Escola Politécnica comemora 120 anos e mira o futuro

A Escola Politécnica da USP lança livros e recebe homenagens de diversas entidades pelo seu aniversário de 120 anos, que completa no dia 24 de agosto.

Sylvia Miguel / Jornal da USP

Formar engenheiros brasileiros que pudessem dar cabo dos empreendimentos e da infraestrutura necessária a um País em construção era o objetivo primordial da então Escola Politécnica de São Paulo. Criada em 1893, deu início às suas atividades acadêmicas no Solar do Marquês de Três Rios, no centro de São Paulo, em 1894, sob a direção do obstinado e influente engenheiro Antônio Francisco de Paula Souza. A capital paulista apenas começava a sua efervescência, com imigrantes vindos de diversas partes do mundo e a indústria nacional aspirando a ser grande. Incorporada à USP em 1934, a mais completa faculdade de engenharia da América Latina está comemorando 120 anos – a ser completados no próximo dia 24 – com uma programação à altura. E, mais uma vez, mirando o futuro.

“A escola ainda tem muito para crescer, sobretudo na inovação, que será o grande diferencial do engenheiro do futuro e dos países que pretendem estar à frente”, afirma o diretor José Roberto Cardoso, entusiasmado com o Laboratório de Inovação e Empreendedorismo da Escola Politécnica, previsto para começar a ser construído em 2014 a um custo estimado de R$ 20 milhões.

Como idealizador do projeto, Cardoso compara o espaço a um “jardim da infância para um adolescente”, aberto a alunos de diversos cursos, inclusive da área de humanidades, visando a estimular a criatividade e a interdisciplinaridade.

“A inovação não se faz mais com especialistas e sim com generalistas capazes de adquirir e aplicar muitos conhecimentos periféricos. Os exemplos de inovadores emblemáticos confirmam que especialistas têm mais dificuldades para inovar. Queremos criar um ambiente de criatividade e inovação que promova a intercomunicação das diversas áreas do conhecimento”, diz Cardoso.

O projeto arquitetônico de Ruy Ohtake ocupará aproximadamente 9 mil metros quadrados entre os prédios da Administração e da Engenharia Civil da Poli, numa área de estacionamento. Com capacidade para 750 pessoas, poderá abrigar o desenvolvimento simultâneo de até 30 projetos de grande porte. As 400 estações de trabalho e ateliês dos alunos abrigarão todo tipo de ferramentas, protótipos, simuladores, computadores de última geração e os mais avançados softwares. “Os alunos não terão limite para o pensamento, poderão desenvolver os projetos que eles quiserem, orientados pelos professores”, comenta Cardoso.

E já que a ideia é expandir e diversificar, a Poli em breve terá um braço na USP Leste. A partir do vestibular deste ano, a escola oferecerá o curso de Engenharia de Computação com Ênfase em Sistemas Corporativos, que será ministrado na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH).

O curso aprovado pelo Conselho Universitário (Co.) no dia 2 de julho oferecerá 50 vagas, em período integral, com duração de cinco anos. O profissional será capacitado a desenvolver, implantar, gerenciar e fazer a manutenção dos sistemas relacionados à automação de processos de negócios multidisciplinares.

Parcerias

Os laços com o setor produtivo que norteiam as iniciativas da Escola Politécnica desde a sua fundação continuarão a ser incentivados nos novos projetos. “A Poli sempre tem sido acionada ou consultada quando existe a necessidade de resolver grandes problemas nacionais ligados à engenharia e infraestrutura. A ligação com o setor produtivo e a aplicação do conhecimento acadêmico na indústria são uma postura herdada do próprio fundador da escola, Paula Souza, que continuará sendo incentivada”, afirma o diretor.

Das diversas parcerias com a Poli surgiu, por exemplo, o financiamento pela Marinha para a construção do primeiro computador brasileiro. As equipes envolvidas no projeto formaram empresas de informática e uma massa crítica de especialistas que constituíram as bases da indústria de informática no Brasil.

Grandes projetos viabilizados por inúmeras parcerias deram vida às primeiras barragens e às primeiras estradas de ferro do País, bem como aos projetos pioneiros de linhas de transmissão de energia. Assim também nasceu o “Paulistinha”, primeiro avião nacional, projetado com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). O navio oceanográfico Professor Besnard, que por décadas se lançou em importantes descobertas nos mares brasileiros, também foi projetado na Poli.

Inúmeros estudos para a área de petróleo e gás e o desenvolvimento de projetos voltados à exploração de águas profundas da camada pré-sal também são possíveis graças às parcerias com governo e setores produtivos. A Embraer financia, entre outros projetos, estudos sobre o conforto e as reações humanas dentro de aviões, a partir de um simulador que imita uma cabine pressurizada de passageiros.

Tempo de festejar

Desde o início do ano, diversas entidades vêm celebrando a Poli pelos seus 120 anos. Nesta segunda-feira, dia 12, será a vez de a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo prestar a sua homenagem. A sessão solene acontecerá no plenário Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, a partir das 10 horas.

O Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) fará sua homenagem no dia 15 de agosto e a Orquestra Sinfônica da USP (Osusp) realiza um concerto na Sala São Paulo no dia 17 de agosto (a programação completa das comemorações está neste endereço)

Com apoio da Intel, o Grupo de Estudos de Gênero da Poli, o PoliGen, promoverá um debate após a exibição do documentário Girl Rising, sobre mulheres e meninas de diversas partes do mundo e o poder da educação na mudança da realidade dessas mulheres. Será no dia 14 de agosto, às 11h30, no auditório Professor Francisco Romeu Landi (informações e inscrições pelo email eventos@poli.usp.br).

Na véspera do aniversário de 120 anos, a diretoria da Poli promove, no dia 23 de agosto, às 18h, uma celebração que incluirá o lançamento de dois livros, Fazendo história, que narra a trajetória de 75 professores da instituição, e Os 120 anos da Escola Politécnica. O evento será no prédio da Administração da unidade, no Auditório Professor Francisco Romeu Landi. O endereço é avenida Professor Luciano Gualberto, travessa 3, número 380.

Mais informações: site www.poli.usp.br

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