Incubadora de cooperativas aposta em economia solidária e cidadã

Projeto de extensão da USP trabalha com a ideia de economia solidária e autogestão de empreendimentos.

A Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (ITCP) da USP é um projeto de extensão vinculado à Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária (PRCEU).

A ITCP auxilia na estruturação de pequenos empreendimentos, prestando assessoria jurídica, econômica, contábil, financeira e administrativa. Porém, mais do que isso, seu principal foco é a formação política das pessoas, com a criação de uma consciência coletiva que saiba lutar por seus direitos na sociedade.

Assim, Incubadora trabalha para o desenvolvimento da Economia Solidária, estimulando a organização autogestionária através da incubação de empreendimentos e fomento à construção de redes e arranjos políticos, econômicos e culturais. Criada em 1998, ela é hoje composta por mais de trinta formadores, entre trabalhadores, estudantes e professores, desenvolvendo projetos em todas as regiões do municipio de São Paulo.

“Todas as pessoas que trabalham aqui estão incomodadas com a situação econômica, política e social do jeito que ela está. Abraçamos essa utopia de alterar os padrões das relações humanas, não só na geração de renda, mas em uma maior politização e não-alienação”, afirma Elisangela Soares.

Economia Solidária

Inspirada principalmente na proposta de educação popular de Paulo Freire, a Incubadora se pauta pelos princípios da autogestão, da interdisciplinaridade, do aprendizado mútuo e da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. Baseando-se sempre nessas vertentes, ela busca estimular a extensão popular através da orientação de grupos que pretendem iniciar um empreendimento de economia solidária.

A economia solidária trabalha com a ideia de que um empreendimento deve ser autogestionário, sem hierarquia e totalmente horizontal – o que deve proporcionar um salto de qualidade na relação patrão-empregado. “Às vezes alguns ganham mais por tempo ou tipo de trabalho, mas na hora de administrar e discutir o empreendimento, todos têm voz e voto”, explica Elisangela Soares.

Essa horizontalidade defendida pelo grupo pode ser observada na própria Incubadora. Com a existência do Conselho Orientador, espaço de deliberação coletiva acerca dos trabalhos desenvolvidos, todos os integrantes participam com os mesmos diretos de opinar. “Tudo é discutido em uma assembleia horizontal, tentando acabar com qualquer hierarquia”, relata Paulo Diaz, funcionário da ITCP.

Atuação

As atividades da ITCP foram iniciadas em 1998 com moradores da região do Rio Pequeno, nas proximidades da USP, o que resultou na formação da Cooperbrilha, hoje referência para empreendimentos de economia solidária.

Nos anos seguintes, diversos grupos foram incubados e parcerias firmadas, consolidando um trabalho social que vai além dos limites da universidade. E é exatamente assim que o grupo enxerga a extensão universitária, algo como uma troca entre a universidade e a sociedade. “Os estudantes estão indo com o conhecimento da universidade, mas as pessoas também tem um mundo de coisas pra nos oferecer”, comenta Elisangela.

Entre os grupos incubados hoje, está o Mãos na Massa, que fabrica barrinhas de cereais. Formado por 10 pessoas, é incubado desde o começo de 2008, em parceria com o Instituto Polis. O projeto teve apoio de estudantes de graduação e mestrado do curso de nutrição da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP.

Outro empreendimento que tem colhido bons frutos é o Vida em Ação, que transforma retalhos da indústria têxtil em artigos de arte, moda e decoração. Situado no extremo sul da capital paulista (região da periferia do Capão Redondo), produz colchas, tapetes, bonecas, bolsas, camisetas, almofadas, pano de prato, entre outros itens, sempre de maneira cooperativa, para buscar novas formas de geração de renda e trabalho.

A Incubadora também orientou a Cooperativa Monte Sinai, restaurante da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP. A cooperativa existe desde 2004, quando os ex-funcionários passaram a gerir o restaurante após a saída da antiga proprietária, com o apoio da ITCP para autogerir o empreendimento.

A Incubadora também apoia diversos projetos e oferece oficinas e cursos para outras instituições, auxilia na constituição de incubadoras em outras universidades e acompanha os grupos que já se desligaram do projeto. “Depois de um certo tempo, o grupo começa a andar sozinho, mas nossa relação continua sendo de parceria”, completa Elisangela.

Mais informações: www.itcp.usp.br 

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