Prefeitura do campus planeja medidas para melhorar mobilidade

Prefeitura da Cidade Universitária planeja a adoção de faixas exclusivas de ônibus, a criação de ciclovias e a implantação de rotas determinadas para esportistas.

Do Jornal da USP

Foto: Jorge Maruta / Jornal da USP
Foto: Jorge Maruta / Jornal da USP

Adoção de faixas exclusivas para ônibus, criação de ciclovias e rotas determinadas para esportistas e atuação dos agentes da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) da Prefeitura de São Paulo na Cidade Universitária são algumas das medidas na área de mobilidade que a Prefeitura do Campus da USP da Capital trabalha para implantar. Os projetos foram detalhados em entrevista que o professor Arlindo Philippi Jr., prefeito do campus, concedeu à Rádio USP no dia 23 de outubro. “Precisamos saber buscar, usando tecnologia, conhecimento e nosso material humano, as soluções para os problemas que temos”, diz o prefeito.

Um desses problemas é como lidar com o chamado trânsito de passagem – aquele constituído por motoristas que não têm a USP como destino. As rotas da Cidade Universitária, por sinal, são frequentemente indicadas pelos repórteres nos helicópteros das emissoras de rádio como alternativa para “cortar caminho” ou escapar de congestionamentos.

A questão tem inclusive repercussões orçamentárias, porque o custo de manutenção e recuperação das vias do campus, embora integradas à circulação geral, é bancado exclusivamente pela Universidade. A USP tem conversado com o Ministério Público e a Prefeitura paulistana para procurar formas de disciplinar ou mesmo reduzir esse trânsito de passagem. Também está em discussão a criação de um convênio para que a CET atue no campus e possa exercer suas funções de fiscalização do trânsito, aplicando multas se necessário.

A Prefeitura do campus tem realizado campanhas de conscientização que utilizam recursos como totens e banners para incentivar o respeito mútuo entre motoristas, pedestres, ciclistas e esportistas que circulam na Cidade Universitária. “Já temos um aumento dessa consciência e uma melhoria no comportamento. O processo educativo com o público interno será percebido também pelo público externo”, considera Philippi Jr. A regulamentação do uso das áreas comuns para prática esportiva é outra vertente do trabalho coordenado pelo prefeito.

Mais ônibus

Foto: Cecília Bastos / Jornal da USP
Foto: Cecília Bastos / Jornal da USP

As medidas de mobilidade preveem a implantação de faixas exclusivas para os ônibus no campus. A primeira delas, já em projeto para execução, vai da Casa de Cultura Japonesa (avenida Lineu Prestes, 159) até a Portaria 1, integrando-se dali à faixa na rua Alvarenga. Posteriormente, os corredores exclusivos devem ser expandidos.

A intenção, de acordo com o prefeito, é evitar que os ônibus fiquem parados nas filas de entrada e saída, diminuindo o tempo gasto pelos usuários do transporte coletivo e incentivando que mais pessoas deixem o carro e adotem os ônibus para seus deslocamentos. Com o mesmo intuito, a Prefeitura do campus negocia com a São Paulo Transporte (SPTrans) o aumento na quantidade de veículos das duas linhas circulares entre o campus e a Estação Butantã do Metrô.

Também está em fase final de elaboração o edital que vai abrir licitação para o projeto executivo das ciclovias. A ideia é abarcar a totalidade da Cidade Universitária, utilizando perimetrais e ramificações que levarão a cada uma das unidades. Serão instalados bicicletários – o primeiro deles junto à Portaria 1 –, e estuda-se a adoção de estações do sistema Pedalusp, com o aluguel de bicicletas que podem ser retiradas e devolvidas em diversos pontos.

Funções acadêmicas

Foto: Cecília Bastos / Jornal da USPEntrevista com o prefeito da Cidade Universitária, Arlindo Philippi Jr na Rádio USP
Foto: Cecília Bastos / Jornal da USP
Entrevista com o prefeito da Cidade Universitária Arlindo Philippi Jr. na Rádio USP

Para o professor Arlindo Philippi Jr., o debate sobre mobilidade e usos do campus envolve pensar as finalidades às quais a Universidade se destina: ensino, pesquisa e extensão. Isso não exclui, claro, a integração com a cidade e a sociedade – mas, diz, é preciso saber “até que ponto outras atividades realizadas no campus não estão comprometendo algumas das nossas funções”.

Os dados registrados pela Guarda Universitária mostram que o maior número de ocorrências se dá nos dias das megafestas (suspensas desde a morte do estudante Victor Hugo Santos, que participava de uma delas, em setembro). O movimento de saída das festas das sextas-feiras coincide com a chegada de parte dos mais de 10 mil esportistas que o campus recebe nas manhãs de sábado. Não são incomuns casos de desentendimentos e até atropelamentos, como o que vitimou o analista de sistemas Alvaro Teno, que praticava corrida, na manhã de um sábado de agosto.

Essas ocorrências, acredita o prefeito, demonstram que “alguma coisa não está sendo adequadamente cuidada” em relação a esses eventos e que é necessário acompanhá-los melhor. “A pergunta é: qual o uso mais adequado que o campus deve ter? Nossa comunidade tem que se posicionar em relação a isso e trabalhar para garantir que haja mais segurança naquilo que é nossa missão acadêmica”, defende o professor. “O esporte faz parte do universo acadêmico e nos conecta mais com a sociedade, e nossa relação com aqueles que vêm praticar esporte aqui dentro deve ser de algo gerenciável e de comum acordo.”

Para o prefeito, não é verdadeira a sensação de que esse cenário é novo. Relatórios compilados pela Prefeitura do campus registram que o uso das áreas comuns vem sendo debatido há pelo menos oito anos. “O que se demostra é que entendemos que se ultrapassou um limite daquilo que seria desejável num campus universitário. Agora temos que avançar na solução desses problemas”, afirma.

Testes avaliam trajetos para esportistas

Foto: Cecília Bastos / Jornal da USP
Foto: Cecília Bastos / Jornal da USP

Desde agosto a Prefeitura do campus da USP da Capital realiza um estudo sobre a prática de atividades físicas e esportivas no campus. A pesquisa é destinada a esportistas profissionais ou não, com ou sem vínculo com a USP. Os resultados ajudarão a desenvolver um plano para gestão e organização das práticas esportivas. O estudo ainda pode ser respondido neste link.

No dia 1º de novembro, a Universidade, a Associação dos Treinadores de Corrida, a Federação Paulista de Triathlon e esportistas independentes realizaram o primeiro teste para uso do espaço. O teste previa a destinação de horários para o ciclismo e a utilização de um trajeto especialmente planejado para corrida e caminhada, com sinalização especial e staff para orientar esportistas e outros usuários do campus.

Pelo menos dois outros eventos semelhantes devem ser organizados em breve. Se os roteiros e horários forem aprovados, o sistema começará a ser adotado aos sábados pela manhã.

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