Alunos de Letras exploram as novas possibilidades do mercado de trabalho

Disciplina criada neste ano na FFLCH apresenta aos estudantes a diversidade de atuação que a formação na área proporciona

Disciplina criada neste ano na FFLCH apresenta aos estudantes a diversidade de atuação que a formação na área proporciona

Em 2015, mais de 3 mil estudantes escolheram o curso de Letras como opção no vestibular da Fuvest. Procurado, em geral, por jovens com gosto pela leitura e escrita e facilidade com idiomas, o curso forma profissionais com sólidos conhecimentos linguísticos, capazes de compreender, diagnosticar e intermediar processos comunicativos, perfil que os habilita a atuar em muitas áreas além da docência. “Sempre se pensa na carreira de professor, mas há muitos outros caminhos. E mesmo como professor, devemos pensar além da estrutura tradicional de sala de aula”, afirma a professora Maria Helena da Nóbrega, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP.

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A percepção sobre essa diversidade – muito diferente da época em que se formou no curso, nos anos 80 – motivou Maria Helena a criar a disciplina “Atuação Profissional na Área de Letras”, que está agora em sua segunda turma. O objetivo é apresentar aos estudantes os vários campos em que poderão trabalhar, aproximando-os do mercado e ajudando a planejarem sua carreira. Pouco lembrado, o mercado empresarial, por exemplo, demanda atividades em que o profissional de Letras pode ser valioso. Peças publicitárias, cartas comerciais e relatórios organizacionais exigem não apenas correção gramatical e coerência, mas estratégias comunicativas que os formados na área dominam.

Além do empresarial, a disciplina foca também no mercado educacional e no editorial. “A ideia é conectar os alunos com a vida real”, pontua a professora. Para isso, são propostas atividades que priorizam o entendimento das dinâmicas de mercado, de modo que o aluno participe ativamente da construção dos conhecimentos. Uma delas é a realização de entrevistas com profissionais. “Eles conversam com escritores, professores que dão aula no exterior, editores, entre outros, e conhecem os dois lados da moeda”, conta. Aluno do terceiro ano de Letras, Welton Silva de Souza procurou a disciplina, que é optativa, porque tinha interesse na área editorial. “Além do material da apostila, conversamos e trocamos experiências com quem já trabalha na área, ouvimos dicas de como entrar no mercado, enfim, houve muita conversa e interação”, conta o estudante.

Editoras: presença em todos os processos

No dia 3 de dezembro, como última atividade do semestre, os alunos da disciplina saíram da sala de aula para conhecer de perto a rotina de uma editora, local em que os formados em letras encontram possibilidades em todas as etapas da produção: desde a escolha e edição dos textos, até tradução e revisão, entre outras atividades que envolvem a publicação de livros, sejam de caráter literário, científico ou didático. Em visita à Edusp, puderam descobrir quem são os profissionais por trás das obras e compreender a dinâmica que acontece do recebimento dos textos originais até a distribuição dos produtos acabados.

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Organizada em quatro áreas – editorial, comercial, administrativa e marketing – a Edusp é uma das maiores editoras universitárias do país. Neste ano, com mais três estatuetas, completou o número de 78 prêmios Jabuti. Os alunos conheceram profissionais de todas as áreas da editora e tiraram dúvidas sobre os critérios para a escolha dos livros que serão publicados, os desafios do trabalho de revisão, a relação com autores e as dificuldades do processo de tradução e contratação de profissionais. Conheceram também o diretor-presidente da Edusp, Plinio Martins Filho, que falou aos alunos sobre as atividades da editora. “Somos o intermediário entre quem cria e quem lê, então temos esse compromisso e respeito pelo autor e pelo leitor. Um trabalho que não tem como enganar, pois somos julgados por todos. Só sobrevive o trabalho bem feito”, afirmou.

O mercado de publicações em formato eletrônico, no qual a Edusp vem estudando sua inserção, também deve ser objeto da atenção dos futuros formados em Letras. A professora Maria Helena ressalta que a tecnologia vem definindo o mercado profissional e criando novas atividades e oportunidades.

Docência renovada

O ensino de idiomas é um exemplo de como a tecnologia trouxe novos rumos para os profissionais de Letras. “Podemos pensar além da aula tradicional, por exemplo, pela internet, com aulas ao vivo em vídeo”, explica a professora. Outro campo que pode ser explorado são as aulas de português para estrangeiros. Nessa área é possível, inclusive, construir uma carreira internacional, ensinando em grandes universidades, por exemplo.

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Em seu sexto ano no curso de Letras, Carolina Pacheco conta que já mudou de ideia muitas vezes sobre o caminho profissional que seguirá, e que procurou a disciplina porque queria conhecer as possibilidades além do óbvio. “Foi muito bom para abrir a cabeça. Há pessoas formadas na área que trabalham em emissoras, que escrevem roteiros. Eu acredito que seguirei a carreira acadêmica, trabalhando com pesquisa, mas também gosto muito da área editorial, do trabalho com o texto”, diz.

Para a idealizadora da disciplina, o importante é que os alunos conheçam o mercado e possam fazer escolhas que aliem sua formação com seus objetivos profissionais. “A experiência tem sido muito boa. Eles também me apresentam novas ideias, então podemos melhorar cada vez mais essa disciplina”, afirma.

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