FAU tem primeira defesa de doutorado em cotutela com Sorbonne

Christiane Wagner escreveu versões em português e francês de sua tese “Estética: imagem contemporânea – Análise do conceito inovação” e depositou-as, na língua respectiva, nas faculdades dos dois países.

Paulo Hebmüller, do Jornal da USP, especial para o USP Online

A primeira defesa de doutorado em cotutela entre a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP e a Universidade Sorbonne Paris I – Artes Plásticas foi realizada no dia 22 de janeiro na FAU Maranhão, sede dos programas de pós-graduação da unidade. A autora do trabalho, Christiane Wagner, escreveu versões em português e francês de sua tese “Estética: imagem contemporânea – Análise do conceito inovação” e depositou-as, na língua respectiva, nas faculdades dos dois países.

O bilinguismo esteve presente também na defesa. Um acordo entre as instituições permitiu que Christiane fizesse uma sessão única para obtenção do título na USP e na Sorbonne, alternando o português e o francês, de acordo com a arguição. “Foi cansativo”, reconhece a nova doutora.

Fizeram parte da banca os professores Issao Minami (da FAU), orientador do lado brasileiro, Adolpho Melfi (ex-reitor da USP e professor visitante ou associado de várias universidades francesas) e Paulo de Tarso Oliveira (vice-reitor do Centro Universitário de Franca). Pela Sorbonne, participaram os professores Jacinto Lageira e Marc Jimenez, orientador do lado francês.

O doutorado foi concluído em três anos: um no Brasil, um na França e o terceiro na “ponte aérea” entre os dois países. Christiane já estava acostumada com essa rotina: nascida em São José dos Campos numa família com ascendência alemã, ela tem dupla cidadania e alternou Brasil e Alemanha em sua formação.

No país europeu, estudou na Academia de Comunicação e Design de Frankfurt e, no Brasil, fez graduação em Desenho Industrial no Centro Belas Artes e mestrado na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP.

Intercâmbio

Algumas unidades da USP já mantêm convênios com a instituição francesa, mas a FAU não estava entre elas. Por possuir cidadania europeia e brasileira e uma formação que considera “bicultural”, a pesquisadora tinha interesse em titular-se nas duas universidades. Foi por sua iniciativa que barreiras burocráticas foram vencidas pelo programa de pós-graduação da FAU, pela Vice-Reitoria Executiva de Relações Internacionais da USP e pela Sorbonne para possibilitar o doutorado em cotutela.

“Tornar o conhecimento universal é o sentido da universidade. O intercâmbio entre as instituições é o caminho para essa realização”, considera Christiane. A procura por Jimenez se justifica pelo fato de o professor francês ser especialista em germanística. Assim, a pesquisa traçou uma ligação tripla Brasil-França-Alemanha.

Debate

No dia seguinte à defesa, a recém-titulada doutora participou de uma mesa-redonda com os professores Lageira e Jimenez na FAU Maranhão. Coordenado pelos professores Issao Minami e Mônica Junqueira Camargo, também da USP, o debate permitiu aos docentes da Sorbonne apresentar informações sobre o funcionamento dos seus programas e manifestar o interesse de aprofundar as relações acadêmicas e institucionais com a USP.

Vários professores da FAU participaram do encontro e fizeram perguntas e comentários. Filósofo e germanista, Jimenez debruça-se especialmente sobre autonomia estética e dirigiu o Laboratório de Estética e Teoria Aplicada em Paris I. O português Lageira tem formação em filosofia e sucedeu a Jimenez na direção do laboratório – que, reformulado, está incorporado ao Instituto Arte, Criação, Teoria e Estética, com cerca de 90 pesquisadores de diversas áreas. Arte, autonomia, estética, relações com o poder político e privatização do espaço público foram alguns dos temas abordados na mesa-redonda.

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