Repertório do Coral da USP inclui qualidade musical e inovação

Grupo apresenta repertório variado e aceita cantores sem experiência ou vínculo com a Universidade.

Ana Luiza Tieghi / Revista Espaço Aberto

Criado em 1967 pelo maestro Benito Juarez, o CoralUSP é hoje um dos maiores corais do País e desde 1989 pertence à Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária. Com 45 anos de história e contando com cerca de 450 cantores, realiza uma média de 110 concertos por ano, em festivais, teatros, igrejas, parques, universidades, colégios e programas de rádio e televisão.

Para dinamizar as apresentações e o repertório, o coral está dividido em onze grupos, com características próprias, como afirma o seu diretor artístico e regente titular, maestro Alberto Cunha: “Cada grupo tem projeto artístico e agenda de concertos específicos, mas há também um repertório conjunto, ensaiado por todos os grupos, além do repertório coral-sinfônico, ensaiado por cantores de todos os grupos e apresentado juntamente com a Osusp [Orquestra Sinfônica da USP]”. Dessa forma, o coral multiplica sua área de atuação sem perder uma unidade, que é resgatada nos concertos que reúnem todos os cantores.

Além da música erudita

O CoralUSP tem a característica de possuir um repertório eclético, abrangendo diversos estilos e gêneros musicais, passando pela música clássica e erudita e chegando à MPB, ao rock e até mesmo ao samba. “Apresentar um repertório variado é inclusive uma maneira de quebrar um certo preconceito que existe em relação ao canto coral”, afirma o regente Cunha. Diferenciando-se daquilo que o público geralmente espera desse tipo de canto, o grupo ensina que os corais podem ir muito mais longe e, ainda nos dias de hoje, permanecerem atuais.

O repertório variado é uma maneira de quebrar o preconceito com o canto coral. (Alberto Cunha)

Não se limitando a apenas cantar as obras contemporâneas da forma como elas são conhecidas pelo público, o grupo busca sempre dar uma roupagem nova para as músicas. “Quando o coro canta uma canção da MPB ou um rock, não está simplesmente reproduzindo a música original, mas está cantando um arranjo dessa música, elaborado para várias vozes, e que traz uma riqueza de detalhes (e às vezes até certas complexidades) que não estão presentes no original”, explica o regente.

Essa mudança nas canções não passa despercebida pelo público, que geralmente reage bem às modificações. “O público percebe isso e aprecia como uma espécie de sofisticação, e os cantores do coro também aprendem a identificar e valorizar as muitas dimensões que a canção ganha em sua versão coral.”

Os onze grupos que compõem o CoralUSP realizam ensaios separados, com horários e dias diferentes. Há duas modalidades de grupo: os que ensaiam durante duas horas, duas vezes por semana, e os que ensaiam apenas uma vez na semana, por três horas.

Além dos grupos, há também o projeto Oficina Coral, que funciona como uma introdução ao universo do canto em coro. A carga horária de ensaios para os integrantes da Oficina Coral é menor, com um encontro de duas horas por semana.

Os integrantes do coral também podem realizar aulas de aprimoramento, como as de Técnica Vocal e Percepção Musical, que auxiliam no desenvolvimento técnico do canto. Além desses cursos, também existem aqueles que visam a “ampliar os horizontes culturais dos cantores”, como afirma o regente. São exemplos desses cursos as aulas de História da Música, Vida e Obra de Compositores e Música do Século Vinte. Todas as atividades relacionadas ao CoralUSP, incluindo as aulas, são gratuitas.

Como participar

Fazer parte de tudo isso não é difícil. Existem grupos que aceitam apenas integrantes que já tenham algum tipo de experiência com o canto em coro, mas há também grupos que recebem os interessados que nunca se atreveram a cantar fora do chuveiro. Para ingressar nas oficinas ou mesmo em um dos grupos, é necessário fazer um teste de classificação vocal. A partir dos resultados do teste, o cantor será direcionado ao grupo que melhor se encaixa ao seu perfil e que também atenda às suas necessidades de disponibilidade e localização. Nem todo iniciante tem que passar primeiro pelas oficinas, como conta o regente Alberto Cunha: “Há pessoas que, mesmo nunca tendo cantado em coro anteriormente, têm aptidão natural para o canto, e já podem integrar os grupos corais”.

Porém novos cantores não são aceitos durante o ano todo, já que para manter a qualidade musical do coral os ensaios devem acontecer com um grupo constante, que não sofra grandes variações com frequência. Os interessados em ingressar no CoralUSP podem se inscrever para realizar o teste de classificação vocal até o dia 31 de março. As vagas são limitadas e as inscrições são feitas diretamente na página do CoralUSP na internet. Para fazer parte do coral, os interessados devem ser maiores de 18 anos e não precisam ter vínculos com a Universidade de São Paulo, ao contrário do que a maioria das pessoas imagina.

Mais informações: site http://www.usp.br/coralusp

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