Estação da Esalq proporciona vivência a futuros engenheiros florestais

Estudantes da Esalq têm oportunidade de entrar em contato com dia a dia de Engenheiro Florestal em Estágio de Férias da Unidade.

Lucas Jacinto / Assessoria de Comunicação da Esalq

Eram pouco mais de 6 horas do dia 15 de julho quando o ônibus da USP em Piracicaba, repleto de estudantes, acabara de deixar as dependências do Campus Luiz de Queiroz. O grupo partia para ficar longe de casa e da família por mais uma semana. Com pouco mais de duas horas de viagem, o ônibus já chegara ao seu destino:  O Estágio de Férias da Estação Experimental do Departamento de Ciências Florestais (LCF), em Itatinga, localizada a 164 km de Piracicaba.

Para oferecer aos alunos do curso de Engenharia Florestal a oportunidade de estar em campo, executando atividades práticas e conhecendo de perto o dia a dia do engenheiro florestal, o LCF promove, duas vezes ao ano, o Estágio de Férias. A atividade de extensão é direcionada aos alunos do primeiro ano de graduação, em julho e em janeiro.

Em execução desde 2000, o projeto é atualmente coordenado pelos professores João Luís Ferreira Batista, Luciana Duque Silva e Fernando Seixas, do LCF, com o apoio técnico de Rildo Moreira e Moreira. Professor da disciplina Introdução à Engenharia Florestal, Fernando Seixas seleciona os alunos inscritos a partir do desempenho acadêmico – são 12 vagas em cada edição. “Como sou responsável pela disciplina de introdução, observei que o aluno estava iniciando o curso, muitas vezes, sem saber com convicção o que era engenharia florestal. Este aluno precisava ter um contato mais prático”, afirmou Seixas.

Durante as três semanas do estágio, os alunos são divididos em três grupos que executam, rotativamente, atividades em três áreas da engenharia florestal que a estação comporta em suas dependências. São realizados trabalhos práticos em silvicultura, inventário florestal e viveiro de mudas.

No viveiro de mudas, os estudantes participam desde os processos mais simples, como lavagem de bandejas de aplicação de terra, até a irrigação de mudas e plantio. Laís Verdi Angelocci, participante do estágio de férias, conta sobre o trabalho em conjunto na estação. “Faz diferença concluir o curso de Engenharia Florestal com passagem pela Estação Experimental. Estaremos, com certeza, mais preparados para escolher até mesmo em que área atuar quando nos formarmos”, completa.

 Com a ajuda de aparelhos e por meio de métodos matemáticos, a atividade prática de  inventário florestal também acontece em campo. Nesta área, o engenheiro é responsável  por quantificar a produção de árvores por hectare de uma propriedade, mensurando além  da quantidade, a altura e largura das plantas. O professor João Luís Ferreira Batista é quem  coordena e orienta os estagiários nesta atividade. “Nós não temos tempo hábil para realizar  uma aula prática como essa. Acredito que a atividade prática em campo é muito mais  produtiva e valiosa do que a eventual exposição que fazemos em sala de aula.”

Na área da silvicultura, os estagiários executam o plantio, adubação e irrigação do campo.  Fazem, também, amostragem de solo, coleta de serrapilheira, coleta pluviométrica, poda,  desrama e combate às formigas. Durante esta etapa, recebem auxílio dos pós-graduandos que usam o espaço da estação para realizar seus estudos.

A professora Luciana conta que, desde 2010, há um fator que têm colaborado muito com as atividades realizadas pelos alunos. “Os monitores garantem que os estagiários atinjam os objetivos do projeto de forma ainda mais satisfatória”, diz. Segundo a docente, os monitores são alunos ou pós-graduandos com perfil comunicativo e com habilidades nas áreas desenvolvidas dentro da estação. Na maioria dos casos, eles se candidatam voluntariamente por também já terem participado do Estágio de Férias. “A presença dos monitores cria um círculo de informações junto dos alunos durante as atividades, que garante a troca de experiências para ambos. Os monitores se sentem mais seguros de seu conhecimento por estarem ensinando e acabam notando seu próprio potencial”, conta. Luciana diz ainda que, os alunos, ainda no começo do curso, acabam tendo o primeiro contato com os trabalhos de iniciação científica e pós-graduação.

Moreira e Moreira conta que muito foi pensado para que o Estágio de Férias chegasse ao padrão de didática que possui atualmente. “Hoje estamos bem mais perto do nosso objetivo. Nós já trabalhávamos aqui e vários professores concordavam que a vivência prática poderia contribuir na aprendizagem do aluno”, lembra o engenheiro. Luciana Duque Silva, afirma que por meio do estágio de férias os professores se aproximam dos alunos e, desta forma, descobrem as dificuldades da maioria e o que pode ser feito para melhorar os métodos de ensino em sala, em campo e também durante as atividades de estágios.

Segundo Fernando Seixas, o estágio tem reconhecimento no meio profissional e acadêmico, por proporcionar experiência única em campo para alunos que ainda estão no início do curso. “As empresas querem alunos que tenham experiência, pois querem resultado. O estágio de férias é o primeiro passo para eles ingressarem neste mercado, pois dentro do estágio eles têm contato direto com a atividade, e de forma didática”, conclui.

Ciência a céu aberto

Uma das pesquisas realizadas na estação, que recebe o apoio dos estagiários, é a de Alexandre de Vicente Ferraz, doutorando em Recursos Florestais. Seu trabalho consiste em avaliar o efeito residual da aplicação de lodo no solo, em plantio de eucalipto. Segundo Ferraz, desde 1998, quando o lodo foi aplicado pela primeira vez no solo da estação, uma série de estudos têm sido realizados para identificar os pontos positivos e negativos que esta alternativa de adubação pode causar.

Os resultados em relação ao aumento de nutrientes no solo, por exemplo, são visíveis. As árvores plantadas em solo com aplicação de lodo estão duas vezes maiores do que as plantadas em solo comum. No entanto, a preocupação do pesquisador é relacionada com os metais pesados que esse lodo, oriundo de estações de tratamento de esgoto, de regiões metropolitanas, possa ter passado para o solo. “Se um pequeno produtor aplicar o lodo e quiser mudar seu cultivo de eucalipto para tomate, a presença de metais pesados no alimento seria preocupante. A pesquisa tem como objetivo provar que não existe esse problema, por conta da ciclagem de nutrientes realizada pela própria floresta. Até o fim do ano este trabalho será concluído e, até então os resultados têm sido otimistas”, completa.

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