Pesquisa da FEARP destaca baixo nível de independência de empresas do setor agrícola

Predominância de pequenas empresas, falta de credenciamento dessas empresas junto à OCB e falta de rotatividade recomendada podem influenciar independência das auditorias

Da Assessoria de Comunicação da FEARP

O setor de cooperativas agrícolas no Brasil é composto por 1,5 mil organizações, gera mais de 146 mil empregos diretos e possui 946 mil associados. Entretanto, uma pesquisa desenvolvida pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEARP) da USP, aponta para o risco do não cumprimento de regras básicas de Governança Corporativa, principalmente no que se refere à independência e especialização das empresas de auditoria com relação à gestão das 72 maiores cooperativas.

O estudo que analisou cooperativas que constam na lista das Maiores e Melhores nos anos de 2005 e 2009 da Fipecafi identificou que as menores empresas de auditoria têm grande representatividade no mercado de auditoria para as cooperativas. No último ano pesquisado, 2009, esse número chegou a 83,64% das 55 cooperativas enquanto as quatro grandes empresas que atuam no setor (KPMG, PWC, Deloitte ToucheTohmatsu, e BDO Trevisan) auditaram apenas 16,36% das cooperativas da amostra.

A pesquisa destaca que, há uma fundamentação teórica que demonstra a importância do porte das empresas de auditoria para sua independência, uma vez que há risco nos processos de auditoria em situações em que poucos clientes representam parcelas substancias do faturamento de uma única empresa de auditoria. O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) aponta também para a importância dos processos de auditoria externa independente nos processos de governança corporativa.

Outro risco para a qualidade da Governança Corporativa é a falta de credenciamento dessas empresas junto à OCB, que é o órgão de representação do cooperativismo brasileiro. De acordo com a Lei das Cooperativas (nº 5.764-71), as cooperativas devem aprovar o seu balanço geral e relatório do exercício nas Assembleias Gerais Ordinárias. As melhores práticas de governança corporativa indicam que esses balanços sejam auditados por auditorias independentes, e o estudo indica que pela especificidade das organizações cooperativas, seria indicado que essas empresas de auditoria fossem credenciadas para o fim de que essas conheçam as características particulares de uma cooperativa. Porem, das 42 empresas que prestaram serviços em cooperativas, entre 2005 e 2009, apenas 21 delas, (50%) constam na relação de credenciadas da OCB.

Um terceiro fator apresentado na pesquisa é a falta de rotatividade. Embora os códigos de governança indiquem a necessidade de rotatividade das empresas de auditoria externa pelo menos a cada cinco anos essa prática não é seguida por cerca de metade das cooperativas.

Dentre as cooperativas que fizerem parte do Ranking Maiores e Melhores nos anos de 2005 até 2009, 47,62% – quase a metade – não procederam a rotação de suas empresas de auditoria, permanecendo com as mesma empresa por longo período. Dentre as empresas que aparecerem no ranking apenas 30% efetuaram a rotatividade como indicado nos códigos de governança. Essa característica, em certas circunstancias, pode comprometer a qualidade e o resultado da auditoria e não contribui para a transparência das contas das cooperativas para com os seus associados.

Mais informações: site www.fearp.usp.br

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