Instituto de Física de São Carlos testa terapia fotodinâmica contra mosquito da dengue

Técnica utilizada obteve alto índice de mortalidade das larvas e deve fomentar a produção de um composto capaz de eliminar o mosquito da dengue.

Da Assessoria de Comunicação do IFSC

Pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP, em parceria com o Departamento de Hidráulica (também da USP) e com o Departamento de Hidrobiologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), têm utilizado a terapia fotodinâmica para eliminar o Aedes aegypti, o mosquito da dengue. O projeto é de Larissa Marila de Souza, mestranda em biotecnologia da UFSCar, sob orientação dos pesquisadores Natália Mayumi Inada e Vanderlei Salvador Bagnato, ambos do Grupo de Óptica (GO) do IFSC.

Em um de seus experimentos, Larissa mergulhou larvas de diferentes estágios do mosquito da dengue em uma solução na qual se encontrava dissolvida uma droga fotossensibilizadora (Photogem®). Depois disso, expôs a solução com as larvas a diferentes fontes de luz (solar, lâmpadas fluorescentes e LEDs). Foi quando verificou que a mortalidade das larvas foi bastante significativa: acima de 90% quando expostas à luz solar e a lâmpadas fluorescentes e entre 70% e 80% quando expostas aos LEDs.

A terapia fotodinâmica é resultado da interação do fotossensiblizador com a luz e com o oxigênio, e é uma técnica constantemente utilizada pelo Grupo de Óptica no tratamento de lesões malignas e no controle microbiológico, e agora também no controle das larvas do Aedes aegypti. “Estamos, paralelamente, testando outras substâncias químicas fotossensibilizadoras: a clorina, que mata fungos e bactérias com uma eficiência quântica muito grande, e a curcumina produzida a partir das raízes do açafrão”, explica Natália.

Mais testes

Mas, os bons resultados não param por aí: além dos testes com larvas, Larissa realizou experimentos com os mosquitos adultos da dengue. Ela dissolveu o Photogem® em sangue de carneiro e açúcar e alimentou fêmeas e machos do Aedes aegypti criados em laboratório. “Os mosquitos são atraídos pela temperatura, então aqueci o sangue, mas não adiantou. Então, adicionei o açúcar e deu certo”, conta a mestranda.

Por meio de microscopia óptica confocal de fluorescência, Larissa pôde observar a presença do Photogem® no trato digestório e glândulas salivares das larvas. Além disso, os ovos resultantes do acasalamento dos mosquitos com Photogem® no organismo não eclodiram. “Ainda precisamos fazer mais experimentos para saber, com certeza, se a não eclosão dos ovos está relacionada à presença do fotossensibilizador no organismo dos vetores”, ressalta a pesquisadora.

O principal objetivo da pesquisa em questão é a produção de um composto capaz de eliminar o mosquito da dengue, mas estudos de impacto ambiental também serão realizados simultaneamente, já que os larvicidas utilizados atualmente para o extermínio do Aedes aegypti contaminam o ambiente. “Uma das grandes preocupações desse projeto é conseguir, além da morte de larvas e mosquitos causadores da dengue, oferecer uma nova terapia que seja ecologicamente correta, ou seja, que a água ou solo, nos quais será dissolvida a substância química, não sejam contaminados”, explica Natália.

O trabalho, mesmo em seu início, já oferece resultados animadores. Inclusive, quando apresentado no 14º World Congress of the International Photodynamic Association, foi premiado como o melhor poster do congresso. Com isso, muito em breve, um novo método será encontrado para o extermínio da dengue. Os pesquisadores envolvidos na pesquisa são: Suzana Trivinho Strixino (UFSCar), Cristina Kurachi (IFSC/USP), Juliano José Corbi (EESC/USP), Vanderlei Salvador Bagnato (IFSC/USP), Natália Mayumi Inada (IFSC/USP), Sebastião Pratavieira (IFSC/USP) e Francisco Guimarães (IFSC/USP).

Mais informações: email comunicifsc@ifsc.usp.br

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