Pesquisa com participação do IFSC mostra relação entre proteína e crescimento de tumores

Os estudos com Glutaminase C, realizados com um laboratório do governo federal, poderão ajudar no combate a vários tipos de câncer.

Da Assessoria de Comunicação do IFSC

Pesquisa com a colaboração do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP demonstrou a participação da proteína Glutaminase C (GAC) no desenvolvimento de células tumorais associadas ao câncer. O trabalho dos pesquisadores André Ambrósio e Sandra Gomes Dias, do Laboratório Nacional de Biociências (LNBio), em Campinas, São Paulo, vinculado ao governo federal, poderá facilitar a produção de inibidores do crescimento de tumores. O estudo, que teve a participação do professor Richard Charles Garratt, do IFSC, é descrito em artigo divulgado na publicação Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), nos Estados Unidos.

A pesquisa segue uma linha que tem sido desenvolvida internacionalmente para encontrar inibidores capazes de combater células tumorais, baseados no “vício” dessas células por glicose e glutamina, sem prejudicar as células saudáveis. Os pesquisadores utilizaram-se de diversas técnicas para estudar proteínas consideradas “chave” no desencadeamento de câncer, e depararam-se com a Glutaminase C (GAC), que a comunidade científica considera um “combustível” essencial para manter a proliferação exagerada das células tumorais.

“As células tumorais consomem alta quantidade de glutamina, isso é fato. E grande parte dessa glutamina vem de fontes externas, por meio da alimentação, ou de proteínas que ficam armazenadas nos músculos do corpo, por exemplo”, conta Sandra. “Normalmente, o nível de glutamina no sangue já é alto, sendo importante para alimentação de células saudáveis. Ao mesmo tempo, servem de combustível para as células tumorais e, consequentemente, para o seu crescimento”.

A importância da glutaminase já era conhecida por alguns cientistas, mas os dois pesquisadores fizeram algumas descobertas importantes: primeiro, conseguiram encontrar um composto – o 968 – que inibe a ação da glutaminase. “Participamos de uma publicação, elaborada na Cornell University (Estados Unidos), onde realizamos o nosso pós-doutoramento, que falava sobre esse inibidor”, diz a pesquisadora.

Destaque

Mesmo assim, ainda era nebulosa a relação direta da glutaminase com tumores celulares. Foi quando André e Sandra separaram as três variantes da enzima e encontraram na GAC um “destaque” maior. “As outras duas variantes não se mostraram como ‘chave’ para o desencadeamento de tumores. A GAC seria a variante mais presente na mitocôndria, local da célula onde acontece o processamento da glutamina”, detalhou Sandra.

O paper, publicado no PNAS, finaliza apresentando a estrutura cristalográfica da GAC, algo que não se conhecia. E é justamente nesse ponto que mora o diferencial da publicação e, consequentemente, a qualidade dos estudos desenvolvidos pelos dois pesquisadores. “Essa informação é extremamente poderosa para a busca de inibidores da GAC, o que vários grupos de pesquisa já estão tentando encontrar”, conta Sandra. O estudo teve apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

O professor Garratt, do IFSC, aponta que o trabalho ganhou notoriedade, pois trouxe várias abordagens diferentes para um mesmo problema. “A PNAS aceitou essa publicação, pois qualquer estudioso da área sabe que a glutaminase é uma proteína ‘chave’ para o desencadeamento das células tumorais”, explica. Embora o estudo em questão se trate de uma pesquisa básica, é importante ressaltar que tal descoberta abre muitas portas. “Nossa descoberta aumenta as chances de encontrarmos mais e melhores inibidores para o controle, e até mesmo cura para alguns tipos de câncer”, afirma Sandra.

Uma vez descoberta a estrutura da GAC, tem início uma nova etapa de trabalho no projeto; o foco volta-se, agora, para o estudo do BPTES, outro inibidor atualmente em estudo no laboratório de Sandra e André. “Já temos a estrutura do inibidor em complexo com a proteína e estamos realizando outros estudos para entender o mecanismo de inibição dele”, finaliza Sandra.

Mais informações: (16) 3373-9770 

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