Pesquisadora da FFLCH coordena pesquisa sobre os últimos cinquenta anos do projeto Censo

Os dados da pesquisa "Projeto Censo: o quanto o Brasil mudou nos últimos cinquenta anos", realizada desde 2011 e atualmente em fase de fechamento e sistematização da publicação final, poderão ser consultadas gratuitamente por todos os interessados pela internet.

Júlio Bernardes / Agência USP de Notícias

O Centro de Estudos da Metrópole (CEM) acaba de disponibilizar os microdados das amostras dos Censos Demográficos decenais, de 1960 a 2010, e das Pesquisas Nacionais por Amostragem de Domicílios (PNAD) anuais, de 1976 a 2011, coletados e sistematizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As informações utilizadas na pesquisa Projeto Censo: o quanto o Brasil mudou nos últimos cinquenta anos, realizada desde 2011 e atualmente em fase de fechamento e sistematização da publicação final, poderão ser consultadas gratuitamente por todos os interessados pela internet. O estudo é coordenado pela professora Marta Arretche, diretora do CEM e professora da Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP.

O CEM é um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepid) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e um Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). “Os microdados se referem aos bancos de dados brutos que são como grandes planilhas ou tabelas, em que cada linha traz informações sobre uma pessoa e cada coluna representa uma característica sua, tais como sexo, raça, idade, escolaridade, renda, ocupação etc”, conta Marta. “Os microdados são a fonte primária a partir da qual todas as análises são feitas”.

Em relatórios e sites o IBGE deixa disponíveis informações pré-processadas, que são uteis para obter informações gerais e básicas. Pesquisas mais aprofundadas requerem dados mais detalhados, ou seja, os microdados. “O formato original dos microdados é, no entanto, cifrado e deve ser decodificado por intermédio do uso de softwares especializados”, afirma a professora”. “Os microdados disponibilizados já estão prontos para uso, em um formato passível de uso na maioria dos softwares de estatística e bancos de dados. Para o CEM, a ciência é um empreendimento público e coletivo”.

Na base de dados podem ser obtidas estatísticas sobre perfil individual, como sexo, idade, raça, estado civil, características locacionais, como macrorregiões, unidades da federação, municípios e distritos intramunicipais (nos Censos) e religião (Censos e PNAD 1988). Também é possível conseguir informações sobre demografia, entre as quais migração intermunicipal, fecundidade e comportamento reprodutivo e mortalidade. “Apesar de a unidade básica de informação ser a pessoa, todas as informações coletadas são anônimas, não é possível identificar nomes ou endereços exatos”, explica Marta. “A menor unidade de identificação ou desagregação geográfica para os Censos é denominada ‘área de ponderação’, que corresponde a uma área em que habitam cerca de 20 mil pessoas”.

Educação, Trabalho e Rendimento

Na área de educação, há informações sobre características de alfabetização, série e curso dos que estudam, última série e curso completo daqueles que estudaram, anos de estudo, defasagem/distorção idade-série. “Sobre trabalho e rendimento, é possível consultar dados a respeito de taxas de atividade, de ocupação e desemprego, natureza da ocupação e do setor de atividade econômica, rendas do trabalho, renda de outras fontes, como aposentadorias, pensões etc”, aponta a professora. “Quanto a condições urbanas e domiciliares, pode verificar estatísticas sobre composição familiar e domiciliar, características dos domicílios, como número de quartos, banheiros, características de infraestrutura,energia elétrica, abastecimento de água, esgotamento sanitário”.

As informações estão disponibilizados como arquivos de bancos de dados, que podem ser abertos pela maioria dos softwares estatísticos ou convertidos para Excel ou Access. Seu manuseio requer, ao menos, conhecimento básico ou introdutório de estatística. “A proposta é justamente subsidiar pesquisadores de todo Brasil e do exterior, principalmente das áreas de ciências humanas e políticas públicas. Esse é o público alvo do CEM”, ressalta a professora. “Mas o acesso é livre e gratuito para toda a sociedade. Em breve derá estar disponível uma versão da documentação em inglês, para facilitar o uso por parte de estrangeiros”

O acesso é feito pelo site do CEM. Na página principal, o usuário encontra um link para a página dos dados. Em seguida, deve informar o e-mail. “Caso já tenha cadastro, será direcionado para a seção de downloads”, diz Arretche. “Caso contrário, preencherá um breve e resumido formulário. O objetivo é apenas conhecer o perfil daqueles que se interessam pelo trabalho do CEM”.

A pesquisa Projeto Censo: o quanto o Brasil mudou nos últimos cinquenta anos, é realizada desde o final de 2011 e encontra-se em fase de fechamento e sistematização da publicação final. Realizado CEM, o estudo conta com a participação de 19 pesquisadores da USP, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Insper, Universidade de Illinois (Estados Unidos) e London King’s College (Reino Unido). A equipe de apoio possui seis pesquisadores da USP e da Fundação Getúlio Vargas (FGV). O financiamento do projeto, assim como de outras atividades do CEM, tem origem na Fapesp e no CNPq. A pesquisa é coordenada por Marta Arretche, professora do Departamento de Ciência Política da FFLCH e diretora do CEM.

Mais informações: email arretche@usp.br

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