IPq é centro de referência no tratamento de portadores de autismo

O Instituto de Psiquiatria do HC baseia sua atuação em três pilares: assistência ao portador, ensino e formação de profissionais para atendimento psiquiátrico e pesquisa de novos tratamentos.

Por Patricia Golini, especial para o USP Online

Na segunda-feira (2), é celebrado o Dia Mundial da Conscientização sobre o Autismo. A data foi criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) com o objetivo de alertar a população para esse transtorno que atinge cerca de 70 milhões de pessoas em todo o mundo. Para marcar a data, o Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) , ao lado de outros monumentos como a Ponte Estaiada, o Cristo Redentor e do Prédio da Fiesp, terá sua fachada iluminada de azul.

Atualmente, o IPq é considerado o maior centro de referência no tratamento dos portadores de autismo. Hoje, o Instituto atende cerca de 600 pacientes nesta área, a quempresta assistência integral. O atendimento feito pela equipe do IPq integra diversas especialidades, tanto médicas, como da área de psicologia, serviço social e terapia ocupacional.

“Atender o portador de autismo de maneira completa é importante para que possamos identificar quais são suas limitações e trabalhar no seu desenvolvimento, incluindo no tratamento as terapias complementares que ajudarão no desenvolvimento e integração social, além de acompanhamento psicológico e educacional”, diz o psiquiatra Estevão Vadasz, coordenador do Programa Autista (PROTEA), do IPq.

O autismo é caracterizado pela dificuldade de comunicação e interação social e por interesses restritos, acompanhados de comportamentos repetitivos. O chamado espectro autista compreende desde os casos mais severos, com quadros de convulsão e grave retardo mental, até os portadores da Síndrome de Asperger, em que a capacidade de linguagem e aprendizado são preservadas, mas há dificuldades de adaptação social.

Existem hoje vários tratamentos disponíveis para o autismo com foco na redução dos comportamentos repetitivos e na estimulação da comunicação e das relações sociais. No IPq, esses pacientes são estimulados através de atividades lúdicas, divididas em dois grupos de atividades. Adolescentes e adultos jovens portadores da Síndrome de Asperger são atendidos pelo programa Estação Espacial, com sessões em que são trabalhadas as habilidades sociais de comunicação e convivência. Já as crianças autistas são atendidas pela terapia assistida por cães, desenvolvida por voluntários do IPq.

“O objetivo dessas terapias complementares é aproximar os indivíduos portadores de autismo, favorecendo a inter-relação e o desenvolvimento de vínculos e amizades”, explica o psiquiatra.

O Instituto de Psiquiatria do HC baseia sua atuação em três pilares: assistência ao portador, ensino e formação de profissionais para atendimento psiquiátrico e pesquisa de novos tratamentos. “Atualmente, o IPq desenvolve pesquisas na área de genética e de células tronco. Porém, estes projetos só deverão ter conclusão no prazo de cinco a dez anos”, relata Estevão Vadasz.

Acredita-se que a doença atinja aproximadamente 1 pessoa a cada mil. Mas dados dos Centers for Disease Control and Prevention (CDC) dos EUA chegam a apontar 9 casos a cada mil pessoas. “Transposto para o Brasil, esse índice significaria cerca de 1,8 milhão de casos, com o agravante de que aqui 90% dos casos não são diagnosticados”, alerta o psiquiatra. 

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