Investimento em ensino a distância expande horizontes da Universidade

Universidade de São Paulo investe no ensino a distância como uma forma de ampliar o acesso ao conhecimento.

A modalidade de ensino a distância (EaD) vem crescendo na Universidade de São Paulo nos últimos anos. Em 2008 foi implantado o primeiro curso no modelo semipresencial, o curso de Licenciatura em Ciências, que está inserido no Programa Universidade Virtual do Estado de São Paulo (UNIVESP). O ensino a distância continua recebendo atenção da Universidade, e existem planos de implementação de novos cursos, como a Especialização em Saúde Pública, que será oferecida pela Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP. Além desses, a Escola Politécnica (Poli) da USP, junto com a Agência USP de Inovação lançaram, no segundo semestre desse ano, cursos de Física e Estatística na plataforma aberta Veduca.

A educação a distância foi uma das maneiras encontradas pela Universidade para atender as demandas da sociedade. “O EaD é uma tendência porque é uma forma de educarmos essa grande população. No Estado de São Paulo se formam 440mil alunos no Ensino Médio [por ano]. As universidades públicas só conseguem oferecer 20 mil vagas. Então esse é o caminho”, afirma Gil da Costa Marques, coordenador geral do curso de Licenciatura em Ciências da USP. Para o professor do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) e coordenador do curso de Física Mecânica, Vanderlei Salvador Bagnato, o EaD traz benefícios para as Universidades que se utilizam dele: “As Instituições estão se tornando internacionais não por causa de viagens, e sim por causa do ensino a distância”, opina.

Acesso ao conhecimento

Os cursos de Probabilidade e Estatística e Física Mecânica Básica são os primeiros cursos da Universidade no formato MOOC (do inglês Cursos Massivos Online). Ambos estão disponíveis na plataforma Veduca e procuram oferecer conhecimento a um grande público, por serem abertos e gratuitos. O curso de Probabilidade e Estatística foi preparado pelos professores Melvin Cymbalista e André Fleury, ambos da Poli. O de Física Mecânica Básica foi elaborado por Vanderlei Bagnato, professor do IFSC. O aluno que se inscrever em um deles poderá assistir as aulas em vídeo e acompanhar a teoria em uma apostila disponível no site. A apostila também contém exercícios fixação. Ao término do curso o aluno é submetido a uma avaliação, que pode ser presencial, e, nesse caso, será realizada no final de dezembro desse ano, ou eletrônica.

“É possível tornar as aulas em vídeo mais interessantes e eficazes do que a aula tradicional porque podemos incrementá-las com animações e outros recursos que atraiam a atenção”

Quem fizer a avaliação presencial, e tiver um aproveitamento satisfatório, receberá um certificado assinado pelo professores. “Os cursos online não consistem em apenas disponibilizar vídeos na internet. É preciso fazer um acompanhamento e nós vamos fazer isso. É possível monitorar quantas vezes a pessoa acessou o curso. Depois tem uma avaliação presencial. Isso não quer dizer que a pessoa vai sair com o diploma da USP, não é isso. Ela vai ter um atestado de que cursou aquela disciplina”, explica Bagnato. Segundo o professor, os MOOC são uma forma eficiente da Universidade cumprir seu papel: As instituições tem que tornar publico maior quantidade de conteúdo possível. O que temos de qualidade, que é nosso ensino, tem que estar disponível para toda sociedade, até porque ela mantém essa Universidade. Existem diversas maneiras de fazer isso, ampliar vagas, abrir outros campi. Mas tudo isso gera custo. Uma das formas de ampliar a oferta desse conteúdo sem aumentar o custo é disponibilizá-lo online”, explica.

O professor Gil Marques também acredita no sucesso dos cursos online. “É possível tornar as aulas em vídeo mais interessantes e eficazes do que a aula tradicional porque podemos incrementá-las com animações e outros recursos que atraiam a atenção. Além disso, é possível fazer com que o aluno se sinta como se tivesse sentado na primeira fileira: onde ele vê e ouve tudo. A possibilidade de acessar o conteúdo posteriormente também é uma vantagem da EaD”, revela ele. Marques é coordenador do primeiro curso semipresencial oferecido pela USP, em Licenciatura em Ciências. Ele é voltado para a formação de professores de ciências para o Ensino Fundamental, uma vez que as demais Licenciaturas oferecidas pela Universidade são voltadas para o Ensino Médio. Para cursar Licenciatura em Ciências, diferente dos cursos disponíveis na plataforma Veduca, o candidato deve prestar o vestibular da Fuvest. Uma vez aprovado, o aluno recebe o login e a senha que darão acesso ao ambiente virtual de aprendizado (ava) em que as aulas estão disponíveis.

Além das aulas em vídeo, o estudante acompanha o conteúdo do curso por meio de exercícios de fixação. O aluno pode fazer essas atividades até uma semana depois de ter assistido a aula. Esse procedimento, segundo Marques, garante que ele estude ao longo de todo período. Aos sábados acontecem os encontros presenciais, cuja metodologia varia conforme cada disciplina.

Encontros presenciais

Mesmo no modelo EaD os encontros presenciais são considerados importantes. “[Os encontros] aproximam fisicamente o aluno do orientador e do professor. É a hora de tirar dúvidas, é o momento do aluno saber que aquela pessoa que está no monitor da sua tela é aquele com quem ele conversou. Esse tipo de vínculo tem um valor e deve ser preservado”, diz Paulo Capel Narvai, coordenador do curso de Especialização em Saúde Pública, que será oferecido pela FSP até o primeiro semestre do ano que vem. A Especialização estará disponível no modelo semipresencial. O curso terá duração de 12 meses, com 5 encontros presenciais, nos quais serão realizados provas eliminatórias e reuniões com monitores.

“[Os encontros] aproximam fisicamente o aluno do orientador e do professor. Esse tipo de vínculo tem um valor e deve ser preservado”

Como trata-se de uma especialização, o aluno deverá produzir um trabalho de conclusão de curso (TCC) com orientação de monitores. Esses monitores são mestrandos e doutorando voluntários da USP, que acompanharão os estudantes ao longo dos 12 meses de curso. “Para nós a especialização também é um espaço da formação dos nossos mestres e doutores em aspectos pedagógicos. Nosso curso atende a diferentes finalidades: seja formar pessoas e dar respostas a demandas da sociedade, seja proporcionar a nossos mestrandos e doutorandos uma vivência pedagógica com formação de pessoas pelo EaD”, finaliza Capel.

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