Na posse, Zago anuncia compromisso de “repactuar as relações na USP”

Para o novo reitor da USP, Marco Antonio Zago, a tarefa mais urgente da administração recém-empossada é a reconstrução das relações entre estudantes e professores, em todas as suas dimensões.

Paulo Hebmüller/Jornal da USP

Foto: Francisco Emolo / Jornal da USP
Foto: Francisco Emolo / Jornal da USP

Para o novo reitor da USP, Marco Antonio Zago, a tarefa mais urgente da administração recém-empossada é a reconstrução das relações entre estudantes e professores, em todas as suas dimensões. “Essa será a base da mudança que ocorrerá na USP”, disse Zago na cerimônia de posse. “Não podemos esquecer, nunca, que somos, acima de tudo, educadores, e seremos julgados pelo êxito que alcançarmos nessa missão.”

O tom do discurso do novo reitor, assim como o dos demais oradores na cerimônia, ocorrida no sábado 25 no auditório Ulysses Guimarães, no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, foi de celebração pelos 80 anos da USP e 460 anos da capital, comemorados na mesma data – mas, ao mesmo tempo, de reconhecimento dos imensos desafios e problemas que a gestão tem pela frente.

“Há que reconhecer que a USP encontra-se hoje sob fortes pressões originadas de fora e de dentro dela”, disse Zago, que citou entre esses problemas “um desequilíbrio financeiro que pode pôr em risco nossa autonomia”. “Mas a mais grave das ameaças é a corrosão do tecido mesmo da Universidade, tanto por movimentos de protesto que se têm transformado em agressões ao patrimônio e às pessoas, como pela intolerância ao diálogo, que ameaça transformar a Universidade em um túmulo de ideias”, afirmou.

A gestão comedida de recursos financeiros restritos e, acima de tudo, a revisão da governança da USP estão entre as formas de responder a esses desafios. “Por isso assumimos o compromisso de repactuar as relações no âmbito da Universidade, de forma a aumentar a agregação interna, trazendo o diálogo, e não mais o confronto, para o centro da vida universitária, numa forma de democratização que avance muito além do simples mecanismo de escolha do reitor”, disse.

Balanço dos 80 anos

Foto: Cecília Bastos / Jornal da USP
Foto: Cecília Bastos / Jornal da USP

A transmissão do cargo foi feita pelo vice-reitor da gestão de João Grandino Rodas (2010-2014), Hélio Nogueira da Cruz, então no exercício da função de reitor. Rodas não compareceu à cerimônia. No discurso, Marco Antonio Zago fez questão de ressaltar que se sentia honrado por ter recebido o cargo de Cruz. “Tenho certeza de que externo uma opinião unânime de toda a nossa Universidade ao agradecê-lo pela sua dedicação e pelo seu papel, em especial num momento bastante delicado da nossa transição”, salientou o novo reitor. A leitura do Termo de Posse de Zago e do vice-reitor Vahan Agopyan foi feita pelo secretário-geral da USP na gestão 2010-2014, Rubens Beçak.

O professor Sergio Adorno, diretor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), falando em nome do Conselho Universitário (Co), mencionou o desafio da fundação de “novas bases para o relacionamento entre os três corpos universitários – docentes, discentes e funcionários”. Adorno expressou o desejo de que a gestão combine de modo harmônico e equilibrado “prudência e ousadia; respeito à tradição, porém com enfrentamento das resistências às mudanças; escuta das vozes dissonantes e busca de consensos possíveis, transitórios que sejam, em todos os campos de intervenção”.

Na cerimônia também foi assinada a portaria que criou a Comissão Coordenadora das Comemorações dos 80 anos da USP, presidida pelo ex-reitor José Goldemberg (1986-1990). Goldemberg salientou que a posse do dirigente máximo da USP só coincide com um decênio de aniversário da Universidade a cada vinte anos – a próxima vez será em 2034, quando a USP completará seu centenário.

Fazendo um balanço dos 80 anos de existência e das expectativas de seus fundadores, o ex-reitor afirmou que a USP “é um sucesso” no que se refere “ao ensino e à promoção da pesquisa”, tendo formado mais de 300 mil graduados e cerca de 45 mil doutores. Porém, ainda é possível melhorar e estimular a excelência em todas as áreas, continuou. “A USP não conseguiu melhorar suficientemente o ensino secundário, como desejavam Fernando de Azevedo, Julio de Mesquita Filho e muitos outros que lutaram pela sua criação. Esse é mais um problema do ensino médio em geral, e não da USP, e que ela não pode resolver sozinha, mas certamente poderia ajudar mais do que tem feito”, enfatizou.

“Todos pela USP”

Foto: Cecília Bastos / Jornal da USP
Foto: Cecília Bastos / Jornal da USP

A cerimônia foi encerrada com o discurso do governador Geraldo Alckmin, que citou o aniversário da capital e o da Universidade para dizer que a cidade de São Paulo foi fundada em 25 de janeiro de 1554 e num certo sentido refundada pela USP 380 anos depois.
“Universidades historicamente sempre foram uma trincheira das liberdades civis e da liberdade de pensamento, como a USP mostrou ser no período autoritário não muito distante”, disse o governador.

“Com satisfação constatei durante reunião que mantive com o magnífico reitor o propósito de construir um ambiente de profunda convergência de pontos de vista relativamente às expectativas do governo do Estado de São Paulo e da Universidade no atendimento aos legítimos interesses da nossa população”, ressaltou. Alckmin encerrou o seu discurso repetindo a conclamação feita anteriormente por Zago, e que foi o mote da campanha de sua chapa pela Reitoria com Agopyan: “Somos todos pela USP”.

A fila de cumprimentos a Zago e Agopyan estendeu-se por mais de duas horas depois da cerimônia. Também participaram do ato, que lotou o auditório, autoridades como os ministros da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, e da Saúde, Alexandre Padilha, o prefeito Fernando Haddad – professor da FFLCH –, o presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Celso Lafer – Professor Emérito da Faculdade de Direito da USP –, e o presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Glaucius Oliva – professor do Instituo de Física de São Carlos (IFSC) da USP, entre outros.

A cobertura completa da posse estará na próxima edição do Jornal da USP, que circula a partir do dia 3 de fevereiro.

Assista, abaixo, ao vídeo produzido pela IPTV USP:

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