Astrofísica estelar: o universo e sua evolução na mira dos pesquisadores

Linha de pesquisa do AstroLab, astrofísica estelar ajuda a investigar a evolução da vida no universo.
Foto: ESO
Foto: ESO

Investigar minuciosamente as características e particularidades de estrelas, planetas e a evolução estelar é fundamental para a compreensão do universo e de como a vida surgiu. Entre as inúmeras linhas de pesquisas que vão costurando gradualmente a resposta para estes tópicos está a astrofísica estelar – assunto do Laboratório de Astrobiologia, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP.

O Laboratório de Astrobiologia- ou AstroLab, como é conhecido – surgiu do esforço conjunto de pesquisadores de diferentes áreas com interesses comuns por astrobiologia. Em 2009 o grupo ganhou um espaço físico, o Observatório Abrahão de Moraes, localizado entre as cidades de Valinhos e Vinhedo, em São Paulo. Para o professor Jorge Horvath, pesquisador do laboratório e docente do IAG, a diversidade de áreas de atuação dos membros do AstroLab é o componente principal que garante a qualidade dos trabalhos realizados.

“Um grande problema atual para a pesquisa é que as pessoas ficam extremamente fechadas em suas especialidades. Se voltarmos há séculos atrás, no momento do Renascimento, quando grandes avanços aconteceram, isso não ocorria. Os estudiosos possuíam conhecimentos sobre muitas áreas, e Leonardo Da Vinci é o melhor exemplo disso”, afirma Horvath. De fato, estudar temas tão complexos como, em última análise, a origem de tudo que existe não poderia ser tarefa para apenas uma especialidade.

O que estuda um astrofísico estelar

Em termos práticos, a astrofísica estelar estuda a origem e a evolução das estrelas. A formação dos astros ocorre em regiões densas de poeira e gás, compostas basicamente por hidrogênio. Sob a influência da gravidade, as nuvens que compõem a área de formação tendem a colapsar (algo como “implodir”) e formar proto-estrelas. Daí por diante, até o fim de suas vidas, diferentes processos podem acontecer com as estrelas – elas podem se tornar, por exemplo, nebulosas planetárias, supernovas, buracos negros, sofrer a influência de surtos de raio gama ou jatos estelares, entre vários outros destinos. E de lá sai material para compor todo o extenso campo que a astrofísica estelar estuda.

Foto: Bruno Gilli / ESO
Foto: Bruno Gilli / ESO

Devido às distâncias inimagináveis da Terra, o único dado que somos capazes de coletar dos astros é a radiação que eles emitem e chega até nós. Portanto, a astrofísica das estrelas é determinada através de observações, da busca pelo entendimento teórico e de simulações feitas em computador. Dessa maneira, utilizando técnicas avançadas, pode-se chegar a massa, temperatura, idade e diversas outras características físicas dos astros.

Questões acerca da origem da vida instigam a todos. Dificilmente alguma pessoa nunca se perguntou de onde viemos – e são indagações como essa que motivam o nosso trabalho.

Embora a formação estelar pareça um processo complexo, explicar como as estrelas morrem é algo mais simples, pois a energia no núcleo das estrelas é formada através de fusão nuclear, por essa razão o fim de suas vidas é sempre uma explosão. “A explosão das estrelas sempre causa algum problema aos planetas vizinhos, e assim surge uma das principais questões a se estudar: a zona habitável para cada estrela. Principalmente das que estão próximas à Terra”, conta Horvath.

Contudo, é muito difícil prever a data exata de quando as estrelas irão explodir. “As estrelas que formam o Cinturão de Órion, popularmente conhecidas como Três Marias, com certeza morrerão, mas não se pode afirmar se em um período de um milhão ou três milhões de anos”, completa o docente.

Parcerias e retorno social

Foto: ESO
Foto: ESO

Atualmente o AstroLab funciona em parceria com diversos outros laboratórios, internos e externos à USP, como é o caso do Laboratório de Química Prebiótica (LQP) da Universidade Estadual de Londrina (UEL), que estuda como as moléculas imergem de materiais inorgânicos e atuam no início da vida; o Instituto de Astrobiologia da NASA (NAI); a Associação Europeia de Redes de Astrobiologia (EANA), entre outros.

O Laboratório de Astrobiologia mantém ainda uma forte preocupação em levar os conhecimentos produzidos para a sociedade, seja por meio de divulgações científicas, eventos abertos ao público, ou dando espaço para a viabilização de projetos de pessoas que não atuam no AstroLab.

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