Dossiê da Revista USP propõe olhar sobre a multiplicidade da metrópole

Edição 102 da revista traz o dossiê “Metrópoles”, com textos produzidos por especialistas de diversas formações sobre algumas das questões que habitam a cidade de São Paulo.
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Foto: Marcos Santos / USP Imagens

Compreender os fenômenos que definem uma cidade como São Paulo exige um distanciamento que dê conta de toda sua complexidade, mas também uma aproximação que permita enxergar mais atentamente algumas das tantas questões que a compõem. O dossiê “Metrópoles” da Revista USP traz, através de textos produzidos por especialistas de diversas formações, um recorte que descreve este território a partir das tensões criadas pelos megaeventos esportivos, da produção cultural dos jovens das periferias, do surgimento de novos serviços e atividades, das mudanças proporcionadas por obras de infraestrutura, entre outros temas de relevância na vida desta referência brasileira de metrópole.

A publicação, que chega agora à sua 102ª edição, traz sempre um assunto em destaque na seção Dossiê. “O tema da cidade é inesgotável e fascinante, está sempre na ordem do dia”, afirma Francisco Costa, editor da Revista USP. Em 1990, inclusive, na edição número 5 da revista, o dossiê trazia o tema “Cidades”. Para o jornalista, desde então muitas mudanças aconteceram em São Paulo, por exemplo nas questões da logística, mobilidade e violência.

Fluxos e porosidades são as novas metáforas elaboradas para descrever os territórios metropolitanos.

A nova edição da revista, que reflete sobre a cidade mais de 20 anos depois, é organizada pelas professoras Maria Cristina da Silva Leme e Ana Lucia Duarte Lanna, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP. “Nos textos reunidos no neste dossiê, emerge a percepção sobre um território cujos limites e fronteiras se confundem e esvanecem em formas novas de sociabilidade. Fluxos e porosidades são as novas metáforas elaboradas para descrever os territórios metropolitanos”, afirmam as organizadoras na apresentação do dossiê. “Os fluxos não destroem a cidade, mas impedem sua compreensão como objeto totalmente apreensível. Trata-se de reconhecer conexões e práticas que revelem as múltiplas existências da metrópole”, concluem.

Olhares sobre a cidade

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Foto: Marcos Santos / USP Imagens

Em A metrópole sob o olhar do antropólogo, o professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) e coordenador do Núcleo de Antropologia Urbana (NAU) da USP, José Guilherme Cantor Magnani, apresenta questionamentos e estratégias sobre como o antropólogo pode usar o método etnográfico para estudar a realidade das cidades, em especial a de escala metropolitana, em toda sua complexidade. O autor recupera a experiência da Expedição São Paulo 450 anos, que durante uma semana percorreu a cidade observando sua dinâmica através de edificações, a ocupação dos bairros, o traçado viário e conversas com moradores.

Outro artigo  do dossiê, de autoria da professora Teresa Pires do Rio Caldeira, reflete sobre a reprodução das desigualdades de gênero na produção cultural da periferia. Para a professora do Departamento de Planejamento Urbano e Regional da Universidade da Califórnia, em Berkeley, “a nova produção artística oriunda das periferias de São Paulo representa de maneira poderosa seus jovens moradores, articulando suas denúncias de desigualdades e injustiças, e afetando o caráter do espaço público”. Entretanto, comenta também que essa nova produção acaba recriando estereótipos e hierarquias de gênero.

Ao todo, sete artigos lançam olhares sobre a cidade de São Paulo. “As diversas visadas sobre esse objeto nomeado, vivido, pensado por tantas perspectivas constituem o marco de origem da proposta deste dossiê”, afirmam as organizadoras.

Textos e livros

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Foto: Marcos Santos / USP Imagens

Além do dossiê, que é o carro-chefe da publicação, o número 102 da Revista USP traz também as seções Textos, com ensaios diversos, e Livros, que analisa lançamentos ou obras de grande relevância.

Um dos textos é uma entrevista com Raul Joviano do Amaral, um dos líderes da Legião Negra que participou da Revolução de 32. A entrevista é conduzida pelo antropólogo e professor emérito da USP, João Baptista Borges Pereira, e pela professora da Universidade de Brasília (UnB), Ana Lúcia Eduarda Farah Valente.

Atrelado ao tema do dossiê, o professor do Museu Paulista da USP Paulo César Garcez Martins fala sobre a coleção Os Pioneiros da Habitação Social, organizada por Nabil Bonduki e Ana Paula Koury, obra em três volumes dedicada à história da habitação e da arquitetura moderna no Brasil. A seção Livros traz ainda análises dos livros Um Modernismo que veio depois, de Tadeu Chiarelli, e Os Ensinamentos da Loucura, de Heitor O’Dwyer de Macedo.

“A Revista foi feita para mostrar o que é feito na USP e levar isso para sociedade”, afirma o editor Francisco Costa. A próxima edição da Revista USP será sobre clima, com organização do professor do Instituto de Física (IF) da USP, Paulo Eduardo Artaxo Netto.

Serviço

A Revista USP, publicação trimestral da Superintendência de Comunicação Social da USP, pode ser encontrada em São Paulo nas livrarias da Edusp, Livraria da Vila e Livraria Cultura. No Rio de Janeiro, está disponível na Livraria Travessa. Também é possível receber a publicação em casa. Informações sobre assinaturas podem ser consultadas neste endereço.

Números anteriores podem ser acessados no site da revista ou no site da publicação no Portal de Revistas USP. Mais informações pelo número (11) 3091-4403 ou email revisusp@edu.usp.br

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