Sensores medem metano e gás carbônico à distância e em tempo real

O sistema utiliza a tecnologia GSM de aparelhos celulares e remete os dados obtidos, em tempo real, ao Lafac, no campus de Pirassununga, e ao NCRS, na Irlanda.

Antônio Carlos Quinto/ Agência USP de Notícias

Cientistas do Laboratório de Física Aplicada e Computacional (Lafac), da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP, em Pirassununga, e do National Centre for Sensor Research (NCSR), Dublin City University (DCU), da Irlanda, estão testando a eficiência de sensores wireless (rede sem fio) para monitorar índices de CO2 e gás metano. O sistema utiliza a tecnologia GSM de aparelhos celulares e remete os dados obtidos, em tempo real, ao Lafac, no campus de Pirassununga, e ao NCRS, na Irlanda.

“Nossos equipamentos estão instalados em dois locais diferentes”, conta o professor Ernane Xavier, coordenador do Lafac. “Um está há cerca 80 quilômetros da FZEA, na cidade de Artur Nogueira, numa lagoa que concentra efluentes domésticos.” O outro sensor está instalado num reservatório que concentra resíduos de suínos, no campus de Pirassununga. Segundo Xavier, os dois sistemas fazem um monitoramento ininterrupto, 24 horas por dia, com informações a cada 30 minutos ou de hora em hora.

Xavier conta ainda que existem sensores também instalados na Irlanda  para monitorar o gases emitidos por veículos e em aterros sanitários. “Aliás, estes dados obtidos por lá já foram apresentados em uma conferência no Brasil. A ideia é validar o sistema nas condições brasileiras e depois comparar com os resultados obtidos na Irlanda”, avisa.

“O objetivo é quantificar os índices CO2 e metano que são emitidos ao meio ambiente”, explica o docente, lembrando que o sistema pode ser utilizado para diversas outras aplicações. “Podemos adaptá-los para mensurar a emissão de outros gases nocivos ao meio ambiente e até mesmo no monitoramento da qualidade de águas”, garante Xavier.

Eletrônica embarcada

Os sensores estão instalados numa cúpula de aproximadamente 1 metro cúbico (m3), que flutua na superfície do lago. De acordo com Xavier, o sistema permite a instalação de outros tipos de sensores para detecção de outros gases. “Pode ser adaptado até mesmo para se aferir a qualidade da água”, garante o pesquisador.

Os dois sistemas estão implantados há cerca de dois anos e, até o momento, os índices mais significativos detectados foram de 60% de metano e 40% de CO2. “Estamos avaliando a hipótese de tentar o aproveitamento do metano, mas isso dependerá de outros estudos e novos projetos. No momento, os equipamentos nos fornecem dados que poderão permitir o controle da emissão dos poluentes em sua fonte de origem”, afirma o docente.

Xavier estima que o custo de implantação dos protótipos chegaram a aproximadamente R$ 6 mil cada um. Mas ele acredita que na elaboração do produto final pode haver uma redução de até cinco vezes. Além de Xavier que coordena o projeto pelo Lafac, na Irlanda a coordenação é do professor Fiachra Collins, do The Adaptive Sensors Group da Dublin City University (DCU).

Mais informações: (19) 3565-4177, com o professor Ernane Xavier; email ernane@usp.br

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