Estudo da FSP analisa eficiência da vacinação contra gripe

A pesquisa reitera a tese de que a vacinação em idosos não é efetiva na região Noderdeste, possivelmente pela época do ano em que é realizada.

Desde 1999, o serviço público de saúde tem promovido a vacinação anual de idosos contra a gripe no país. Entretanto, poucos estudos avaliaram a efetividade da intervenção focalizando especificamente sua contribuição para a redução da mortalidade atribuível aos surtos de gripe. Um estudo da FSP comparou a mortalidade por gripe e pneumonia de idosos (65 anos ou mais) antes e depois do início da vacinação nas regiões Nordeste e Sul do Brasil, e relacionou resultados, procurando referenciar hipóteses relativas às diferentes condições climáticas e condições socioeconômicas. Fruto da dissertação de mestrado da farmacêutica Janessa de Fátima Morgado de Oliveira, sob orientação do professor José Leopoldo Ferreira Antunes, a pesquisa Efetividade da vacinação contra gripe no contexto brasileiro: análise comparativa do programa nas regiões Nordeste e Sul, foi defendida dia 27 de agosto na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP.

A pesquisadora reforça a hipótese de que a vacinação contra gripe em idosos foi efetiva para a região Sul, mas não para a região Nordeste do Brasil. A inadequação entre o período do ano em que a vacinação é realizada e a variação sazonal da mortalidade por gripe e pneumonia na região Nordeste são apontadas como possíveis fatores que teriam contribuído para esse achado.

No trabalho, Janessa levantou dados oficiais de população e de mortalidade por gripe e pneumonia junto à Fundação IBGE e ao DATASUS. Foram estimados coeficientes semanais de mortalidade com ajuste por diferenças na distribuição por sexo e por idade. Para a identificação de surtos de gripe e a estimação da mortalidade especificamente atribuível a esses surtos, ela utilizou o modelo desenvolvido por Robert Serfling. As taxas estudadas são dos períodos de 1999-2009, em que a vacinação foi realizada, e de 1996-1998, quando não houve vacinação. Foram descritas e analisadas a magnitude das taxas em cada período, sua possível redução associada à vacinação e a ocorrência de variação sazonal. Em seguida, os indicadores resultantes da comparação entre os dois períodos foram comparados entre as regiões Nordeste e Sul.

A pesquisa detectou que durante o período de vacinação, a média anual do número de períodos com excesso de mortalidade foi reduzida em 32,8% na região Sul; em 4,5% na região Nordeste. Na região Sul, a duração média de tais períodos foi reduzida em 66,2% e a mortalidade por semana caiu 43,9%. Na região Nordeste; a duração média de tais períodos aumentou 22,2% e a mortalidade atribuível à influenza por semana aumentou 140,2%.

Mais informações: (11) 99828-2347, email janessa@usp.br

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