Laboratório do ICB investiga doenças renais e transplante

Laboratório de Imunobiologia de Transplante (LIT) do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP estuda diferentes doenças renais e mecanismos para diminuir suas lesões.

A insuficiência renal crônica tornou-se nos últimos anos uma epidemia mundial. O governo brasileiro gasta grande parte do dinheiro público com pacientes portadores da doença, o que a torna impactante tanto social quanto economicamente para o país. Para estudar as doenças renais e desenvolver mecanismos que as previnam ou auxiliem seu tratamento, foi criado em 2005 o Laboratório de Imunobiologia de Transplante (LIT), dentro do Departamento de Imunologia do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP.

A doença consiste em lesões renais que geralmente acarretam em perda progressiva e irreversível da função dos rins. Segundo o criador e coordenador do laboratório, professor Niels Olsen Saraiva Câmara, ela é diagnosticada caso o paciente apresente sinais bioquímicos, laboratoriais ou radiológicos de danos renais que duram mais de três meses. Muitas vezes, ela pode progredir para a perda do rim, exigindo uma terapia substitutiva (diálises) e, em alguns casos, o transplante renal.

O quadro alarmante no país motivou o coordenador a criar o laboratório para estudar, do ponto de vista imunológico, diferentes doenças renais, seus mecanismos fisiopatogênicos e novas abordagens terapêuticas que possam melhorar os desfechos destas lesões. As pesquisas buscam caracterizar a resposta inflamatória presente em algumas doenças renais e são fundamentadas em modelos experimentais e amostras de pacientes transplantados.

O professor afirma ainda que o laboratório pretende responder algumas questões, como por que às vezes o transplante para de funcionar ou por que o paciente que é renal crônico, mesmo sendo tratado, continua perdendo o rim numa velocidade grande.

Qualidade de vida

Segundo dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia, 1,87% da população adulta do Brasil possui a doença renal crônica. Com isso, estima-se que o governo gastou em 2006 uma média de R$ 1,9 bilhão no tratamento com diálise e nos transplantes renais. De acordo com Niels,

“O Brasil é o maior país transplantador de rim do mundo, com aproximadamente 3500 transplantes por ano. O programa é subsidiado pelo governo, o que traz um impacto grande para o país”.

Além disso, o laboratório reconhece a importância de se estudar métodos alternativos que contribuam para o aumento da sobrevida dos pacientes transplantados. “Tudo que a gente faz aqui tem o propósito de melhorar a qualidade de vida das pessoas. Esperamos que no menor tempo possível esses benefícios vistos nos modelos experimentais possam ser trazidos para os pacientes”, afirma o professor.

Avanços

Segundo o docente, os resultados práticos ainda não foram atingidos devido a processos de segurança e eficácia. Porém, ele acredita que muitas pesquisas feitas pelo laboratório poderão ter grande contribuição para os pacientes em um futuro próximo.

Os resultados obtidos pelo grupo de pesquisa ao longo destes anos mostram que tanto elementos da resposta imune inata (como células de defesa que trazemos desde o nascimento) quanto os da resposta imune adaptativa (tipo de defesa que desenvolvemos ao longo da vida ao entrar em contato com os elementos do ambiente) participam como causas da lesão renal. Foi descoberto, por exemplo, que com o aumento da expressão de uma enzima chamada de heme-oxigenase 1 (HO-1), os danos inflamatórios agudos e crônicos nos tecidos renais podem ser reduzidos.

“O que a gente consegue mostrar com esses modelos é que várias das nossas abordagens são efetivas e conseguem diminuir a velocidade de perda do rim e a formação de fibrose”, conclui.

Jovens motivados

O laboratório foi criado em 2005 com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), entre outros.

Niels conta que ele tem convênios com universidades da França e Estados Unidos, portanto tem uma visibilidade internacional grande.

A equipe é composta por pós-doutores, doutores, mestrandos e alunos de iniciação científica. “Se o aluno tem capacidade de análise crítica e quer trabalhar, a gente acha um espaço no laboratório. Ele é basicamente formado por jovens extremamente motivados”, explica o professor.

O laboratório está localizado no Instituto de Ciências Biomédicas IV, na Cidade Universitária, em São Paulo.

Mais informações: site www.icb.usp.br/~niels

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