Especialista em mosquitos lança livro e alerta para proliferação no verão

Sirlei Antunes Morais explica como a população pode se prevenir dos transtornos causados pelos mosquitos.

O verão é ótimo para curtir férias na praia, no campo ou até na cidade. No entanto, é preciso tomar cuidado com uma turma que também gosta dessa época do ano: os mosquitos.

Altas temperaturas, chuvas intercaladas e o precário saneamento básico em algumas regiões das cidades propiciam uma maior proliferação e desenvolvimento de diversas espécies que podem ser vetores de doenças para os humanos. Segundo a pesquisadora da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, Sirlei Antunes Morais, esses fatores “aceleram o ciclo biólogico do Culex quinquefasciatus, o pernilongo, provocando um ‘boom’ da população.

Com o mestrado e doutorado realizados na FSP, Sirlei agora está atuando como pesquisadora visitante no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), em Manaus e está lançando um livro intitulado Culex quinquefasciatus O MOSQUITO tropical das áreas urbanas e rurais, juntamente com o professor aposentado da FSP, Delsio Natal. A obra será publicada no formato e-book e impresso e trata dos mais variados aspectos da ecologia, biologia, identificação, genética, importância em saúde pública e controle ambiental e químico do mosquito. Além desses temas, o livro contém análises e resultados das pesquisas feitas durante o mestrado sobre a população de Culex do rio Pinheiros.

Em meados de 2013, Sirlei parte para o pós-doutorado em Ohio nos Estados Unidos. Especialista em vetores em saúde pública e no pernilongo, agora ela irá se concentrar no tema ‘Genoma mitocondrial completo do Culex quinquefasciatus neotropical, incluindo membros do complexo Culex pipiens da Argentina e América do Norte’. O projeto foi aprovado pelo CNPq por meio do programa Ciência sem Fronteiras.

Com esta bagagem e novas informações levantadas durante as pesquisas, a cientista alerta para os problemas que os mosquitos podem causar e dá dicas para diminuir tais ações nocivas.

Riscos e Doenças

Mais do que incomodar, coçar e zumbir nos ouvidos, os mosquitos podem trazer perigos às pessoas. Em primeiro lugar, “a picada pode desencadear processos alérgicos, dependendo do sistema imune da pessoa”, explica a pesquisadora.

Além dos processos alérgicos, muitos destes insetos são vetores em ciclos de doenças mais graves, como o já conhecido Aedes aegypti, portador do vírus da dengue. Em áreas mais periféricas ou rurais, algumas espécies podem transmitir arbovírus e leishmanias, sem contar o Anopheles, portador de plasmódios da malária.

Segundo Sirlei, o pernilongo costuma atacar à noite, enquanto o Aedes ataca durante o dia, o que pode facilitar na sua identificação. “Em áreas urbanizadas os mosquitos que picam durante o dia podem ser apontados como o Aedes aegypti. À noite pode ser o Culex, que transmite a filariose em algumas áreas do Nordeste onde há a presença do agente”, resume.

Prevenção

Mesmo com todo esse perigo, a população pode e deve se defender das doenças. A primeira medida, como já é de conhecimento da maioria, é não deixar água parada em vasos de plantas, pneus, garrafas e tudo que possa ser um procriador de larvas de mosquitos. Manter os quintais limpos e não jogar lixo a céu aberto são outras medida essenciais.

Dentro de casa, o uso de repelentes elétricos e telas finas nas janelas são indicados. Saneamento básico também é de extrema importância, preocupação esta dividida com o poder público do município, que também deve cuidar da limpeza e coleta de lixo da região.

De acordo com a pesquisadora, “as pragas de modo geral proliferam em ambientes degradados, em áreas desmatadas e cidades sem infraestrutura e destino adequado de resíduos sólidos e líquidos tanto domésticos como industriais”.

Ainda segundo as pesquisas de Sirlei, “as formas adultas do pernilongo sobrevivem em média três meses, se dispersando num raio de 2,5 km a procura de abrigo e alimento. Devido a isso, mesmo que haja ações de controle químico e ambiental nos criadouros, a comunidade circunvizinha sofre com o problema da infestação enquanto perdurarem as condições favoráveis”, sendo de extrema importância o cuidado não só com o interior da residência, mas com todo o seu perímetro.

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