Sistema informatizado melhora segurança do paciente, aponta estudo da EERP

Hospital deve ter sistema informatizado de notificação voluntária de incidente, em vez de sistema manuscrit.

Camila Ruiz / Assessoria de Imprensa da EERP

Pesquisa na Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP conclui que, para melhorar a segurança do paciente, o hospital deve possuir sistema informatizado de notificações voluntárias de incidentes, em vez de um sistema manuscrito.

A pesquisa, explica a farmacêutica e autora do trabalho, Helaine Carneiro Capucho, comparou um sistema manuscrito e um informatizado de notificações voluntárias de incidentes e queixas técnicas relacionadas à saúde, implantado no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP) da USP. Em 2010, o hospital possuía 866 leitos ativos, mais de 6.000 funcionários, 36 salas cirúrgicas, 428 consultórios/salas de atendimento e mais de 3.000 pacientes diariamente.

Entre 2001 e julho de 2010, o serviço de notificação encaminhava as ocorrências ao Serviço de Gerenciamento de Riscos do hospital. A partir de agosto de 2010, o processo foi absorvido pelo Sistema Informatizado de Gerenciamento de Riscos e Segurança do Paciente. Analisando os dados em dois períodos diferentes no ano de 2010, observou um total de 1089 notificações de incidentes e queixas técnicas em saúde, sendo 421 manuscritas e 668 informatizados. “Com isso, a taxa de notificação no sistema informatizado foi 62,3% maior que no manuscrito, indicando ser vantajoso implantar sistemas informatizados para se obter mais notificações”, afirma.

Ela garante que as notificações no sistema informatizado aumentaram, pois o método é visto pela equipe de saúde como livre de punição, por ser mais simples e mais seguro para o envio de informações, e também pela curiosidade, que levou a adesão do sistema. Apesar de ter detectado falhas nos dois sistemas, o informatizado se mostrou mais eficiente. “Quanto à classificação correta do incidente, 26,1% das notificações manuscritas não foram classificadas corretamente pelo notificador, enquanto que no sistema informatizado a classificação incorreta ocorreu apenas em 8,7% dos casos”.

Qualidade

Outro fator importante foi em relação à qualidade das notificações, avaliada quanto à legibilidade e presença de rasuras. Das notificações manuscritas 36,8% foram consideradas ilegíveis e 22,3% continham rasuras, o que prejudica a compreensão, análise dos problemas e tomada de ações para evitar recorrências. “A notificação pelo sistema informatizado elimina qualquer possibilidade de falta de legibilidade e rasura”.

Helaine afirma que as notificações encaminhadas pelos dois sistemas podem ser utilizadas para identificação de incidentes, mas que o sistema informatizado se mostrou mais vantajoso devido ao aumento do número de notificações; realização das notificações nas 24 horas do dia, todos os dias, mesmo nos finais de semana e feriados; maior qualidade dos relatos; eliminação da ilegibilidade e rasuras; ampliação da participação dos diferentes profissionais; e a facilidade para realização de análises.

“O envio imediato e sem intermediários de relatos espontâneos pode ter gerado sensação de maior confiabilidade no processo, especialmente quanto à garantia de sigilo sobre a identificação do notificador, o que o estimulou a relatar” conclui a autora.

A tese “Sistemas manuscrito e informatizado de notificação voluntária de incidentes em saúde como base para a cultura de segurança do paciente” teve orientação da professora Silvia Helena De Bortoli Cassiani e foi realizada no Programa de Pós-Graduação em Enfermagem Fundamental, com defesa em julho de 2012.

Mais informações: (16) 3602-3393

Scroll to top