Projeto transforma crianças vulneráveis em ‘Pequenos Cidadãos’

O Projeto é um bom exemplo de cooperação entre as esferas pública e privada, uma vez que é coordenado por professores da USP São Carlos e utiliza a infraestrutura do campus ao mesmo tempo que conta com o patrocínio de empresas privadas para seu financiamento.

Incentivar o desenvolvimento de crianças, promover a educação e resgatar a cidadania: esses são os principais objetivos do Projeto Pequeno Cidadão, em São Carlos. O Projeto é um bom exemplo de cooperação entre as esferas pública e privada, uma vez que é coordenado por professores da USP São Carlos e utiliza a infraestrutura do campus, ao mesmo tempo em que conta com o patrocínio de empresas.

Iniciada em 1996, a ação nasceu do desejo aproximar a Universidade da população. Essa vontade se traduziu no atendimento a crianças em situação de vulnerabilidade econômica da região. O Pequeno Cidadão começou abrindo os portões da Universidade, oferecendo para os jovens atendidos acesso ao amplo centro esportivo do campus. Como as práticas esportivas não atendiam a todos os objetivos de seus idealizadores, as atividades oferecidas às crianças foram ampliadas.

Rotina

Anualmente são atendidas 220 crianças, com idades entre 10 e 14 anos. Os critério de seleção envolvem questões socioeconômicas, mas também o histórico escolar e emocional do jovem, avaliado por uma psicóloga que visita a família. Uma vez selecionado, o jovem passa por um perído de acomodação, que dura de 30 a 40 dias. O Projeto acompanha os jovens até eles completarem 14 anos.

Os jovens vão ao Pequeno Cidadão no período complementar ao que frequentam a escola, assim ficam o tempo todo ocupados, longe das ruas. Lá, participam de diversas atividades, que visam desenvolver a socialização e o aprendizado. Além das práticas esportivas, que são importantes para estimular o convívio e a obediência a normas, as crianças entram em contato com atividades artísticas, em que as crianças são incentivadas a expressar sentimentos em pinturas e artesanato.

Um dos objetivos do Projeto é promover a educação. Para isso é oferecido um reforço escolar aos jovens participantes. “O reforço escolar que oferecemos é um pouco diferente. Desenvolvemos atividades que abordam as áreas de Português, Matemática e Ciências de forma lúdica, mas sem compromisso com o ano letivo que a criança frequenta, por causa da diversidade de alunos que atendemos”, diz Camila Ferro, estudante de Estatística no Instituto de Ciências Matemáticas e da Computação (ICMC) da USP, em São Carlos e professora no Projeto.

Para poder desenvolver com as crianças essas atividades, os educadores do Projeto passam por treinamentos no Centro de Divulgação Cientifica e Cultural (CDCC) da USP e também com o Intel Aprender.

Tais iniciativas se refletem no desempenho escolar dos jovens. Para Rita Kássia Cândido, até ano passado diretora da EMEB Maria Ermantina Carvalho Tartani, que atende alunos de primeiro a quinto ano, a integração do Pequeno Cidadão com as escolas é o diferencial do Projeto. “Como os alunos precisam ter um bom desempenho escolar e frequência mínima para poder participar do Projeto, eles acabam valorizando a escola, tendo um melhor desempenho e baixa evasão”, diz.

Os alunos precisam ter um bom desempenho escolar e frequência mínima para participar do Projeto, e acabam valorizando a escola.

De acordo com Elaine Trimer, coordenadora pedagógica do Projeto, a partir da observação dos boletins de todas as crianças a cada bimestre e pelo depoimento da família e das professoras, não há evolução apenas no desempenho escolar. As atividades de socialização como esporte e dança contribuem para melhora no comportamento. Camila complementa: “as crianças passam a ensinar em casa os valores que aprendem no Projeto, transmitindo para a família o que conheceram conosco”.

Parcerias e resultados

Desde 1997 o Pequeno Cidadão conta com patrocínio integral da empresa KPMG. Segundo Eliane Momesso, gerente da área de Cidadania Corporativa na KPMG no Brasil, a ideia de parceria surgiu dentro do conceito de responsabilidade social, uma vez que a KPMG é uma empresa prestadora de serviços. Com o apoio da empresa, alunos que estão se formando no Pequeno Cidadão e tiveram bom desempenho escolar durante o ensino fundamental têm a oportunidade de cursar o ensino médio em um colégio particular de Sâo Carlos. “A KPMG concede ao melhor aluno do ano uma bolsa de estudos no Colégio Interativo, em São Carlos, por meio do Prêmio Bessan. O Colégio Interativo, por sua vez, oferece uma outra bolsa de estudo para cada bolsa oferecida pela KPMG”, diz Eliane.

Independentemente dos prêmios, após a formatura no Pequeno Cidadão todos os alunos participantes, se desejarem, são encaminhados para Núcleo Aprendiz, uma iniciativa que começou em 2012. Os ingressantes no Núcleo recebem cursos complementares profissionalizantes nos Sesi e Senac, além de orientações pelo próprio Projeto e pela KPMG. “É uma forma de seguirmos acompanhando esses jovens e não quebrarmos o vínculo criado ao longo dos quatro anos”, diz Elaine Trimer.

Mais informações: site http://www.saocarlos.usp.br/pequenocidadao

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