IF participa de campanha internacional sobre “Dia Internacional de Física Médica”

A campanha foi idealizada pela American Association of Physicists in Medicine, em comemoração ao "Dia Internacional de Física Médica", comemorado no próximo dia 7 de novembro.

A American Association of Physicists in Medicine iniciou uma campanha internacional com a intenção de aproveitar o Dia Internacional de Física Médica, comemorado no próximo dia 7 de novembro, para aumentar a conscientização sobre essa profissão e chamar a atenção para o papel vital que os físicos médicos desempenham na assistência aos pacientes.

É um ramo da Física essencialmente multidisciplinar, pois ela articula conhecimentos e técnicas específicas da Física, Biologia e Medicina. Atualmente, o profissional físico médico tem ampla área de atuação: trabalha principalmente nas áreas de radiologia diagnóstica e intervencionista, medicina nuclear, radioterapia, radiocirurgia, proteção radiológica, metrologia das radiações, biomagnetismo, radiobiologia, processamento de sinais e imagens biomédicas. Os físicos médicos também participam da elaboração das bases necessárias de medição de variáveis biomédicas, desde calibração de equipamentos e monitoração de controle de radiação até o controle de qualidade.

A utilização de raios X e radioatividade no diagnóstico e na terapia foi responsável pela introdução de físicos no meio hospitalar. Mas o conhecimento não mais se restringe a essa radiação: podemos citar também a biofotônica, em que se tem constatado intenso desenvolvimento de novas técnicas de diagnóstico e terapia. O crescente campo de atuação desses profissionais é uma conseqüência natural do avanço da ciência e da tecnologia.

IF e a Física Médica

A Física Médica no Brasil iniciou-se em 1969, através da disciplina de Física das Radiações na graduação do Bacharelado em Física, no Instituto de Física (IF) da USP. Na época, devido à falta de laboratórios especializados e de equipamentos próprios, alguns hospitais cederam seus equipamentos e instalações físicas.

O IF já formou mais de 30 mestres e cerca de 15 doutores em áreas correlatas à da Física Médica, pelo Laboratório de Dosimetria e pelo grupo de Biofísica e Física Médica do IF, sob a liderança das professoras Cecil Robilotta, Emico Okuno, Marília Teixeira da Cruz e Elisabeth Yoshimura. Além disso, professores deste grupo costumam ministrar disciplinas que fomentam a formação de profissionais na área, como a Física das Radiações, Física do Corpo Humano, Efeitos Biológicos das Radiações Ionizantes e Não-ionizantes, entre outras.

O Grupo de Dosimetria das Radiações e Física Médica do IF também desenvolve pesquisas aplicadas a diferentes áreas na Física Médica. Dentre elas, podemos destacar técnicas e materiais de dosimetria e espectrometria raios X aplicados a fins como tomografia computadorizada, mamografia, proteção radiológica e diagnóstico por imagens.

De Da Vinci até hoje

Leonardo da Vinci pode ser considerado um dos pioneiros da Física Médica graças a seus estudos, no século 16, sobre biomecânica, locomoção humana, movimento do coração e do fluxo sanguíneo no sistema cardiovascular. No século 17, os conhecimentos de óptica levaram à invenção do microscópio, que possibilitou aos médicos uma melhor compreensão sobre anatomia e histologia, bem como a descoberta e o estudo de microorganismos.

A descoberta dos raios X pelo alemão Wilhelm Conrad Röntgen, em 1895, é um marco na Física que continua a exercer um grande impacto na Medicina. Além de render-lhe o primeiro Prêmio Nobel de Física, o trabalho de Röntgen abriu caminhos para estudos que renderiam também o Prêmio Nobel a Antoine Henri Becquerel, Pierre e Marie Curie, pelas observações e interpretações das emissões de partículas provenientes de materiais radioativos (radioatividade). Muitos outros cientistas receberam essa premiação pelos seus trabalhos com a radioatividade.

A utilização da substância rádio no tratamento de câncer de pele foi introduzida logo após a sua descoberta. Porém, rapidamente evidenciaram-se os perigos de seu uso não controlado das substâncias radioativas, pois causaram doenças e mortes em pacientes tratados, inclusive em alguns cientistas pioneiros. Foram criadas, então, as primeiras organizações internacionais responsáveis pelas recomendações de proteção radiológica.

Em 1913, o físico William Duane iniciou um trabalho sobre o uso de fontes de radônio para o tratamento de câncer num hospital em Boston. No mesmo ano, outro físico, Sydney Russ, começou a trabalhar com o mesmo problema no Middlesex Hospital em Londres. Gioacchino Failla, em Nova York, em 1915, iniciou a construção de geradores de radônio, com objetivo de empregar radiações em procedimentos terapêuticos: podemos afirmar que há um século estava criada a Física Médica.
Nos anos 1950, médicos e profissionais de Física Médica já atuavam em conjunto. Nas décadas de 1960 e 1970, foram criadas legislações estabelecendo a atuação desse profissional em algumas áreas médicas, como radioterapia e Medicina nuclear.

No Brasil, a área de Física Médica foi estruturada com a criação da Associação Brasileira de Física Médica (ABFM), em 1969. O nascimento desta Associação teve forte influência de profissionais da USP, idealizada em uma reunião no Centro de Medicina Nuclear da Faculdade de Medicina da USP, teve participação ativa de docentes do Instituto de Física na sua criação e muitos deles têm ocupando a presidência do órgão. Esta Associação é muito respeitada internacionalmente e tem um importante papel de liderança na Física Médica da América Latina, ligada à Associación Latino Americana de Física Médica (ALFIM) e à International Organization of Medical Physics (IOMP).

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