Iniciativa de alunos busca ampliar conhecimento sobre animais silvestres

O Grupo de Estudos sobre Animais Silvestres da FMVZ é hoje o maior de São Paulo.
Foto: Divulgação
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Embora também sejam objeto de estudo da veterinária, ao lado dos animais domésticos e dos ruminantes, os animais silvestres ainda têm pouco espaço na formação dos profissionais da área. Buscando suprir essa lacuna, alunos da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP criaram o Grupo de Estudos sobre Animais Silvestres (GEAS), que conta com a orientação da professora Eliana Reiko Matushima, do Departamento de Patologia da FMVZ.

Segundo o grupo, o curso de veterinária possui apenas algumas disciplinas optativas específicas sobre o assunto, e não capacita os alunos a trabalhar com animais selvagens. “Há disciplinas de clínica de animais pequenos e de ruminantes, entretanto, não há nada parecido para animais silvestres”, conta a vice-presidente do GEAS, Marina Rodrigues Freire.

A relevância desse estudo é evidenciada pela incidência cada vez maior de animais silvestres em clínicas veterinárias. Provenientes, em geral, de países desenvolvidos, muitos desses animais passam a ser de estimação, o que aumenta a demanda por atendimento.

Além disso, a urbanização faz com que a cidade invada o habitat natural dos bichos, o que resulta em um maior contato humano com essas espécies. “A demanda por veterinário de silvestres tende a aumentar, não só no atendimento propriamente dito, mas também na discussão do que fazer com esses animais, o que deveria ser essencial na graduação hoje, já que conservação é uma política”, afirma Marina.

O Grupo não tem registro exato de quando suas atividades começaram. Sabe-se que os professores atuais da veterinária já participavam da iniciativa e que ele deu origem ao atual Laboratório de Patologia Comparada da FMVZ.

Foto: Danilo Marin Rodrigues
Foto: Danilo Marin Rodrigues

Com troca anual de gestão, o GEAS é um grupo altamente rotativo e dinâmico. Cada período é gerido por um grupo diferente, podendo haver uma continuidade de participantes, mas não de organizadores.

Atualmente, cerca de 25 pessoas participam da organização, um número elevado, levando em consideração que o curso de veterinária conta com, em média, 400 graduandos. É um contingente bastante representativo se comparado com outros grupos organizados por alunos da Universidade.

Em 2013, o grupo sofreu uma reestruturação que decidiu o formato de funcionamento hoje praticado. Atualmente, o GEAS é o maior grupo de animais silvestres de São Paulo, atendendo também demandas de outras universidades.

GEAS em ação

O Grupo organiza suas atividades principais em módulos. Cada módulo acontece durante quatro reuniões mensais, às segundas-feiras, e se encerram com uma atividade prática. Para a presidente do grupo Larissa Caneli, esse é o carro chefe do GEAS. “O sistema de módulos permite uma continuidade de aprendizado”, afirma.

Foto: Victor Kenji
Foto: Victor Kenji

Atualmente, está em curso o módulo de tamanduás. As atividades acontecem em parceria com o Projeto Tamanduá, que busca promover ações que favoreçam a conservação das espécies de xenarthra no Brasil e América Latina. Na parte prática, há a participação do Instituto de Capacitação em Manejo e Medicina Animal (Animália), que viabiliza o acompanhamento de uma atividade de contenção química e medicina preventiva no zoológico de São Bernardo do Campo, no interior do Parque Estoril.

Essa parceria funciona como um sistema de trocas: pela atividade, o GEAS fornecerá inaladores para o zoológico – o valor da doação é dividido entre os participantes. Contudo, todas as palestras são gratuitas e abertas ao público. Aqueles que participam de 75% do módulo recebem certificado e podem participar da atividade prática, que é o grande diferencial dos cursos.

A atual gestão busca expandir as ações do grupo a outros projetos de extensão para integrar a comunidade com a Universidade. O primeiro projeto será de educação ambiental em parceria com o Campo Escola Jaraguá, reserva destinada atividades escoteiras, onde há diversos problemas com animais peçonhentos e alimentação de animais. No local, animais, principalmente os saguis, possuem contato com humanos, o que não é saudável para ambos por haver risco de agressão e transmissão de doenças.

O GEAS realiza, no dia 17 de maio, seu primeiro simpósio para abordar o panorama atual do tráfico de animais silvestres no Brasil e as implicações da Resolução CONAMA 457, envolvida na polêmica da possibilidade de legalização de animais oriundos do tráfico. As atividades do grupo podem ser acompanhadas pela página do GEAS no Facebook.

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