Hora de valorizar a cultura e a extensão da USP

Roberto C. G. Castro / Jornal da USP Tornar as atividades de cultura e extensão universitária da USP mais visíveis, para que a sociedade conheça o que a Universidade realiza nessa área. Incentivar estudantes, professores, funcionários e a comunidade em geral a participar mais de eventos culturais. Fazer as unidades perceberem que cultura e extensão…

Roberto C. G. Castro / Jornal da USP

Foto: Francisco Emolo / Jornal da USP
Gilmar Masiero, Maria Arminda do Nascimento Arruda e José Ricardo de Carvalho Mesquita Ayres

Tornar as atividades de cultura e extensão universitária da USP mais visíveis, para que a sociedade conheça o que a Universidade realiza nessa área. Incentivar estudantes, professores, funcionários e a comunidade em geral a participar mais de eventos culturais. Fazer as unidades perceberem que cultura e extensão é uma área tão importante quanto o ensino e a pesquisa.

Essas foram algumas propostas debatidas durante a Oficina sobre Qualificação e Avaliação das Atividades de Cultura e Extensão da USP, realizada no dia 5 de junho, no Auditório István Jancsó da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin da USP. Cerca de 40 pessoas – ligadas à Comissão de Cultura e Extensão Universitária de suas unidades – participaram do encontro, que foi aberto com uma palestra da pró-reitora de Cultura e Extensão Universitária da USP, professora Maria Arminda do Nascimento Arruda, intitulada “O projeto da qualificação e da avaliação na Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária”.

Ainda no período da manhã, os participantes da oficina assistiram à palestra do professor Gilmar Masiero, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP, que falou sobre “Registro e avaliação das atividades de cultura e extensão”. Nela, Masiero enfatizou a necessidade de a área de cultura e extensão universitária na USP determinar objetivos bem claros, que devem ser ambiciosos mas alcançáveis. “Não existe planejamento se não tivermos objetivos bem estabelecidos”, destacou o professor.

Após a definição dos objetivos, parte-se para a elaboração da estratégia que será utilizada para alcançar tais objetivos, continuou Masiero. E, finalmente, é necessário que essa estratégia – as atividades realizadas – possa ser avaliada continuamente. “Não se pode melhorar o que não se pode medir”, disse Masiero, citando os professores Robert Kaplan e David Norton, da Harvard Business School, dos Estados Unidos, famosos por terem criado a Balanced Scorecard, uma metodologia de gestão estratégica.

Masiero destacou ainda cinco etapas de um bom indicador de desempenho, que podem ser aplicadas também à avaliação das atividades de cultura e extensão universitária da USP. Segundo o professor, é importante formar grupos de trabalho que vão ativar o sistema de avaliação, definir uma terminologia adequada, estabelecer critérios gerais, checar as medidas de desempenho e ainda fazer comparações com outros sistemas de avaliação usados por instituições de diferentes partes do mundo. “É preciso evitar erros muito comuns nos sistemas de avaliação, como o acúmulo enorme de informações, o foco no curto prazo e a coleta de dados insuficientes.”

É preciso evitar erros muito comuns nos sistemas de avaliação, como o acúmulo enorme de informações, o foco no curto prazo e a coleta de dados insuficientes.

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Foto: Francisco Emolo / Jornal da USP
José Ricardo de Carvalho Mesquita Ayres

O professor José Ricardo de Carvalho Mesquita Ayres, que coordenou a oficina, apresentou, no evento, o documento “A Cultura e Extensão na Universidade de São Paulo”, uma espécie de relatório final que reúne o resultado de discussões realizadas na Universidade desde novembro de 2011, quando foi realizado, em Mogi das Cruzes (SP), um seminário interno da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP, já com o objetivo de pensar criticamente as atividades desse setor na Universidade.

Naquele seminário, foram criados diferentes grupos de trabalho, que se reuniram ao longo de 2012 e formularam propostas que, depois, passaram por análise do Conselho de Cultura e Extensão Universitária (Cocex), sempre sob a condução da pró-reitora Maria Arminda do Nascimento Arruda. “Esperamos que esse relatório seja uma referência para o trabalho a ser realizado nos próximos anos”, disse o professor José Ricardo Ayres.

Referência

Justamente com o objetivo de servir como uma referência, o documento “A Cultura e Extensão na Universidade de São Paulo” – que foi distribuído aos presentes à oficina – propõe conceitos, critérios e indicadores para o planejamento e avaliação das ações ligadas à cultura e à extensão universitária, além de estratégias para o registro, valorização e apoio para essa área.

O documento critica a dissociação entre as atividades de cultura e as de extensão universitária. “Normalmente, as primeiras são relacionadas às artes e às humanidades e as segundas são vinculadas às chamadas ciências duras e aos saberes técnicos”, cita o texto. “Se definirmos a cultura como a rede de representações que constroem o sentido compartilhado da existência humana, fica claro que a propalada separação desses dois universos não se sustenta.”

As inseparáveis atividades de cultura e extensão possuem características bem claras, que as qualificam como tais, segundo o documento. Entre essas características estão a articulação entre teorias, práticas e realidades sociais, o papel estratégico na formação de cidadãos, o seu caráter múlti, inter e transdisciplinar e o respeito às diferenças e à diversidade cultural. O documento observa ainda que as atividades de cultura e extensão não podem se resumir a uma simples prestação de serviços à comunidade nem se submeter à lógica do mercado nem assumir posições assistencialistas.

Foto: Francisco Emolo / Jornal da USPmaria-arminda-nascimento-arruda
Foto: Francisco Emolo / Jornal da USP
Maria Arminda do Nascimento Arruda

Para aumentar a visibilidade das ações de cultura e extensão universitária da USP, o documento enumera algumas sugestões: ampliar a parceria com as mídias da Universidade, tornar mais dinâmica a página eletrônica da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária, usar mais intensamente as redes sociais e aplicativos e realizar workshops periódicos com profissionais da mídia.

No documento constam ainda propostas para a valorização das atividades de cultura e extensão na USP. Entre elas, a criação de espaços de divulgação, como uma feira de cultura e extensão, a implementação de disciplina optativa intitulada “Atividades de Cultura e Extensão” nos currículos dos cursos de graduação da USP, dotar de verba própria as Comissões de Cultura e Extensão Universitária das unidades e a continuidade dos Editais da Pró-Reitoria, que financiam ações ligadas à área.

Outros tópicos abordados pelo documento são “Critérios e indicadores para o planejamento, registro e avaliação das ações e cultura e extensão” e “Catalogação das atividades de cultura e extensão”. Cópias do documento “A Cultura e Extensão na Universidade de São Paulo” podem ser solicitadas à Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP (www.prceu.usp.br, telefones 11 3091-3357 e 3091-3469).

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