Alunos de Ribeirão Preto participam do Projeto Rondon

Equipe parte dia 16 de janeiro para uma expedição do Projeto Rondon no estado do Maranhão: a Operação Jenipapo.

Rita Stella / Serviço de Comunicação Social da Prefeitura do Campus USP de Ribeirão Preto

Um grupo de oito alunos de graduação do campus de Ribeirão Preto parte em expedição, no próximo dia 16 de janeiro, para uma das regiões mais carentes do país, no município de São Mateus do Maranhão, no Maranhão, local onde permanecem até 1º de fevereiro. A equipe é liderada pelos professores Auro Nomizo e Osvaldo de Freitas, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP.

Eles participam da “Operação Jenipapo”, coordenada pelo Projeto Rondon, do Ministério da Defesa. O grupo atuará com os parceiros rondonistas do Instituto Federal de Minas Gerais, campus de Ribeirão das Neves. Os estudantes se organizarão em atividades para levar informações nas áreas de gestão pública, saúde, educação, direito, cidadania, tecnologia e produção, meio ambiente, tecnologia da informação e cultura.

Segundo o professor Auro Nomizo, São Mateus do Maranhão é uma cidade de cerca de 40 mil habitantes sem nenhum saneamento básico; porém conta com uma Prefeitura bem estruturada com todas as secretarias constituídas. Assim, “vamos trabalhar com a prefeitura, ajudando e capacitando integrantes das secretarias. Na área de educação, vamos ajudar a secretaria na área de gestão e capacitar os professores, coordenadores de ensino e diretores para que possam exercer melhor suas funções públicas na área da educação”, exemplificou o professor.

Nomizo, contudo, adianta que deverão trabalhar não somente com o poder público oficial, mas também com líderes comunitários de povoados e assentamentos, “sem bandeira ou credos”. Da mesma maneira que atuarão com a educação, pretendem trabalhar as demais áreas, como saúde e cidadania, justiça e cultura. Na área de saneamento básico, conta Nomizo, “como não existe, a gente tá pensando em levar uma tecnologia de baixo custo para construir fossas. Nesse caso, como não temos engenheiros entre nós (rondonistas), vamos trabalhar com as potencialidades da própria cidade, identificando pedreiros e outros profissionais”.

Profissional Cidadão

O Rondon, em linhas gerais, oferece ao estudante de graduação a oportunidade de exercer sua função antes da formatura. Esse aluno, segundo os professores, é capaz de levar algum tipo de sugestão, solução e perspectiva para serem trabalhados com grupos específicos ou com grupos formados pelas comunidades. Mas, em contrapartida, garante Nomizo, os estudantes vão encontrar grandes profissionais, com habilidades treinadas na prática, que exercem suas funções de acordo com as necessidades reais. “Não questionamos a formação técnica de nossos alunos, suas habilidades profissionais. O que questionamos é sua formação de cidadão: um universitário que queira realmente transformar a realidade, tornando seu país mais justo, menos desigual.”

Como exemplo, Annie Cerqueira, graduanda do 3º ano na Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP, afirma que, desde que entrou na universidade, teve “bastante do ensino e da pesquisa, porque a USP preza muito a parte da pesquisa, mas senti falta da extensão. Eu sempre quis fazer Rondon”. O mesmo diz sua colega na EERP, Bianca Barbieratto. “Desde o primeiro ano, fazemos um trabalho voluntário na Cia. do Riso”. Elas levam alegria às crianças hospitalizadas e garantem que “é um trabalho muito revigorante, com grande retorno pessoal; pois não encontram nada similar na universidade”. Na expedição, esses estudantes esperam vivenciar mais esse momento com as pessoas da comunidade. “Sair da nossa realidade, porque o estado de São Paulo não oferece visão ampliada da saúde geral do país, que é grande e diverso”, diz Bianca.

Já Carla Daniele da Silva, estudante da Faculdade de Direito de Ribeirão Preto (FDRP) da USP, diz que “vai desenvolver a habilidade de se adaptar a um novo meio; lidar com outras situações; já que a universidade acaba não preparando a pessoa para a adversidade”. Para ela, é preciso dar retorno à sociedade. “Nós achamos que o que recebemos aqui é o mais importante, quando na verdade a humanização deve ser priorizada; abrir-se como pessoa para aprender.”

O professor Nomizo ressalta que os participantes da expedição “têm que passar sua mensagem de forma clara e objetiva para que a população atendida tenha melhor qualidade de vida de forma perene, pois, o objetivo é gerar agentes capacitadores que continuarão replicando as informações após o nosso retorno”.

Nomizo também observa que a maior experiência que terão é a possibilidade de entrar em contato com uma realidade totalmente diferente. “Vão começar a pensar no que é essencial. O primeiro choque será o confronto entre o que eles sabem e o que eles vão enxergar. Cada um vai descobrir por si que o povo brasileiro precisa começar a ter mais autoestima, preservar sua cultura e descobrir em sua realidade uma forma de ter uma vida mais digna”.

Mais informações: (16) 3315-4833

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