Atenção farmacêutica norteia atividades da nova Farmácia Universitária

Além do segmento farmacoterapêutico com acompanhamento do paciente, FarmUSP vai dispor de centro integrado de informações e Espaço do Idoso.
Foto: Marcos Santos / USP Imagens
Foto: Marcos Santos / USP Imagens

Com a proposta de acompanhar o paciente em seu desenvolvimento terapêutico, a nova Farmácia Universitária da USP, a FarmUSP, se lança como inovadora no modelo farmácia-escola. A partir das diretrizes do Conselho Federal de Farmácia (CFF), a Universidade optou por adequar-se às necessidades sociais e educacionais, desenvolvendo na nova FarmUSP o trabalho de seguimento farmacoterapêutico, com um centro integrado de informações, e estabelecendo a relação da prática com as disciplinas curriculares. Busca-se, assim, formar um aluno que poderá atender aos requisitos de mercado e também às demandas sociais, praticando a atenção farmacêutica.

Mais do que isso, a unidade, além do ensino, dará conta dos outros dois pilares da Universidade: a pesquisa e a extensão. Estruturada de modo a estabelecer parceria com a Secretaria de Saúde do Estado, com o Hospital Universitário (HU) da USP e com o projeto Região Oeste, da Faculdade de Medicina (FMUSP), os pacientes serão selecionados segundo critérios específicos, a partir de cada estudo em questão.

Por fim, como atividade voltada à sociedade – ainda dentro do conceito de farmácia-escola – a unidade realizará o acompanhamento farmacêutico. Nele, uma equipe de diversos profissionais – médicos, enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas – estará à disposição segundo as necessidades do paciente. Para a farmacêutica responsável, Maria Aparecida Nicoletti, o monitoramento ultrapassa os aspectos científicos mais objetivos, sendo um atendimento diferenciado para uma população que é extremamente carente. “Carente de tudo: de atenção, de delicadeza, de esperança de vida. Um atendimento que pode ser diferente”, descreve.

Espaço do Idoso

Apesar de ser voltado para todas as faixas etárias, a depender dos casos estudados, o acompanhamento realizado na farmácia terá como realidade a presença frequente de idosos. Isso se dá pelo fato de que o seguimento farmacoterapêutico da FarmUSP é direcionado para doenças crônicas e, normalmente, o portador dessas doenças é o indivíduo com idade avançada.

A questão não é simplesmente tratar o idoso como paciente, mas como indivíduo.

Pensando justamente nesta presença cotidiana, foi construído na área externa da FarmUSP o Espaço do Idoso, com aparelhos para atividade física e motora e bancos para descanso. Maria Aparecida explica que a questão “não é simplesmente tratar o idoso como paciente, mas como indivíduo”, levando em consideração suas necessidades e dificuldades. “Então, enquanto ele vier aqui, que seja esse um momento em que ele possa sentar lá fora e pensar na vida. Que ele possa ouvir passarinho, que ele possa ver o verde, ler o jornal. E, se ele quiser um monitoramento com relação a alguma das atividades, estaremos abertos a ele”, esclarece.

Foto: Marcos Santos / USP Imagens
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Para ilustrar essa condição, a farmacêutica expôs a necessidade da equipe de urologia do HU de conseguir informações acerca do desfecho terapêutico de pacientes com câncer de próstata.

O câncer de próstata, mais frequente em idosos, pode implicar em uma administração conjunta de medicamentos. Um idoso que porventura seja hipertenso e diabético fará, necessariamente, uso de um arsenal terapêutico que, a partir de então, será associado à administração do fármaco oncológico. Essas drogas serão fornecidas pela Secretaria da Saúde, porém retiradas na FarmUSP, onde, por sua vez, o usuário será atendido conforme o conceito de farmácia integrada. O paciente passará por monitoramento, permitindo aos profissionais observar o que está acontecendo, intervir, chamar a equipe de saúde para que seja estudado o caso e observar em que pode ser melhorada a resposta para o restabelecimento da saúde ou, pelo menos, para a manutenção da qualidade de vida.

Antes, durante e depois

O intuito é que o modelo proposto possa ser multiplicado, sendo adotado nas unidades básicas de saúde o seguimento farmacoterapêutico. Para Maria Aparecida, é justamente disso que o Brasil precisa na área. “Não é apenas da entrega do medicamento, do acesso. É preciso saber por que o paciente está usando fármaco, controlar esse uso para não haver auto-medicação e observar o que está acontecendo com a utilização da droga”, sintetiza.

É preciso saber por que o paciente está usando fármaco, controlar esse uso para não haver auto-medicação e observar o que está acontecendo com a utilização da droga.

Esta avaliação também é importante no caso da utilização de fármacos obtidos por demanda judicial, que não são comercializados no país, tampouco possuem registros nacionais, sendo pouco conhecidos. Nesses casos, torna-se ainda mais fundamental acompanhar a evolução do paciente.

Foto: Marcos Santos / USP Imagens
Foto: Marcos Santos / USP Imagens

Maria Aparecida reitera a necessidade de se rever a interação do farmacêutico com o cuidado da saúde e com o indivíduo. No momento em que o paciente vai à farmácia, tem medida a sua pressão arterial e a sua glicose, tem ouvidas as suas queixas e impressões, recebe a devida atenção à sua condição de saúde, pode-se dizer que ele está sendo cuidado. “E é isso o que a gente quer”, conclui a farmacêutica.

Serviço

A FarmUSP ainda está em processo de implantação. Coerente com o conceito de farmácia-escola, atenderá somente os pacientes encaminhados pelas instituições parceiras, para que tenha condições de realizar o acompanhamento personalizado.

Apenas estes pacientes serão beneficiários dos medicamentos, que serão enviados à farmácia pelos órgãos responsáveis pela disposição das drogas à população, como postos de saúde.

O diferencial é que os pacientes da rede pública têm de buscar seus remédios – quando utilizam mais de um – em locais diversos, enquanto que o beneficiado com o atendimento na FarmUSP já receberá o seu kit com todos os medicamentos – encaminhados pelas unidades para a farmácia.

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