da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Lançada no começo de fevereiro, a plataforma também teve ajuda de funcionários e professores em tarefas específicas. “O nosso logo foi criado por um funcionário da FEA, o vídeo com os alunos que foram ano passado e que irão esse ano recebeu a ajuda de funcionários do laboratório”, enumera Paula, enfatizando que diversos professores do Departamento de Economia ajudaram na promoção do site e no treinamento dos alunos participantes.

Econometrics Game

A econometria, disciplina ministrada pela professora Paula, usa um conjunto de ferramentas estatísticas com o objetivo de entender a relação entre variáveis econômicas através da aplicação de um modelo matemático. O Econometrics Game é constituído por uma série de cases de estatística e econometria durante três dias de competição.

Antes das equipes serem convocadas existe um processo seletivo. “A seleção das universidades é feita com base em um ranking”, destaca ela. Após ser aprovada, é escolhida uma equipe que irá representá-la. Capitaneada pela doutoranda em economia, Solange Ledi Gonçalves, o time desse ano conta com a participação do também doutorando Bruno Kawaoka Komatsu, além dos mestrandos Elias Cavalcante Filho e Juliana Tessari.

Para solucionar o desafio proposto, os alunos precisam ter fluência em inglês, bons conhecimentos de programação e ser uma equipe com fortes bases em economia e econometria. O primeiro dia da competição é constituído por uma série de palestras. “A organização disponibiliza 20 a 30 papers que dão o tom do desafio do dia seguinte, quando é apresentado um problema. Então, os alunos tem até o fim tarde para produzir um artigo que o resolva”, esclarece a professora. 

Equipe brasileira no evento de 2015 - Foto: Divulgação
Equipe brasileira no evento de 2015 – Foto: Divulgação

Com a meta de chegar à final entre as equipes mais bem qualificadas, o time da FEA já comemora o sucesso em financiar sua ida à Amsterdã. “Foi impressionante a adesão dos professores de economia. Todos se entusiasmaram muito com a ideia”, comenta a docente. Para ela, desmistificar o estranhamento de ter ex-alunos como doadores era um de seus objetivos. Além disso, Paula afirma que “por conta de todos os procedimentos burocráticos da USP é muito difícil de conseguir uma doação”.

Memória afetiva

Entre as lições tiradas da iniciativa, a professora relembra que em outros projetos de crowdfunding na internet é comum que idealizadores ofereçam recompensas ou produtos para seus apoiadores, o que não foi o caso desta primeira campanha do EconFund. “Nós não oferecemos recompensa, mas a gente se apoiou na memória afetiva dos ex-alunos”, pontua ao afirmar que, no fundo, a recompensa para os apoiadores que um dia fizeram parte da Universidade é uma nova valorização de seus títulos, garantindo com seu apoio “a continuidade na excelência que a USP goza”.

Com baixo custo para desenvolvimento e um bom projeto inicial, o EconFund espera servir de exemplo para outras unidades da USP. “Basta alguém ter a iniciativa e executar”, conclui Paula, afirmando que mesmo no ambiente competitivo que é a universidade, é possível realizar grandes feitos em clima de cooperação.

Mais informações: site http://econfund.org.br

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