Crianças nascidas com HIV têm crescimento ósseo facial menor

Conclusão é de estudo da pesquisadora Maria Luiza Veloso de Almeida Watanabe, da Faculdade de Odontologia da USP.

Jessica Bernardo / Agência Universitária de Notícias

Um estudo da Faculdade de Odontologia (FO) da USP comprovou que crianças que nascem com HIV e tomam o coquetel antirretroviral desde o nascimento têm algumas medidas lineares faciais menores que as crianças sem o vírus. As medidas diferenciadas nos ossos da face dos soropositivos podem alterar os cuidados com o tratamento ortodôntico destes pacientes, ou seja, a atenção com eles em casos de implantação dentária, por exemplo, e também seu prognóstico.

Realizada pela pesquisadora Maria Luiza Veloso de Almeida Watanabe, a descoberta foi fruto de um estudo piloto na área odontológica. Segundo Maria Luiza, pesquisas avaliando a morfologia craniofacial já haviam sido feitas em pacientes com diabetes, artrite juvenil e outras patologias diversas, mas nunca nenhum pesquisador havia avaliado esses dados em um soropositivo para HIV. Em termos concretos, a constatação do estudo ajudará os dentistas no tratamento destes pacientes preparando-os para lidar melhor, por exemplo, com a falta de espaço para o crescimento de todos os dentes (impacção dentária), cirurgias de implantes e correções maxilares. Para Maria Luiza é importante que os dentistas saibam o que esperar da evolução óssea dos pacientes antes de começar o tratamento, e por isso o estudo na área é tão significativo.

As diferenças notadas pela pesquisadora no crescimento linear podem resultar de alterações nas células responsáveis pela remodelação dos ossos — os osteoblastos e os osteoclastos. Não há como saber ainda, todavia, se essas mudanças ocorrem graças à ação do próprio vírus da aids ou como um efeito adverso do uso dos antirretrovirais. Apesar dos gráficos demonstrarem a diminuição do crescimento, vale ressaltar que os pacientes não devem se preocupar com questões estéticas, já que a olho nu as diferenças não são perceptíveis.

Os cuidados mais específicos com a evolução óssea na população com HIV passaram a ser maiores recentemente graças ao crescimento da expectativa de vida destes pacientes desde que os coquetéis antirretrovirais foram criados. Assim, como pacientes que nascem com o vírus hoje em dia têm menos chance de sofrerem com doenças bucais do que tinham antigamente, os cuidados com a saúde bucal são pensados a longo prazo e de formas mais completas. As lesões, embora ainda apareçam, não são mais tão agressivas como antes.

Atualmente no Brasil, o Ministério da Saúde calcula que 734 mil pessoas estejam vivendo com HIV, sendo que apenas em 2012, mais de 12 mil gestantes com o vírus aguardavam o nascimento de seus filhos. Com isso, a pesquisa da mestra Maria Luiza apresenta um grande avanço na Odontologia para o cuidado desses futuros pacientes, de forma a proporcioná-los cuidados bucais mais completos e efetivos durante toda a vida.

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