Cobertura ambiental em rádios educativas ainda é deficiente, diz estudo da ECA

A pesquisa analisou a cobertura ambiental em três rádios educativas: Rádio USP, Rádio Cultura FM e a Rádio UFMG Educativa.

Rúvila Magalhães / Agência USP de Notícias

Os temas relacionados ao jornalismo ambiental ainda têm cobertura precária e pouco profunda, mesmo em rádios educativas. Para chegar a esta conclusão, a jornalista Rúbia Guimarães Piancastelli escutou e selecionou as pautas ambientais, analisando como o assunto era tratado, se havia profundidade nos temas, recursos sonoros para facilitar o entendimento e entrevistas com profissionais da área ambiental. O trabalho resultou na dissertação de mestrado A cobertura ambiental no radiojornalismo – fragmentos educomunicativos, apresentada na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP.

Em seu estudo, Rúbia analisou a cobertura ambiental em três rádios educativas: Rádio USP, Rádio Cultura FM e a Rádio UFMG Educativa. O objetivo principal foi verificar se as rádios veiculam conteúdos realmente educativos e se cumprem o papel de rádios públicas voltadas à difusão da cidadania, com foco na cobertura de pautas ambientais. A jornalista avaliou de que modo o jornalismo ambiental está pautado nas rádios e realizou uma análise crítica, pensando desde a apuração de conteúdos, escolha de fontes e realização de entrevistas pelos profissionais, até na constituição de cada nota ou reportagem, pensando se o papel educativo está sendo seguido. A análise teve dois aspectos: quantitativo e qualitativo. O aspecto quantitativo envolveu um estudo da programação, coletando e tabulando as matérias sobre o tema estudado. Já na análise qualitativa, ela procurou entender como o jornalismo compreende e trabalha a pauta ambiental.

Cobertura ainda é falha

A maioria das rádios, mais especificamente as duas universitárias, desenvolve um trabalho ligado à academia, mantendo a sua preocupação com o modo de fazer jornalismo. Apesar disso, as coberturas sobre o tema ainda são precárias, com pouco aprofundamento e matérias produzidas com poucos recursos.

Falta também uma abordagem mais educativa sobre ecologia e meio ambiente. Foi também detectado uma profunda falta investimentos ou incentivos na formação de jornalistas especialistas na área ambiental. “A especialização é fundamental nesta área, assim como o engajamento dos jornalistas com os temas ambientas”, acredita. “O engajamento dos jornalistas melhora a qualidade da cobertura”, defende Rúbia.

A pesquisadora foi surpreendida positivamente pela situação das rádios universitárias. Por estarem inseridas em um contexto acadêmico, estas emissoras são mais receptivas aos temas propostos. Por outro lado, ela encontrou um cenário mais ou menos previsível. As questões ambientais na mídia são um assunto relativamente recente e sua cobertura ainda em desenvolvimento, pois envolvem muitos campos, como da política, direito, biologia e química, por exemplo, e isso exige uma formação ampla e adequada dos jornalistas.

“Ter um profissional sensibilizado e, melhor ainda, qualificado em termos de noções de sustentabilidade é o que diferencia a qualidade e as contribuições do jornalismo ambiental”, garante. “A Rádio UFMG tem um profissional nesses moldes, por isso se destacou”.

Além da análise, uma das contribuições efetivas da pesquisa foi elaborar um conceito de radiojornalismo ambiental e trazer um Guia de Referências para agregar às rádios fontes e bibliografias selecionadas sobre o tema, com o objetivo de melhorar a qualidade da cobertura e ter mais clareza da amplitude de abordagens possíveis. Rúbia teve a orientação do professor Luciano Victor Barros Maluly e a pesquisa teve início em 2010, sendo finalizada e defendida em 2012.

Mais informações: blog www.rubiapiancastelli.wordpress.com, com Rúbia Piancastelli

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