Centro da USP lança Brasil Global ITV para padronizar TV digital

Projeto reúne pesquisadores de instituições brasileiras e europeias para desenvolver um sistema compatível de transmissão e recepção digital de áudio e vídeo de TV, além de plataformas de interatividade para os diferentes padrões existentes.

Hérika Dias / Agência USP de Notícias

Foto: Marcos Santos / USP Imagens
Foto: Marcos Santos / USP Imagens

Nesta segunda-feira, dia 14 de abril, o Centro Interdisciplinar de Tecnologias Interativas (CITI) da USP lança no Brasil o Global ITV – Aplicações e serviços de TV híbridos de transmissão e de banda larga. Um projeto que reúne pesquisadores de instituições brasileiras e europeias para desenvolver um sistema compatível de transmissão e recepção digital de áudio e vídeo de TV, mais plataformas de interatividade, para os diferentes sistemas de televisão digital públicos que existem hoje no mundo, como o brasileiro, japonês, europeu e americano.

Atualmente, esses sistemas não tem interoperalidade, ou seja, não se comunicam entre si e por isso a produção audiovisual dos radiodifusores tem alcance limitado. “Hoje, você não pode comprar uma TV nos Estados Unidos e trazer ao Brasil para assistir a programação da TV digital aberta, ela não vai funcionar pois os sistemas (linguagem, navegador) são diferentes. Essa falta de interoperabilidade impede o acesso aos grandes mercados de conteúdo. Para exportar um conteúdo audiovisual brasileiro linear e interativo, você precisa fazer um retrabalho para se adequar ao contexto tecnológico regional”, explica Marcelo Knörich Zuffo, professor da Escola Politécnica (Poli) da USP e um dos coordenadores brasileiros do Global ITV.

Zuffo destaca que a televisão tem a mesma característica da internet, são fragmentos de tecnologia, mas a diferença é que internet é interoperável e a TV não. Isso significa que a pessoa pode acessar pela internet o mesmo conteúdo em qualquer país, em qualquer aparelho ou meio tecnológico, o que contribui para o avanço da internet em detrimento ao conteúdo televisivo. “Isso é um problema mundial, por isso o Global ITV não se restringe aos mercados brasileiros e europeus que participam do projeto. Acreditamos que ele terá impacto global”.

Global ITV

Foto: Marcos Santos / USP Imagens
Foto: Marcos Santos / USP Imagens

A proposta do projeto é desenvolver uma tecnologia capar de tornar a televisão tão globalizada quanto a internet. “A nossa contribuição técnica é conceber um navegador, browser, capaz de harmonizar todas essas tecnologias de diferentes sistemas de televisão digital, permitindo que qualquer conteúdo brasileiro desenvolvido aqui seja comercializado em escala global e vice-versa”, afirma o professor da Poli.

Esse browser também trará resultados na rapidez da navegação do conteúdo interativo na televisão. De acordo com Zuffo, “hoje, há um sistema operacional para a TV e outro sistema para a TV conectada. Essas estruturas não estão harmonizadas, quando você muda de canal, é como se você estivesse reiniciando tudo. Vamos fazer a unificação dos sistemas, como se a televisão tivesse um computador interno”.

Além da questão técnica da interoperabilidade, o Global ITV tem mais cinco frentes de trabalho: a coordenação do projeto, levantamento de cenário (situação da TV na Europa e no Brasil, uso de segunda tela e meios de utilização da nova ferramente), deselvolvimento dos aplicativos que serão executados na plataforma, modelos de negócios, grupos de normatizações e disseminação do projeto.

A finalização do projeto está prevista para janeiro de 2015 e conta com um orçamento de três milhões de reais do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e um milhão e meio de euros da União Europeia.

Parceria

Foto: Marcos Santos / USP Imagens
Foto: Marcos Santos / USP Imagens

O Global ITV foi um dos projetos contemplados na Chamada MCTI/CNPq nº 13/2012 – Programa de Cooperação Brasil – União Européia do CNPq, direcionado para a área de Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC). Ele está atrelado a outras três linhas temáticas “Computação em nuvem para a ciência”, “Tecnologias sustentáveis para uma sociedade mais inteligente” e “Serviços e aplicações inteligentes para uma sociedade mais inteligente”.

Coordenado pelo CITI da USP, o projeto conta com 16 parceiros europeus e brasileiros: Institut fuer Rundfunktechnik GmbH, IRT (Alemanha); Aqua-Consult Ingenieros, S.L. – A-CING (Espanha); Fraunhofer-Gesellschaft zur Förderung der angewandten Forschung e.V. – FRAUNHOFER (Alemanha); TDF – TDF (França); Retevisión – AbertisTelecom – RETEVISION (Espanha); Symelar Innovación SLU – SYMELAR (Espanha); European; Broadcasting Union – EBU (Suíça); World Wide Web Consortium at GEIE ERCIM- W3C (França); Universidade Católica de Brasília – UCB; Universidade Federal do Pará – UFPA; Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP; Associação do Laboratório de Sistemas Integráveis Tecnológico – LSI-TEC; Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP; Universidade Federal do ABC – UFABC; Rede Bandeirantes de Televisão – BAND TV; HXD Interactive Television – HXD.

Lançamento

O projeto será lançado nesta segunda-feira, dia 14 de abril, às 17h30, no Auditório Professor Romeu Landi, na Escola Politécnica da USP, localizado na Av. Prof. Luciano Gualberto, travessa 3, nº 380, Cidade Universitária, São Paulo. O evento é aberto a qualquer pessoa interessada e não há necessidade de inscrição. Quem quiser acompanhar pela internet, haverá transmissão ao vivo no site do IPTV.

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