Universidade discute impacto dos rankings acadêmicos

Sistemas internacionais de avaliação de universidades foram discutidos por especialistas do Brasil e do exterior em evento promovido pelo Sistema Integrado de Bibliotecas (Sibi) da USP

Do Jornal da USP

Para discutir a importância dos sistemas de ranking universitário internacional para as universidades latino-americanas e brasileiras, o Sistema Integrado de Bibliotecas (Sibi) da USP promoveu, no dia 22 de outubro, o Simpósio Internacional Rankings Universitários e Impacto Acadêmico na Era do Acesso Aberto. O evento comemorou a 15ª Semana do Livro e da Biblioteca da USP e a Semana Internacional do Acesso Aberto.

O simpósio reuniu especialistas do Brasil e do exterior. Durante o encontro foi lançado o novo Portal de Revistas da USP e a Biblioteca Digital da Produção Intelectual da USP. Também foi firmado convênio com o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), órgão do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), que torna o Sibi um centro multiplicador do Sistema Eletrônico de Editoração de Revistas para a Região Sudeste do País.

Para o reitor da USP, João Grandino Rodas, presente na abertura do evento, há poucos anos não se falava muito dos rankings, e hoje existe uma série de classificações e posições para uma instituição de ensino. “Os rankings vieram para ficar e ditarão as condutas das universidades, por isso a biblioteca digital manterá o ranking da USP em pontos adequados para que possamos galgar degraus cada vez mais altos”, afirma.

“Os rankings vieram para ficar e ditarão as condutas das universidades”.

Segundo Emir José Suaiden, diretor do IBICT, uma biblioteca universitária tem grande importância, por isso se investe tanto em portais virtuais. “Estamos cobrando as universidades de todo o Brasil para que tenham seus repositórios virtuais”, explica.

Problemas

Vicente Pablo Guerreiro, diretor da SCImago Institutions Rankings, empresa norte-americana, apontou alguns problemas dos indicadores compostos usados pelos rankings. Para ele, esses indicadores algumas vezes estão incorretos porque as funções avaliadas são independentes, e por isso um determinado ranking não se encaixa nos objetivos de algumas universidades, pois cada uma tem uma missão diferente da outra. “As ponderações não devem ser as mesmas”, defendeu.

Guerreiro afirmou que, para os pesquisadores melhorarem sua posição nos rankings de investigação, é preciso publicar nos canais de base de dados reconhecidos, ter citações de qualidade, selecionar as fontes, aumentar a quantidade de publicações e ter boas práticas de colaboração e liderança com outros pesquisadores. Quanto às instituições, estas devem estabelecer políticas de incentivo, melhorar a qualidade da investigação científica, aumentar a produção e melhorar a seleção das publicações.

Para a jornalista Elizabeth Gibney, que no simpósio representou o Times Higher Education, ranking elaborado pelo jornal londrino The Times, as universidades são muito complexas e, por isso, transformá-las em números é algo intangível. No entanto, disse, os rankings hoje são importantes instrumentos para que os futuros alunos façam suas escolhas. “Fizemos uma entrevista com jovens e 33% deles afirmaram que a posição no ranking e a reputação da instituição são dados fundamentais para sua escolha”, ressaltou.

Outro dado relevante apresentado por Elizabeth é que 40% dos papers de pesquisa publicados pelas 200 maiores universidades do mundo apresentam coautoria internacional. “É muito importante que as universidades mostrem em suas publicações que apresentam uma perspectiva global.”

Elizabeth concorda com Guerreiro nas questões das citações, que devem seguir a normatização recomendada e possam ser utilizadas por outros pesquisadores no mundo todo. Por isso, publicar em inglês se faz importante.

Ela lembra que o acesso aberto aumenta a pontuação das citações e os rankings sempre olham as bases de dados. Afirma ainda que é importante que as universidades latino-americanas aumentem a participação de professores internacionais, bem como o número de publicações no exterior. “É preciso dar maior visibilidade para o que se faz em suas instituições e para isso é preciso colaborar cada vez mais com universidades não só dos Estados Unidos e da Europa, mas também dos países orientais, adquirindo assim uma visibilidade mais global.”

Discrepâncias

Isidro Aguillo, diretor-executivo do Webometrics, ranking mundial de universidades na web elaborado pelo Laboratório de Cibermetria do Centro Superior de Investigação Científica (CSIC) da Espanha, concorda que se deve aprender a competir com o mercado internacional, uma vez que mais de 4 milhões de estudantes estão fora de seus países de origem, sendo a maioria da China, Índia e Coreia.

Ele fez um alerta: “Temos que ser críticos com os rankings, procurar entender como funcionam, como utilizá-los, perceber as discrepâncias, buscar a qualidade e não somente o tamanho do valor agregado”.

“Temos que ser críticos com os rankings, procurar entender como funcionam, como utilizá-los, perceber as discrepâncias, buscar a qualidade”.

Outros participantes do simpósio foram Aldo de Pape, do Altmetrics, e Greg Gordon, da Social Science Research Network (SSRN). Pape explicou que o Altmetrics é um sistema que analisa a situação de artigos pelas redes sociais. É um indicador alternativo que mostra como é possível fazer a mensuração de qualidade pelas redes. Ele afirmou que, para chamar a atenção na rede, é preciso ter uma estratégia de engajamento social na mídia, incluir links no identificador único de objetos – DOI (Digital Object Identifier) – e ter o artigo em acesso livre.

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