Barra de apoio desenvolvida no campus de São Carlos ajuda pessoas com problemas motores

Produto auxilia no movimento de sentar e levantar, considerando necessidades da população de baixa renda.

Lara Deus / Agência USP de Notícias

Sentar e levantar de uma cadeira, de um sofá, ou de uma cama é um movimento difícil para aqueles que tiveram acidente vascular cerebral, traumatismo cranioencefálico ou até mesmo idosos e pessoas com a área motora comprometida. Percebendo este problema, a terapeuta ocupacional Danielle Aline Barata Assad desenvolveu um equipamento que auxilia estas pessoas no dia a dia. A barra de apoio modular removível foi elaborada para ser aplicada ao lado de camas e vasos sanitários, com possibilidade de ser removida de maneira simples. O trabalho foi resultado de seu mestrado pelo Programa de Pós-Graduação Interunidades em Bioengenharia — uma parceria entre a Escola de Engenharia de São Carlos (EESC), o Instituto de Química de São Carlos (IQSC) e a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), todas da USP.

O objeto auxilia na sustentação de quem levanta, fornecendo apoio para as mãos neste movimento. Sem a barra, Danielle conta que estas pessoas “geralmente se apoiam nos móveis ou pedem para algum familiar levantá-las. Então, elas acabam tendo que ter sempre alguém por perto pra fazer o movimento”. A barra é desmontável e, por isso, se adapta ao tamanho do ambiente em que será colocado. Além disso, ela é feita em sete partes e removível facilmente por um aquecimento que pode ser feito, por exemplo, por um secador de cabelo.

O equipamento foi feito pensando principalmente na população de baixa renda. “As barras que eu pesquisei têm que ser chumbadas na parede”, conta a terapeuta ocupacional. Durante sua trajetória acadêmica, ela percebeu que muitas vezes estas pessoas vivem em casas alugadas ou emprestadas e os donos não permitem fixar estes objetos. Além disso, outro problema é que as barras disponíveis no mercado são vendidas em tamanhos que não se adaptam à disponibilidade de espaço de suas casas.

Por isto, um detalhe importante é o modo de se remover a base do objeto do chão. A barra desenvolvida no programa de mestrado é fixa por um adesivo termoreversível, constituído de cera de abelha, parafina e breu. Por isso, basta apenas o aquecimento de um secador de cabelo, por exemplo, para ela se desgrudar do chão. Na etapa de desenvolvimento, Danielle teve de optar entre a fixação por ventosas ou por este composto. A implantação de ventosas foi descartada porque esta peça exige superfícies lisas para grudar.

Desenvolvimento do objeto

Toda a idealização do produto final foi feita baseada em um questionário, aplicado a 100 voluntários no início da pesquisa. As respostas indicaram que os locais de maior necessidade deste apoio eram o banheiro e o quarto. Depois desta etapa, houve a pesquisa a respeito das normas estabelecidas para o desenvolvimento de barras de apoio. A escolhida foi a NBR 9050, que discorre sobre acessibilidade de edificações e prescreve as medidas e os materiais com os quais pode ser feito o produto. A outra fase da pesquisa consistiu na escolha dos materiais, de acordo com sua disponibilidade no mercado, preço e respeito à norma. “Verificamos que o alumínio atendia às nossas necessidades”, explica a terapeuta ocupacional, que defendeu sua dissertação de mestrado em março deste ano, sob orientação da professora Valéria Meirelles Carril Elui (FMRP) e com colaboração do professor Carlos Alberto Fortulan (EESC).

Os protótipos das sete partes da barra de apoio foram desenvolvidos virtualmente. Para se fabricar algumas amostras, Danielle obteve verba da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Algumas partes foram produzidas no Laboratório de Tribologia e Compósitos (LTC) da EESC, mas outras, como a base, precisaram ser usinadas em empresas contratadas.

Foram produzidas e testadas poucas amostras da barra desenvolvida e, por isso, “todo o trabalho do desenvolvimento do produto não ficou barato”. Porém, após consultar empresas do ramo, Danielle ressalta que “produzindo em larga escala e já com o produto desenvolvido, ficará mais barato do que uma barra convencional”.

Mais informações: email danielle.aline.barata@gmail.com, com Danielle Barata

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