Tema de mostra do MAE, Cidade de Pedra revela pré-história no MT

MAE exibe resultados de pesquisa extensa em sítio arqueológico no Mato Grosso, em exposição na Aliança Francesa

Silvana Salles / Jornal da USP

Foto: Divulgação
Arte rupestre: abrigo Ferraz Egreja foi o sítio arqueológico mais intensamente escavado durante a pesquisa

No meio da mata, grandes rochas de arenito esculpidas pelo tempo de forma a parecerem torres de arranha-céus marcam a paisagem da Cidade de Pedra, um sítio arqueológico no município de Rondonópolis, no Mato Grosso. As pesquisas e escavações no local já revelaram que a ocupação na região é antiga, com artefatos encontrados que datam de 300 a 10 mil anos atrás. Agora, o sítio é tema de uma mostra organizada pelo Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da USP, que fica em exibição até o dia 30 de outubro na unidade Trianon-Jardins da Aliança Francesa, em São Paulo.

Com painéis compostos por fotografia e texto, Pelos Caminhos da Cidade de Pedra: Trinta Anos de Pesquisas Arqueológicas tem o objetivo de divulgar ao público em geral as descobertas obtidas pelo projeto Pré-História e Paleoambiente na Bacia do Paraná. “É uma exposição bastante didática, que conta os resultados da longa pesquisa em Rondonópolis. Mostramos a paisagem, o uso dela pelos grupos pré-históricos, as interferências que eles deixaram no ambiente, a cultura material e a arte rupestre”, diz a professora Veronica Wesolowski, curadora do evento.

O projeto de pesquisa, que está completando 30 anos, é fruto de uma cooperação científica entre o MAE e o Museu de História Natural de Paris. Segundo Veronica, as décadas de trabalho arqueológico em campo resultaram na obtenção de mais de 25 mil artefatos – isso em apenas uma pequena área da Cidade de Pedra, e não no sítio inteiro. Pode-se imaginar, portanto, a riqueza de informações que o local oferece aos arqueólogos. Entre as descobertas, há cerâmicas, adornos, artefatos líticos descartados, pinturas rupestres e outros vestígios, como os de fogueiras. “Por volta de 2 mil anos atrás, aparecem os grupos de cerâmica na região”, conta Veronica.

Foto: Divulgação
Cidade de Pedra: paisagem marcada pelos contrastes de relevo e vegetação no município de Rondonópolis (MT)

A exposição contextualiza para o visitante os dados que são exibidos, conta um  pouco de história indígena e também a história da própria pesquisa. Isso é  importante para entender os resultados de Rondonópolis como parte de um  trabalho mais abrangente, já que o projeto franco-brasileiro foi criado para  investigar o povoamento e as culturas pré-históricas da extensa região da Bacia  Geológica do Paraná. Localizada no centro da América do Sul, a região é  limitada, ao norte, pela bacia hidrográfica do Amazonas e, ao sul, pelos rios  Paraguai e Paraná. Ocupa um território que vai do Mato Grosso ao Uruguai,  englobando também partes da Argentina e do Paraguai. Outro sítio que também  tem sido objeto de estudo dos pesquisadores ao longo dos 30 anos do projeto está localizado na Serra das Araras, também no Mato Grosso.

Pelos Caminhos da Cidade de Pedra: Trinta Anos de Pesquisas Arqueológicas permanece até 30 de outubro na unidade Trianon-Jardins da Aliança Francesa (alameda Ministro Rocha Azevedo, 419, Cerqueira César, São Paulo – Telefone (11) 3017-5699. A exposição fica aberta de segunda a sexta-feira, das 9 às 21 horas, e aos sábados, das 9 às 12 horas. Entrada franca.

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