Abordagem construtivista é usada no ensino de física

A metodologia de ensino é voltada para o desenvolvimento de atividades e materiais com foco na na teoria da relatividade, de Albert Einstein.

A aluna de mestrado do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP Letícia Zago, orientada pelo docente Marcelo Alves Barros, e também contando com o auxílio do docente Esmerindo de Sousa Bernardes, tem focado sua pesquisa na educação.

Formada em Licenciatura em Ciências Exatas no Instituto, há alguns meses, como parte de sua pesquisa, Letícia tem ministrado aulas a alunos do ensino médio da Escola Estadual Conde do Pinhal (São Carlos), e suas ações de ensino são voltadas ao desenvolvimento de atividades e materiais com foco em um assunto notório no mundo da física, mas compreendido por muitos poucos estudantes: a Relatividade Geral, teoria de autoria do famoso físico Albert Einstein.

Letícia diz que o ensinamento dos conceitos é feito por intermédio de uma abordagem construtivista, ou seja, os conceitos de física são ensinados através de problemas ou atividades em grupos pequenos e, posteriormente, têm início as discussões em sala, quando todos são incluídos. “Não temos intenção de formar doutores em gravitação, mas queremos que esses alunos tenham ao menos contato com esse tipo de conhecimento, e reflitam sobre o que está sendo passado”, explica Letícia.

“Embora o IFSC esteja localizado muito próximo à Conde, muitos desses estudantes nunca tinham vindo aqui. Além do ensino de física, eles também tiveram conhecimento sobre bolsas e auxílios oferecidos pela USP, informações muito importantes que precisam ser de conhecimento desses e de outros estudantes”, finaliza. “A teoria da Relatividade Geral completou cem anos em 2015, e ainda não está inclusa no currículo disciplinar”, lamenta Letícia.

A atividade ministrada por Letícia faz parte de uma disciplina eletiva que, por definição, é uma disciplina na qual os alunos se inscrevem por vontade própria, de acordo com a carreira pela qual eles já têm certo gosto e vontade de seguir. Os encontros com Letícia ocorrem uma vez por semana, no período vespertino, e contam também com a participação e colaboração de outros dois professores da escola, um de física e outro de filosofia.

“Essa atividade acontecerá entre agosto e novembro deste ano e, ao seu final, os alunos farão uma apresentação sobre o conteúdo aprendido”, explica Letícia. Embora o foco da disciplina seja a teoria da Relatividade Geral, ela afirma que outros tópicos são discutidos com os alunos, incluindo-se a contextualização das descobertas científicas em geral e a explicação de outros conceitos importantes da física, tudo através de uma sequência didática na qual fatos históricos e o desenvolvimento da ciência ganham significativo espaço de discussão.

Ensino em espaços não formais

Para a melhor fixação destes e de outros temas e conceitos, Letícia tem se utilizado de uma estratégia educacional já bem conhecida pelos educadores: o ensino em espaços não formais. A pesquisadora já trouxe os estudantes para uma visita no Observatório da USP São Carlos “Dietrich Schiel” e, no último dia 2 de outubro, eles participaram do programa Universitário por Um Dia (1Dia), quando também tiveram a oportunidade de conhecer o Relógio Atômico instalado no Instituto. O formato da disciplina de Letícia atrai os estudantes para área da ciência e, mais do que isso, a vivência no meio universitário traz um ganho maior, pois assim os alunos têm oportunidade de conhecer os projetos feitos nesse meio e sentir que podem fazer parte dele no futuro.

Essa é a opinião do professor de física dos alunos, Rogério Vargas, que participa da disciplina ministrada por Letícia. “Em termos de divulgação científica, até conseguimos mostrar alguma coisa, mas repassar os conceitos torna-se muito limitado, inclusive para trazer discussões. Os alunos observam o fenômeno, porém precisam de tempo para um debate mais rico”, opina. Aparentemente, o professor está certo.

Pelo menos é o que também pensa um de seus alunos, Igor Santos Petan, que atualmente está no 1º ano do ensino médio. Igor, que quer cursar estatística no ensino superior, considera as visitas feitas até agora uma maneira muito interessante de se aprender. “É muito legal estar dentro da USP e poder conhecer melhor como ela é, também para ver do que participaremos no futuro”, afirma o aluno. “Eu notei também que aqui [no IFSC] tem muitas atividades práticas, e gostei muito dos laboratórios”.

O entusiasmo pelo ensino prático também é compartilhado pela colega de Igor, Marcela Eduarda Olegario Fernandes, estudante do 2º ano do ensino médio. Para ela, sair da sala de aula e fazer visitas em outros locais de ensino é de grande importância, já que “o tradicional formato de ensino enjoa”. “Por isso é que eu prefiro ter muito mais aulas de laboratório. É muito bom poder trabalhar na prática com as coisas anotadas no caderno. Quando é possível interagir com o que é ensinado na teoria, fica muito mais fácil aprender, e, na hora do ENEM, você já está mais calma, e consegue fazer a prova com muito mais rapidez”, conta.

Da Assessoria de Comunicação do IFSC

Mais informações: (16) 3373-9770, comunicifsc@ifsc.usp.br

 

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