Semana de Arte Moderna: 90 anos da “contribuição milionária” dos erros

Debates na FFLCH destacam os 90 anos da Semana de Arte Moderna, evento que marcou a produção artística nacional ocorreu entre 13 e 17 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo.

Luciene Antunes, especial para o USP Online

Será relembrando uma das passagens do Manifesto da Poesia Pau Brasil – que apresentava as noções estéticas que iriam nortear a poesia modernista no Brasil –, redigido pelo escritor brasileiro Oswald de Andrade, que o professor Fernando Paixão, do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP convidará os presentes a debater o legado da Semana de Arte Moderna no Brasil. “Para fugir à generalidade ou enfoque temático, ou coisa assim, pensei que poderia ser mais interessante propor a noção de desvio e irreverência que está expressa nessa frase bem feliz, a meu ver: a contribuição milionária de todos os erros”, diz Paixão.

“A expressão original aparece no poema ‘Falação’, que abre o livro Pau-Brasil e diz: ‘a língua sem arcaísmos. Sem erudição. Natural e neológica. A contribuição milionária de todos os erros’. Mas, afinal, de que noção de erro estamos falando?”, provoca o estudioso. O debate que será intermediado por Paixão sobre a poesia modernista acontece no dia 19. A discussão faz parte da programação do mês de abril do IEB, que vem sendo marcado por eventos que celebram o aniversário de 90 anos da Semana de Arte Moderna de 1922. De 17 a 20 de abril, a série de debates, com a participação dos professores da unidade e convidados, será aberta ao público em geral.

A semana histórica de 1922 e seus legados, relembrados pelo IEB em abril, confundem-se com a própria história do instituto, que por sua vez comemora 50 anos de existência. “O IEB é depositário de fundos pessoais, de coleções e de obras artísticas de vários intelectuais e artistas que foram personagens de grande importância, não só na semana de Arte Moderna, quanto do movimento modernista no Brasil”, diz o professor Jaime Tadeu Oliva, que conduz no dia 18, às 14 horas, o debate “Cidade Natureza Ciência”. Mário de Andrade, Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, entre outros, compõem o acervo de obras de arte mantidas pelo IEB, que, além de guardião dos acervos, é também uma instituição de pesquisa que tem no tema do modernismo uma de suas linhas de frente.

“Os desdobramentos que o movimento iniciado na Semana de 22 acarretou são mais importantes do que a semana em si”, diz a professora Ana Paula Cavalcanti Simioni, do IEB. Ana Paula conduz o painel “Patrimônio e Modernismo”, no dia 20 de abril, às 14 horas.

“Queremos abordar a relação entre os modernistas e a fundação do Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – hoje denominado Iphan, um órgão vinculado ao Ministério da Cultura – e seu papel para a definição dos critérios de julgamento dos bens que passaram a ser considerados como significativos para a concepção de patrimônio nacional”, afirma Ana Paula.

De acordo com a professora, que atualmente se dedica aos projetos de pesquisa “Artistas Modernistas na Coleção do Instituto de Estudos Brasileiros” e “Outros modernismos: produção artística e cultura visual no Brasil, 1920-1940”, o Brasil possui a especificidade de ter nos intelectuais e artistas modernistas o grupo responsável pelos projetos considerados de futuro do país, e pela seleção dos elementos do passado que foram julgados importantes para memória da nação:

“A relevância desse grupo é extraordinária, não apenas para o campo das artes, mas também para as políticas publicas culturais levadas a cabo pelo país ao longo do século 20.”

A professora Telê Ancona Lopez vai abrir o evento, às 17 horas, que acontece de 17 a 20 de abril no auditório da Faculdade de História da FFLCH. Seis temas serão abordados, apresentados por professores do Instituto: “Patrimônio e Modernismo” (Ana Paula Simioni), “Prosa e Memorialismo” (Silvana Moreli Vicente Dias), “Cidade Natureza Ciência” (Jaime Tadeu Oliva), “Poesia: a contribuição de todos os erros” (Fernando Paixão), “Mulheres no Modernismo” (Flávia Toni) e “Erudita, Comercial e Tradicional: debates sobre a música brasileira” (Walter Garcia).

O seminário é gratuito, aberto ao público em geral e não requer inscrição prévia. Quem acompanhar pelo menos cinco mesas de discussão, incluindo a conferência de abertura, receberá um certificado de participação. O endereço da FFLCH é Av. Prof. Luciano Gualberto, 315, Cidade Universitária, São Paulo.

Confira neste link a programação completa.

Mais informações: (11) 3091‐1149, email difusieb@usp.br 

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