Transferência interna é alternativa para quem repensa escolha do curso

Saiba mais sobre o procedimento, que é opção para aluno USP que pretende mudar de curso.

Estudar bastante, fazer a prova, ver seu nome na lista de aprovados, começar o curso, se formar. Essa trajetória nem sempre é linear para todos. As várias opções de carreira e a pressão de ter que decidir às vezes resultam em escolhas equivocadas. Conforme o tempo e as aulas vão passando, muitos estudantes começam a questionar se aquela opção de curso era mesmo a melhor.

Para aqueles já aprovados no vestibular Fuvest que ingressaram na USP, e que estão passando pelo mesmo problema, a Universidade oferece uma alternativa que não envolve enfrentar o vestibular novamente: é a transferência interna. O artigo 77 do Regimento Geral da Universidade prevê a transferência de um curso da USP para outro, a chamada interna, e o artigo 78 determina que cabe às Unidades estabelecer os critérios de seleção, bem como se haverá necessidade de uma prova para aprovação.

A oportunidade foi aproveitada por Rodrigo Galvão, 20 anos, que começou o curso de Gestão de Políticas Públicas na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, mas não se adaptou ao seu formato. “O curso possui matérias muito interessantes, mas existe um ciclo básico, composto por matérias que todos os cursos fazem. No primeiro ano, eram três dias dedicados ao ciclo básico e dois dias dedicados à matérias específicas, o que não era muito animador.” Ele prestou transferência para a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) e em 2013 começa um curso que considera mais adequado ao seu perfil: História.

Normas diferentes

Como a responsabilidade pelo processo de transferência interna é de cada Unidade, as exigências mudam bastante de uma para outra. Todos os processos, porém, estão condicionados à existência de vagas, que podem surgir devido ao cancelamento de matrículas ou jubilamento de alunos, por exemplo. Portanto, não se pode afirmar que todas unidades abrirão vagas todos os anos.

A Comissão de Graduação da Escola de Artes, Ciência e Humanidades (EACH), por exemplo, decidiu não oferecer vagas para o ano letivo de 2013, mesmo tendo aberto o processo nos anos anteriores.Uma vez identificada a existência de vagas, as Unidades liberam os editais que contêm todas as informações para os interessados: data e documentos necessários para inscrição, critérios de seleção, data de divulgação dos resultados e dados para matrícula dos aprovados.

A data de liberação dos editais e das inscrições também não são unificadas. A FFLCH lançou o edital para ingresso no primeiro semestre de 2013 em agosto de 2012, já a Escola de Comunicações e Artes (ECA), lançou edital para ingresso no mesmo período em dezembro de 2012. O aluno USP que está interessado em se transferir deve, portanto, ficar sempre atento às informações divulgadas pelas Comissões de Graduações da respectiva Unidade.

As exigências sobre as inscrições também merecem atenção. Algumas Unidades, como a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) e a FFLCH, entre outras, não impõem restrições a quem pode se inscrever, desde que o aluno esteja regularmente matriculado nos cursos de graduação da Universidade. Outras Unidades, porém, como a Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) e a Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA), abrem o processo apenas para estudantes de determinadas áreas ou cursos, conforme define cada edital.

Para os alunos que não se enquadram nas exigências dos editais, existe a opção de tentar transferência externa. Rubens dos Santos, 22 anos, foi um deles e se transferiu do curso de Ciências Sociais da FFLCH para o curso de Economia na FEA, em 2011.
A transferência externa conta com duas fases: uma prova elaborada pela Fuvest e um segundo exame elaborado pelas Unidades. Informações importantes sobre transferência externa também são divulgadas no site da Fuvest em editais, e podem ser diferentes de uma Unidade para outra.

Os critérios de seleção para aprovação em transferência interna de quase todas as Unidades envolvem análise do histórico escolar, levando em conta média ponderada, com e sem reprovações, e quantidade de créditos obtidos, entre outros. Algumas Unidades ainda realizam provas, cujas bibliografias são divulgadas nos editais, e entrevistas pessoais. O Instituto de Relações Internacioanais (IRI) e a Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEARP) levam em consideração, ainda, o resultado obtido pelo candidato na prova da Fuvest como requisito mínimo para se candidatar a uma vaga. O IRI também usa a nota da Fuvest na composição da nota final do candidato.

Os aprovados nos processos devem efetuar matrículas nas Unidades, na maioria das vezes pessoalmente. Para não ser desclassificado é importante prestar atenção nas datas e nos documentos necessários, previstos nos editais.

Transferência não é vestibular

Prestar transferência interna é uma possibilidade para quem está descontente com o curso e não precisa passar novamente pela pressão do vestibular. Rodrigo Galvão, 20 anos, ex-estudante do curso de Gestão de Políticas Públicas, que passou na seleção de transferência da FFLCH e vai começar o curso de História em 2013, conta que a prova é bem diferente do vestibular: “Foi uma prova bem específica, uma dissertação sobre os conceitos de historiografia, a história da História e como ela é escrita. É diferente do vestibular, em que são cobradas várias matérias. Não havia questões de múltipla escolha, nem segunda fase”, relata.

 

Experiência

Começar uma segunda graduação é ao mesmo tempo um desafio e um alívio. Assumir estar descontente com o curso pode ser um pouco assustador no começo, afinal significa questionar uma escolha própria. Mas o resultado é positivo. Para Rodrigo, a experiência na Universidade já obtida no primeiro ano do curso anterior impede que os transferidos comecem o novo curso com a mesma ingenuidade de quando passaram no vestibular. E isso é uma vantagem. Rubens complementa: “quando entendi que podia mudar o meu caminho para algo mais parecido comigo, fiquei bem mais tranquilo. Por mais difícil que tenha parecido no começo, posso dizer que estou satisfeito com o novo curso”, diz.

Atualização: o texto foi editado às 14h45. O aluno Rubens dos Santos prestou transferência externa, e não interna como anteriormente mencionado.

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