Internacionalização da empresa não garante lucro inicial, revela pesquisa da FEARP

Dados de 219 empresas do BRICS foram submetidos a um software estatístico que mediu os rendimentos delas conforme foram se dando suas expansões internacionais

Mariana Melo / Agência USP de Notícias

A internacionalização de empresas não apresenta benefícios em um primeiro momento, segundo a análise do administrador Álisson Maxwell Ferreira de Andrade, descrita em pesquisa da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEARP) da USP. O estudo identificou que a expansão internacional de empresas dos países do bloco formado por China, Brasil, Índia, Rússia e África do Sul (BRICS) só terá desempenho positivo quando a empresa atingir o valor de 54% na proporção entre vendas no exterior e vendas totais. “Os retornos se tornam positivos a médio e longo prazo, conforme a empresa vai se estabelecendo e ganhando experiência no contexto internacional” diz Andrade.

Segundo o pesquisador, é importante os gestores se prepararem, no início das suas estratégias, com recursos a mais no caixa, entre outras medidas, constituindo a chamada folga organizacional. Tais medidas são importantes para que as empresas não se prejudiquem com as turbulências da economia mundial, principalmente quando estão começando a expandir-se nos mercados externos, porque, apesar da internacionalização ser tida como uma “receita de sucesso”, a pesquisa apontou que nos estágios iniciais as empresas apresentaram desempenho negativo.

Esses apontamentos estão no mestrado Os efeitos da expansão internacional sobre o desempenho de empresas multinacionais (EMNs) de economias em desenvolvimento: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (BRICS), que foi realizado na FEARP, sob orientação da professora Simone Vasconcelos Ribeiro Galina.

Exportações

Internacionalização é o grau de expansão das atividades de uma empresa no exterior. É medida por atuações da empresa como multinacional, vendas, movimentação financeiras, número de funcionários que trabalham em outros países, entre outros. Na sua dissertação, Andrade considerou empresas que vendiam produtos no exterior, sem serem, necessariamente, multinacionais. Segundo ele, talvez esse fosse um ponto que levantasse questionamentos em seu trabalho, no entanto, o conceito geral de internacionalização admite empresas cuja atividades internacionais se concentrem somente nas exportações.

A análise foi feita com base nos dados fornecidos pelas agências Thomson One e Compustat Data. Ao todo, dados de 219 empresas do BRICS foram submetidos a um software estatístico. O software mediu os rendimentos a partir dos estágios da expansão internacional das empresas. Segundo o administrador, países como a China e, principalmente, a Índia concentraram e direcionaram os resultados, por serem, justamente, as economias em maior expansão do bloco estudado.

Os países do BRICS correspondem às maiores economias em desenvolvimento do mundo, com características semelhantes de infraestrutura, população e crescimento econômico, este último, inclusive, crescente nas últimas décadas, em detrimento às sucessivas últimas crises econômicas e financeiras globais.

Mais informações: email alissonmaxwell@bol.com.br, com Álisson Maxwell Ferreira de Andrade

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