Projeto de extensão orienta diagnóstico e tratamento de câncer em animais

Projeto da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP, em Pirassununga, leva mais informação sobre câncer em animais pet.

Desde 2010, o professor Heidge Fukumasu, da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP, promove o Projeto Cãocer. O objetivo é levar informação à comunidade e colher dados sobre a incidência de câncer em animais de estimação da região de Pirassununga, onde está a FZEA.

Uma das ações do projeto é a realização de ciclos de palestras – o primeiro começou em outubro de 2010. Os encontros, mensais e gratuitos, são direcionadas aos alunos de graduação e pós-graduação dos cursos de veterinária e a profissionais da área. Costumam reunir em média 150 pessoas, o que Fukumasu vê com empolgação. “Muitos não são da USP, mas de cursos de veterinária de cidades da região, como Leme, Descalvado, Araras e Jaboticabal”, conta.

A palestra do mês de agosto será dia 18, às 19 horas. Para o encontro, virá a professora Maria Lucia Zaidan Dagli, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP – nas palavras de Fukumasu, “uma das pessoas mais experientes na área”. O título da palestra é “O uso da imuno-histoquímica para o diagnóstico, prognóstico e tratamento das neoplasias”. Imuno-histoquímica é uma técnica de detecção de antígenos através da reação com anticorpos. Veja mais informações no final do texto.

Assim como em humanos, quanto mais cedo se diagnostica o câncer em animais, maiores as chances de cura. A diferença é que nos mascotes a doença ainda é pouco estudada, ainda que o princípio do câncer seja semelhante. “Aliás, existe uma área da ciência dita Oncologia Comparada que tem como foco principal utilizar o conhecimento adquirido de cânceres espontâneos em animais pet no estudo da biologia do câncer [em geral] e seu tratamento”, acrescenta o professor.

Segundo dados da Associação Europeia de Oncologia Veterinária (Esvonc, na sigla em inglês), cerca de metade dos cães e gatos do velho mundo com mais de 10 anos morrem por câncer. O Brasil não tem dados sobre o assunto. É aí que entra a outra frente do Projeto Cãocer: o levantamento das causas de câncer em cães e gatos diagnosticados nos últimos cinco anos no Hospital Veterinário (Hovet) da USP em Pirassununga. No questionário, formulado conjuntamente por alunos e docentes, são colhidas informações como qual é o tipo de tumor, se houve tratamento, tempo de sobrevida do animal, entre outros.

Mitos e orientações

Os principais sintomas do câncer em cães e gatos são alterações na função intestinal/bexiga, machucados que não cicatrizam, sangramentos incomuns, espessamento de pele ou caroços, indigestão ou dificuldade para engolir e tosse ou rouquidão. Caso o animal apresente alguns destes sintomas, o professor Heidge Fukumasu orienta a procurar “sempre um médico veterinário e de preferência algum que tenha conhecimentos na área de oncologia veterinária”, e acrescenta: “devemos deixar claro que no Brasil ainda não há o oncologista veterinário (especialista  na área), pois as normativas para tal título estão em discussão”.

Fukumasu cita um dos erros mais frequentes cometidos pelos profissionais e donos de animais, que, segundo ele, é resultado da falta de mais estudos no Brasil sobre o tema: ao se suspeitar que o animal tem um tumor, esperar o crescimento para se ter certeza de que se trata de um câncer. “Hoje os veterinários têm como diagnosticar estes tumores e dependendo do caso até tratá-los”, argumenta Fukumasu.

A necessidade de eutanásia é outro mito, segundo o professor:

“[Há um pensamento comum de que] quando o animal tem câncer deve ser eutanasiado pois não hánada mais a fazer. Não é mais verdade”.

Mesmo quando a cura não é possível, vários tipos de câncer podem ser tratados de forma paliativa, aumentando a sobrevida do animal.

Ciclo de palestras do Projeto Cãocer

“O uso da imuno-histoquímica para o diagnóstico, prognóstico e tratamento das neoplasias”
Com a professora Maria Lucia Zaidan Dagli (FMVZ).

Dia 18, às 19 horas, no Anfiteatro do Campus de Pirassununga, que fica na Av. Duque de Caxias Norte, 225, Pirassununga.
Trazer um quilo de alimento não perecível. Inscrições gratuitas no site da FZEA.

Estão programados mais dois encontros em datas ainda a serem definidas. Em um deles, o professor Andrigo Barboza de Nardi (Unesp) abordará a quimioterapia antineoplásica veterinária. Na outra palestra, a professora Julia Maria Matera (FMVZ) abordará tema relacionado à cirurgia oncológica.

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