Desigualdades de acesso a alimentos saudáveis é tema de pesquisa da FSP

Os resultados indicam que estabelecimentos de comercialização de alimentos localizados em bairros de maior nível socioeconômico apresentaram um maior número de opções saudáveis.

Assessoria de Comunicação Institucional da FSP

Propor e avaliar a confiabilidade de instrumentos de avaliação do microambiente alimentar urbano adaptado ao contexto do Município de São Paulo, assim como investigar se o acesso a alimentos varia de acordo com o nível socioeconômico da vizinhança, e também estudar a associação entre o ambiente alimentar local e o consumo de frutas, hortaliças e bebidas açucaradas dentre amostra da população adulta do município de São Paulo. Estes foram os objetivos da tese de doutorado ” Ambiente alimentar urbano em São Paulo, Brasil: avaliação, desigualdades e associação com consumo alimentar “, de autoria da Doutora em Nutrição em Saúde Pública Ana Clara Duran, apresentada no dia 30 de julho de 2013 na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, sob orientação da professora Patricia Constante Jaime.

A pesquisadora estudou estabelecimentos de comercialização de alimentos – restaurantes, lanchonetes, pequenos mercados de bairro, supermercados, feiras-livres e demais estabelecimentos que comercializassem alimentos em 13 distritos da capital paulista. O acesso a alimentos saudáveis foi medido a partir de indicadores que reuniram informação sobre disponibilidade, variedade, qualidade, preço e propaganda de alimentos: frutas e hortaliças, refrigerantes e outras bebidas açucaradas, salgadinhos e biscoitos recheados.

Em uma segunda etapa, a pesquisadora entrevistou 1842 adultos que residiam nos mesmos distritos de São Paulo acerca do consumo dos mesmo alimentos estudados (frutas e hortaliças, refrigerantes e outras bebidas açucaradas, salgadinhos e biscoitos recheados), comportamento de compra de alimentos e dados demográficos e socioeconômicos.

Com tais informações foi capaz de analisar a associação entre aspectos do ambiente alimentar próximo à residência – disponibilidade, variedade, qualidade, preço e propaganda de alimentos – e consumo de frutas, hortaliças e bebidas açucaradas. Para isto análises estatísticas – modelos multiníveis – ajustadas para dados individuais.

Os resultados indicam que estabelecimentos de comercialização de alimentos localizados em bairros de maior nível socioeconômico apresentaram um maior número de opções saudáveis, quando comparados a estabelecimentos similares, mas localizados em áreas de menor nível socioeconômico.

Após ajustes para medidas individuais de sexo, idade, educação e renda, preços altos de bebidas açucaradas em regiões mais pobres da cidade foram associados a uma menor chance de consumi-las; enquanto a associação foi inversa nos bairros mais ricos da cidade. Viver próximo a mercados e outros estabelecimentos com disponibilidade de frutas aumentou em cerca de 50% a 70% a chance dos moradores de consumirem frutas em 5 dias ou mais na semana.

Considerando tais resultados a pesquisadora concluiu haver diferenças no acesso a alimentos saudáveis em São Paulo, favorecendo as regiões da cidade de nível socioeconômico mais alto. Ademais, aspectos do ambiente alimentar foram associados ao consumo de frutas e bebidas açucaradas. Políticas públicas e intervenções com o objetivo de diminuir as desigualdades de acesso da população a alimentos saudáveis devem considerar o impacto de aspectos do ambiente alimentar – disponibilidade, preço, variedade e qualidade de alimentos saudáveis e não saudáveis.

Mais informações : email anaduran@usp.br, com Ana Clara Duran

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