Alunos e comunidades carentes entram em ação na Jornada da Saúde

Projeto de extensão reúne alunos dos cursos de Enfermagem, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina, Nutrição e Terapia Ocupacional.

Ensino e pesquisa da universidade articulados para promover a extensão: é essa a proposta da Jornada Universitária da Saúde (JUS) da USP, projeto formado por alunos dos cursos de Enfermagem, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina, Nutrição e Terapia Ocupacional.

Criada em 2007 por alunos da nutrição que participavam de projeto semelhante, a Jornada Científica dos Acadêmicos de Farmácia de Bioquímica (Jcafb) da USP, a JUS acompanha uma cidade carente do Estado de São Paulo por três anos consecutivos, com o objetivo de juntamente com ela desenvolver ações duradoras que tragam melhorias para a saúde de sua população.

“A JUS aplica os conhecimentos gerados pela universidade em uma comunidade e desenvolve uma conscientização sobre temas da saúde. Mas não é um projeto de mão única: a cidade tem oportunidade de trazer suas demandas e atuar junto com o jornadeiros”, afirma Marina Pilotto, coordenadora geral da última jornada.

Não é um projeto de mão única: a cidade tem oportunidade de trazer suas demandas e atuar junto com o jornadeiros.

A primeira viagem da Jornada aconteceu entre 2007 e 2009 na cidade de Palmares Paulista, interior de São Paulo, e ela acaba de terminar um ciclo de três anos em Barra do Chapéu, no sul do Estado.

A Jornada

O projeto fica três anos em cada cidade, e a cada ano desses três possui objetivos diferentes. No primeiro, a ideia é conhecer o local e as demandas da população em relação à saúde. No segundo, dar início a uma intervenção com base nos dados levantados e identificar multiplicadores que possam levar as ideias adiante. O último ano é dedicado para avaliar os resultados dos outros anos e, com base neles, fazer propostas mais estruturadas para a prefeitura junto com os multiplicadores.

“Nossa ideia é que o projeto seja uma troca com a cidade, para que ela também participe da elaboração das atividades e, depois que o projeto for embora, se torne autossustentável”, comenta Marina.

Por volta de 70 alunos são selecionados por ano para participar da jornada, através de dinâmicas e entrevistas individuais. Com os jornadeiros escolhidos, cada curso promove reuniões semanais de abril até agosto para fazer o levantamento das demandas da cidade e desenvolver as atividades que serão realizadas. A viagem acontece em setembro, no feriado da semana da pátria.

A cidade é escolhida através do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), do número de habitantes (é preciso que tenha menos de 10 mil), da facilidade de transporte e da aceitação e colaboração da prefeitura. Além disso, ela deve estar localizada no Estado de São Paulo.

Atividades de orientação

Os estudantes são divididos em grupos populacionais, como idosos, gestantes, crianças e adolescentes, e cada grupo realiza atividades para o seu público-alvo. Os idosos, por exemplo, participam de rodas de conversa e oficinas culinárias, enquanto que para as crianças são promovidas atividades lúdicas, teatros e brincadeiras.

“Os alunos desenvolvem materiais lúdicos para explicar temas de saúde que são um pouco mais complexos e torná-los compreensíveis para a população”, explica Marina.

Os trabalhos de campo são realizados com visitas às casas das pessoas, sendo que cada ano é escolhido um tema de acordo com as necessidades da população. No último ano, o tema eleito para Barra do Chapéu foi o uso correto de medicamentos.

Outra atividade são as campanhas de saúde, compostas por mesas temáticas que seguem um fluxo determinado e são divididas por temas relevantes da saúde. Além disso, são oferecidos também cursos de capacitação para os agentes comunitários de saúde e exames de glicemia capilar e pressão arterial.

Barra do Chapéu

A última cidade visitada pelo projeto, Barra do Chapéu, possui aproximadamente cinco mil habitantes e é um dos municípios com pior IDH do Estado.

O tema do uso de medicamentos foi escolhido tanto pela necessidade da população quanto pelos dados do próprio sistema de saúde da cidade. As orientações foram oferecidas no que se refere ao armazenamento dos medicamentos, as datas de validades e o seu descarte. Segundo Marina, os três anos que o projeto ficou na cidade contribuíram para diminuir a proporção de descarte incorreto e aumentar a devolução para as Unidades Básicas de Saúde (UBS).

Outro resultado importante foi a conscientização dos agentes comunitários de saúde. “As enfermeiras se mostraram mais bem informadas e as equipes das UBS desenvolveram uma visão diferente sobre saúde, não somente como ausência de doenças mas como um bem-estar físico, mental e social”, aponta Marina.

Além disso, as campanhas realizadas contribuíram para uma maior sensibilização da população com relação aos problemas de saúde, como diabetes, hipertensão e problemas respiratórios, além de higiene pessoal e alimentação saudável.

Para Marina, além dos resultados obtidos e das propostas formuladas para a cidade, o projeto cumpre sua função também no sentido de melhorar a formação profissional dos jornadeiros. “Para os estudantes, é uma atividade enriquecedora ter contato com uma comunidade e saber como é lidar com o público, o que dentro de alguns anos servirá também para suas carreiras”, completa.

Mais informações: página do Facebook ou email jus_usp@yahoo.com.br

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