FMUSP realiza treinamento que melhora a audição de idosos

Grupo entre 60 e 79 anos com transtorno de processamento auditivo mostrou bom resultado após técnica acústica.

Mariana Melo / Agência USP de Notícias

A aplicação de treinamento auditivo melhorou o processamento da audição em idosos, conforme estudo da fonoaudióloga Renata Alonso realizado na Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). Entre dois grupos participantes, cuja faixa etária variava de 60 a 79 anos, apenas aqueles que receberam estímulos por intermédio de uma técnica constituída de tarefas acústicas, apresentaram melhoras tanto nos processos auditivos quanto cognitivos.

Na pesquisa Avaliação eletrofisiológica do processamento auditivo (central) e treinamento auditivo em indivíduos idosos, orientada pela professora Eliane Schochat, a fonoaudióloga dividiu os participantes em grupo de estudo e grupo controle. O grupo controle, constituído de 13 pessoas que não apresentavam transtorno de processamento auditivo, recebeu apenas um treinamento visual. O grupo de estudo, com 15 participantes que apresentavam este transtorno, foi submetido a treinamento auditivo durante oito semanas.

O treinamento foi desenvolvido em cabine acústica, na qual os participantes eram expostos a uma variação de estímulos e tarefas auditivas. Os resultados mostraram que o grupo que recebeu apenas estimulação visual — controle — não apresentou nenhuma melhora significantiva, tanto auditiva quanto cognitiva. O grupo de estudo, no entanto, demonstrou melhora no processamento auditivo, na avaliação cognitiva e nos potenciais eletrofisiológicos do ouvido.

Conforto

O Transtorno do Processamento Auditivo corresponde em um déficit no processamento da informação auditiva, que pode interferir até na compreensão da fala. Com o passar dos anos, ocorre degeneração nas estruturas internas do ouvido e a queda do desempenho da audição em idosos repercute no seu conforto e em sua vida social, o que pode prejudicar sua autoestima. Alterações na audição também estão relacionadas com mudanças na cognição, que costuma decrescer na terceira idade.

Os idosos faziam parte do Grupo de Atendimento Multidisciplinar ao Idoso Ambulatorial (GAMIA) do Hospital das Clínicas (HC) da FMUSP. Todos os avaliados na pesquisa eram clinicamente saudáveis e não apresentavam queixas. A pesquisadora disse que o treinamento é mais comumente utilizado em crianças e adolescentes porque esta é a população que mais procura esse tipo de tratamento e que costuma apresentar melhores resultados.

Porém o treinamento aplicado a idosos poderia melhorar a capacidade auditiva deles, segundo Renata, o que implicaria em melhora da cognição, da memória, da compreensão de fala e, principalmente, teria um impacto benéfico na vida social destes. A pesquisadora ainda pensou em acrescentar uma autoavaliação dos participantes em pesquisas futuras, numa forma de identificar nestas pessoas o reconhecimento de que estão escutando melhor e, portanto, estão se sentindo bem.

Mais informações: email realonso@usp.br, com Renata Alonso 

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