Exposição no MAC Ibirapuera questiona unidade do modernismo brasileiro

Exposição no MAC Ibirapuera discute conceitos unitários sobre a arte do movimento modernista brasileiro, mostrando suas várias vertentes.

Ao longo do tempo, consolidou-se a visão do modernismo brasileiro como um fenômeno de produções agrupadas em uma única visão. A exposição Modernismos no Brasil, porém, aberta no Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP nesta quinta-feira (6), mostra que o período teve vertentes com demandas estéticas tão diversificadas que algumas vezes até se opunham entre si.

O modernismo no Brasil é geralmente definido como um período artístico aflorado em São Paulo na década de 20, com a produção individual de Anita Malfatti, e que se constituiu numa vontade coletiva, culminando na fundação do Museu de Arte Moderna de São Paulo. Segundo Tadeu Chiarelli, diretor do MAC, a ideia seria que a exposição problematizasse essa visão do modernismo no país como um “deslizamento utópico de acontecimentos”.

“O que a gente quer mostrar é que não houve um só modernismo no Brasil, mas vários. Por mais próximas que estivessem Anita Malfatti e Tarsila do Amaral, suas posturas estéticas eram muito diferentes”, afirma ele.

A exposição é fruto do estudo do modernismo desenvolvido durante toda a carreira por Chiarelli, que também é professor do Departamento de Artes Plásticas (CAP) da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP.

Para o docente, a função de um museu universitário de arte é poder trazer à tona questionamentos que as próprias obras de arte fazem entre elas mesmas. Problematizar os cânones que estão estabelecidos, por sua vez, é papel da universidade. O MAC, como um dos museus brasileiros com mais obras modernistas importantes, tem a possibilidade de organizar uma mostra muito valiosa da história do período.

“Essa exposição contempla esse questionamento, por um lado, e por outro possui muitas obras que não eram exibidas há alguns anos, então há uma grande expectativa do público para revê-las ou mesmo conhecê-las.”

Exposição

A exposição terá cinco blocos que agruparão obras de características comuns, e o visitante poderá transitar entre eles sem nenhuma ordem pré-estabelecida. A escolha e disposição das obras foram feitas por Chiarelli, que contou com a opinião de seus alunos da graduação. Além disso, foi realizado um trabalho conjunto entre a curadoria, a museologia e um arquiteto para que o local do evento fosse adaptado de acordo com as exigências estéticas.

Entre entre as obras expostas, estão as dos artistas Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Flávio de Carvalho, Di Cavalcanti, Paul Klee e Pablo Picasso. Tal diálogo da produção nacional com a internacional pretende suscitar um debate sobre a dimensão estética do período e sua complexidade. “Como o MAC tem uma coleção muito significativa de modernismo internacional, eu achei que poderia ser interessante para o público, sobretudo para o universitário, poder ver o modernismo brasileiro dentro de um contexto internacional”, comenta Chiarelli.

Além de estudantes, os organizadores da exposição esperam que qualquer pessoa interessada possa refletir sobre o período e pretendem que ela estimule o gosto pela arte não somente como decoração.

Serviço

A exposição é gratuita e será inaugurada nessa quinta-feira (6), às 19 horas. Ela estará aberta ao público de terça-feira a domingo, das 10 às 18 horas, e vai até o dia 29 de janeiro de 2012. O local é o MAC Ibirapuera, no Pavilhão Ciccillo Matarazzo, 3° piso.

O Parque do Ibirapuera fica na Av. Pedro Álvares Cabral, Moema, São Paulo.

Mais informações: (11) 5573-9932, site www.mac.usp.br

Scroll to top