Língua e Arquitetura se encontram em evento sobre patrimônio cultural

É a primeira edição do evento, que ocorre entre os dias 29 de novembro e 01 de outubro e tem como principal objetivo estabelecer relações acadêmicas e agregar pesquisas.

Quando definida como construção com intenção estética, a arquitetura é entendida como arte. Pensada como forma de expressão individual e coletiva, é também uma linguagem. Mas sua aproximação com as línguas vai ainda mais além destas relações. Tanto a arquitetura quanto os idiomas fazem parte do patrimônio cultural dos povos.  E refletir sobre este patrimônio, a partir do viés da língua portuguesa, é justamente a premissa da primeira edição de um evento organizado na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP.

Entre os dias 29 de outubro e 01 de novembro, a faculdade sedia o seminário internacional Espaços Narrados: a construção dos múltiplos territórios da língua portuguesa – que mesmo tendo lugar numa escola de arquitetura, apresenta forte caráter multidisciplinar.

A ideia do seminário surgiu a partir de um movimento de aproximação das escolas de arquitetura de países lusófilos. “Há uma vontade de interlocução, que surgiu espontaneamente, a partir de iniciativa do ex-diretor da FAU, professor Silvyo Sawaya, de possibilitar interlocuções de países de língua portuguesa”, explica o professor Luís Antônio Jorge, membro do comitê organizador do seminário.

Língua como cultura

“O seminário foi organizado para que pudéssemos nos colocar em contato e pensarmos como é que compreendemos os espaços, como ocupamos o território, construímos cidades, como habitamos. Para discutirmos juntos o nosso patrimônio”, diz Luís Antônio. Para o professor, é a língua portuguesa a principal estrutura que define nossa cultura. “A língua  não é só um mero instrumento de comunicação entre nós, mas é  forma de expressar como percebemos o mundo, e como transmitimos nosso conhecimento sobre ele”, continua. Nesse sentido, os cadernos de viagem que aliavam desenho e palavra, e os relatos sobre hábitos e costumes são todos campos de interesse para os pesquisadores.

Não apenas as narrativas, mas a literatura de ficção também forma um modelo estético e carrega um ideal de identidade e, por isso, é abordada no seminário. “O modernismo brasileiro, por exemplo, trouxe uma vontade de experimentação, de inovação estética. Há autores que utilizaram a língua portuguesa para ampliar o conhecimento estético e a própria imagem. Podemos citar João Cabral [de Melo Neto], aqui no Brasil, que tem uma língua que se desenha à medida do espaço, que revela e também inventa”, afirma o docente.

Programação

O primeiro dia do evento (29 de outubro) é reservado à abertura, que contará com apresentação dramática da obra do escritor Guimarães Rosa pelas crianças do Grupo de Contadores de Estórias Miguilins, de Cordisburgo, de Minas Gerais, acompanhado pelas atrizes Dôra Guimarães e Elisa Almeida. Nessa data, também será aberta exposição sobre a obra do arquiteto Pancho Guedes, com a conferência da curadora Ana Vaz Milheiro. A exposição terá duas semanas de duração.

Os próximos dias trarão conferências com representantes das duas áreas com importância reconhecida mundialmente, como o arquiteto Paulo Mendes da Rocha (vencedor do Prêmio Pritzker de 2006) e o autor moçambiquenho Mia Couto, além de mesas redondas . Os temas incluem “Espaços revelados na literatura e na língua portuguesa”, “A memória como narrativa e constituição do patrimônio e da cultura”, “O discurso da imagem: narrativas não-verbais da arquitetura e da cidade”, “A viagem e a constituição do campo da arquitetura e do urbanismo”, e “As viagens: narrativas e cartografias como conhecimento do espaço, da paisagem e das cidades”.

Paralelamente, trabalhos divididos em sub-temas, serão apresentados em sessões individuais. A diversidade dos trabalhos submetidos surpreendeu os organizadores. “Nós temos trabalhos de ótima qualidade. Pessoas que estão no topo da pirâmide acadêmica, e por isso foram convidadas para palestrar, mandaram seus trabalhos. Isso é uma espécie de termômetro da qualidade do seminário”, diz Jorge Bassani, professor da FAU e membro do comitê organizador.

Serviço

As inscrições para o o seminário internacional Espaços Narrados: a construção dos múltiplos territórios da língua portuguesa, que acontece a partir de 29 de outubrodevem ser feitas pelo site do seminário. As taxas variam de R$ 275,00, para participantes profissionais a R$75,00, para discentes. Professores pagam R$ 150,00.

A programação completa também pode ser conferida no site. A FAU fica na Rua do Lago, 876, Cidade Universitária, São Paulo.

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