Grupo de turismo e desenvolvimento social inicia trabalho no Vale do Paraíba

Parte de um projeto de reestruturação do Cetes, da ECA, o Centro terá o apoio direto de os professores da unidade em um trabalho de parceria com a Associação das Prefeituras das Cidades Estância do Estado de São Paulo (Aprecesp).

Responsável por uma parcela considerável do PIB brasileiro, o Vale do Paraíba tem sua influência não somente na indústria e agropecuária. O Centro de Estudos de Turismo e Desenvolvimento Social (Cetes) da USP inicia em 2014 um trabalho direcionado à região serrana do Vale, onde é o turismo que se destaca e movimenta a economia.

Parte de um projeto de reestruturação do grupo que já existia na Escola de Comunicações e Artes (ECA), o Centro terá o apoio direto dos professores da unidade. Eles elaboraram uma proposta de trabalho em parceria com a Associação das Prefeituras das Cidades Estância do Estado de São Paulo (Aprecesp). “Foi um interesse mútuo entre a Universidade e a Associação”, conta Débora Braga, professora da ECA e membro do Cetes. “Isso porque nós já desenvolvemos um trabalho com estes municípios durante a graduação”. A disciplina do curso de turismo se dedica à investigação das regiões, produção de inventário dos atrativos turísticos e a qualificação da demanda nas áreas. É a partir dos resultados apreendidos em aula que, segundo a professora, é possível analisar a situação atual dos municípios e suas perspectivas, além de viabilizar a implantação de novos projetos ou melhoria do turismo local.

Foto: Pedro Bolle / USP Imagens Vale do Paraíba / SP
Foto: Pedro Bolle / USP Imagens
Região serrana do Vale do Paraíba é polo de turismo em SP

“A Aprecesp apresentou uma contra-proposta para trabalharmos com a região do Vale do Paraíba”, conta a pesquisadora, explicando que os esforços serão dedicados às áreas da serra, como Bananal e Cunha, já que é muito difícil cobrir toda a região do Vale – que ocupa uma área de mais de 16 mil quilômetros quadrados no estado. “O nosso desafio é fazer com que haja um envolvimento da comunidade nas decisões sobre o turismo. É essa responsabilidade social que pretendemos incentivar”, completa, referindo-se às atividades e oficinas que serão organizadas pelos docentes e membros do Cetes na região.

O nosso desafio é fazer com que haja um envolvimento da comunidade nas decisões sobre o turismo.

Cada professor do grupo vai desenvolver um trabalho específico com a comunidade, na sua área de pesquisa. Débora fala que alguns de seus colegas atuarão na região, por exemplo, a partir de perspectivas ambientais ou do patrimônio histórico e cultural. “Para nós, não há fonte de pesquisa melhor que o Vale do Paraíba”, relata. “Nosso objetivo é de poder organizar um laboratório para aprimorar e, por que não, servir como exemplo para aplicar as nossas metodologias”.

Turismo e desenvolvimento social

Criado a partir de uma demanda da Secretaria Estadual do Turismo, o Cetes surge com a intenção de viabilizar projetos de parceria com o poder público. “No início, a Secretaria buscou essa aproximação com a Academia para desenvolver um inventário dos atrativos turísticos no estado”. Com a participação de outras universidades estaduais, a primeira proposta era a de dividir o estado em três grandes grupos e trabalhar o turismo a partir deles. Mas com a mudança do governo, como lembra a professora, o projeto não recebeu mais incentivo e parou. Para não desperdiçarem a força de trabalho, e como o grupo já estava formado, foram atrás de novas parcerias.

Foto: Pedro Bolle / USP Imagens Campos do Jordão
Foto: Pedro Bolle / USP Imagens Campos do Jordão/SP

Com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o grupo mapeou restaurantes na região paulista para que fossem verificadas as condições de atendimento a um público internacional – já pensando nos grandes eventos que viriam ao país, como Copa do Mundo e Olimpíadas.

“Queríamos verificar se eles tinham essa capacidade”. As análises, porém, concluíram que a maioria dos estabelecimentos indexados eram empresas familiares e que optavam por servirem somente durante o almoço. “Dificilmente eles irão atender ao turista. Têm seu foco no público do comércio, em quem trabalha na região”.

Um questionamento levantado pelo grupo, foi que, apesar de São Paulo ser a cidade brasileira com o maior número de turistas – contando com o turismo de negócios, que demandaria um atendimento bilíngue, por exemplo – não está preparada para o atendimento em serviços básicos.

“O serviço de atendimento ao turista está vinculado exclusivamente aos executivos de alto nível, o que não é a realidade da cidade que tem um fluxo de turismo de negócios de nível técnico”, revela a pesquisadora. “A área de turismo ainda trabalha muito com o turismo de negócios elitizado, cinco estrelas. Não se trabalha com serviços menos qualificados para atender ao turista”.

Com este projeto, a ideia do grupo era contribuir para a profissionalização de um setor econômico para que pudesse tirar proveito do setor do turismo. Após o trabalho de campo, o Sebrae ofereceu apoio com cursos para a qualificação e capacitação dos estabelecimentos interessados. “Foi bastante compensador, pois conseguimos fechar o ciclo”, avalia Débora.

Pós-graduação em Turismo

Um passo importante para o crescimento do Cetes é a entrada, em 2014, de alunos da pós-graduação oriundos da recente parceria da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP com a ECA. “Antes, sem alunos de pós-graduação, o grupo caminhava de maneira lenta, sem muita força de trabalho, inclusive na busca de bolsas e financiamentos. Agora, de fato, ele vai decolar”.

Foto: Denis Pacheco / USP Imagens
Parceria entre ECA e EACH viabiliza pós-graduação que deve fortalecer o Cetes

Anunciado em dezembro de 2013, o Mestrado em Turismo da USP integra agora ao rol de mais de 240 programas de pós-graduação stricto sensu que já existem na Universidade, além de fazer parte dos sete programas de mestrado na área de turismo oferecidos no Brasil. O programa, que tem como sede a EACH, conta com sua equipe formada por oito docentes da instituição além de quatro da ECA, onde se iniciaram os estudos sobre o turismo na USP.

A proposta do curso surgiu a partir de reflexões de docentes das duas unidades entre o segundo semestre de 2012 e primeiro semestre de 2013. O mestrado, que tem uma área de concentração, conta com duas linhas de pesquisa que se relacionam. O desenvolvimento do turismo será estudado a partir de conhecimento e tendências ou processos e inovação.

Segundo nota de um dos professores responsáveis pelo curso, Alexandre Panosso Netto, da EACH, o programa de pós-graduação deve contribuir para o fortalecimento das pesquisas em turismo no país. “Anseio que seja uma porta e oportunidade para a ótima formação de recursos humanos críticos no campo do turismo e áreas afins”, conclui Netto.

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