Prova de tranferência para a USP mantém vivo sonho de 3 mil alunos

Mais de três mil alunos de outras universidades se inscreveram para a prova de transferência. Eles concorrem a 1.064 vagas oferecidas pela USP.

No último domingo (29) mais de 3 mil alunos de outras instituições de ensino superior realizaram o exame de transferência para a USP. São 1.064 vagas oferecidas para 2013, e o processo é composto de duas fases – a primeira realizada pela Fuvest, e a segunda pelas unidades da USP em que os cursos são ministrados. O gabarito da primeira fase foi divulgado no site da Fuvest, enquanto a lista de aprovados para a segunda fase sai no dia 10 de agosto.

Para conseguir uma das vagas, o candidato pode estar cursando a graduação ou com a matrícula trancada na faculdade de origem neste semestre, mas de qualquer maneira deve estar regularmente inscrito no primeiro semestre de 2013 para que a transferência seja efetivada.

Ao todo, foram 3.086 inscritos no processo, 1.994 só na capital. Das vagas, 159 são para as áreas de humanas, 178 para biológicas e 727 para exatas. O curso mais concorrido é o de Direito em Ribeirão Preto, com 247 candidatos para apenas 4 vagas (61,75 candidato/vaga), seguido de Engenharia Civil em São Carlos, com 82 candidatos para 2 vagas (41 c/v) e Arquitetura, com 252 candidatos para 7 vagas ( 36 c/v). Em números absolutos, Ciências Econômicas fica com o primeiro lugar, com 254 inscritos, seguido dos já mencionados Arquitetura e Direito.

Por outro lado, alguns cursos tiveram baixa ou nenhuma procura. Gerontologia na USP Leste, Fonoaudiologia em Bauru, e mais quatro outros cursos não tiveram inscrições. Bacharelado em Física, Matemática e Ciências da Natureza para o Ensino Fundamental são alguns dos cursos que tiveram menos candidatos que vagas.

Clima de vestibular

Mais de uma hora antes da abertura dos portões já se via um grande aglomerado de “vestibulandos” prontos para realizar a prova. Apesar de não ser o exame tradicional da Fuvest e todos esses candidatos já estarem cursando o ensino superior, o clima de vestibular era notório, como a presença desde propaganda de cursinhos específicos para a prova de transferência, até ambulantes vendendo canetas e lanches. Nervosismo e segurança eram sentimentos que se misturavam entre os presentes.

Débora Moreira Costa está tentando uma das três vagas para o curso de veterinária. Acompanhada de sua mãe, a candidata de 19 anos mostrava-se confiante, apesar de não esconder que tinha uma pontinha de nervosismo. Além do ingresso na USP, a transferência seria a chance da estudante ficar mais perto da família, em São José dos Campos, já que a Universidade Federal de Viçosa (UFV), em Minas Gerais, “é bem longe”, como lamentou a mãe.

Outra candidata acompanhada, Yasmin Silva, tentava passar o tempo e espantar a ansiedade em uma acirrada “guerra de dedões” com seu namorado, Gustavo Querubim. Yasmin diz não ter estudado muito, mas acredita num bom resultado. “A primeira fase tem um nível razoável, é mais tranquilo”, disse a estudante, que compete por uma vaga em Ciências Atuariais e que chegou de viagem há pouco tempo. “Cheguei na quinta-feira de Natal (RN), e estou bem relaxada pra fazer a prova”, comentou.

Outra cena comum antes dos exames são candidatos fazendo aquela revisão de última hora – e aqui não foi diferente. Concentrado, o estudante de Engenharia Elétrica André Felipe Bezerra fez cursinho específico para a prova de transferência e se mostrava seguro. “Fiz um cursinho de um mês para me preparar. Era bem puxado e, além do que eles davam, complementei com outros materiais meus”, diz o candidato, que veio de Palmas (TO) e cursa uma faculdade particular com bolsa de estudos. Perguntado sobre a concorrência, André foi taxativo: “Assusta, mas a gente tem que fazer a nossa parte. Eu me dediquei bastante e estou confiante. O vestibular da USP é diferenciado e sempre vai ter concorrência”, acrescentou.

Apaixonada pela carreira de enfermagem, Lilian Caroline Fernandes acredita que a prova de transferência é mais difícil que o vestibular comum, mas ainda assim, não perde as esperanças. Ela não passou para a segunda fase por apenas duas questões na última prova da Fuvest, mas foi aprovada em universidades públicas de outros estados e atualmente estuda na Feredal de Ponta Grossa (UFPG), no Paraná. Da carreira que escolheu, ela não tem dúvidas: “amo o que estou fazendo”, declarou a jovem de apenas 17 anos.

O processo seletivo

A prova da primeira fase, organizada pela Fuvest, teve 80 questões de múltipla escolha divididas pelas áreas de cada curso pretendido. Para as carreiras de humanas, a prova continha 34 questões de português, 12 de inglês e 34 de cultura contemporânea, que envolviam questões, principalmente, de história, geografia e atualidades. Para as carreiras de biológicas, 24 de português e 12 de inglês, 22 de bioquímica e 22 de genética. Os exatóides respondiam 24 de português, 12 de inglês, 22 de física e 22 de matemática. O tempo máximo para a resolução da prova era de 4 horas.

Passarão à segunda fase três candidatos por vaga, exceto para o curso de música, para o qual serão selecionados oito candidatos por vaga. A lista de aprovados sairá no site da Fuvest no próximo dia 10. O candidato não pode zerar nenhuma seção da prova para não ser eliminado do processo. Algumas unidades exigem critérios diferentes. O Instituto de Matemática e Estatística (IME), por exemplo, requer que o aluno obtenha pelo menos 50% de acertos em Matemática, enquanto que a Escola Politécnica (Poli) exige acerto mínimo de 30% da prova geral, equivalente a 24 questões. As exigências de cada unidade estão disponíveis no manual do candidato.

Algumas unidades abrirão edital próprio de transferência, como o Instituto de Física de São Carlos (IFSC), que já adiantou que oferecerá 103 vagas. A Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) também fará processo seletivo próprio. Além da prova na cidade de São Paulo, Bauru, Campinas, Lorena, Piracicaba, Pirassununga, Ribeirão Preto, Santos e São Carlos também tiveram candidatos realizando o exame. 

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