Revista USP é lançada com debate sobre computação em nuvem

Debate promovido pela Revista USP abordou o Programa de Computação em Nuvem da Universidade.

Izabel Leão/ Jornal da USP

Foto: Cecília Bastos / Jornal da USP
Foto: Cecília Bastos / Jornal da USP

O que é computação em nuvem? A nuvem é distribuída ou centralizada? O que é elasticidade rápida? Existe ou não segurança na nuvem? Com esses questionamentos, o professor Marcelo Knörich Zuffo, da Escola Politécnica (Poli) da USP, deu início ao debate promovido pela Revista USP, no dia 8 de outubro, na Livraria da Vila do Shopping Higienópolis, sobre o Programa de Computação em Nuvem da Universidade.

O evento deu continuidade à divulgação do número 97 da Revista USP, que traz dossiê sobre esse conceito. Através de artigos de especialistas de diferentes instituições, o dossiê busca mostrar a utilização da computação em nuvem no Brasil, bem como sua aplicação na Universidade. Tudo isso sem deixar de levantar também os problemas advindos dessa tecnologia, como, por exemplo, aqueles ligados à segurança das informações.

O debate voltou-se para as questões do Programa de Computação em Nuvem na Universidade criado pela Reitoria, que há um ano e meio vem implantando esse sistema na USP. Os principais benefícios serão em relação à economia de recursos e à visibilidade da própria instituição. A computação em nuvem deverá atender também a questões de sustentabilidade, como obsolescência, lixo eletrônico, energia e segurança digital e patrimonial.

Foto: Cecília Bastos / Jornal da USP
Foto: Cecília Bastos / Jornal da USP

Zuffo afirmou que a privacidade na nuvem ainda gera muitas dúvidas e questionou: “Como tentar codificar algo que não é codificado? O que é melhor: ser uma nuvem pública ou uma nuvem privada?”. Ele ressaltou que a USP, no seu Programa de Computação em Nuvem, escolheu ser uma rede privada, opção que os especialistas presentes no debate concordaram ser a melhor.

Para a professora Teresa Cristina de Carvalho, do Departamento de Engenharia de Computação e Sistemas Digitais da Poli, o primeiro passo na discussão é definir o que é computação em nuvem, já que ainda existe muita confusão sobre o assunto na comunidade uspiana. Ela destacou que as pessoas não têm noção do risco que correm ao utilizar uma rede pública. “Como confiar que os dados gravados em nuvens públicas são seguros e passíveis de bisbilhotagem?”, questionou. Por isso, Teresa Cristina não aprova o uso de uma rede híbrida, já que esta torna a segurança dos dados muito “elástica”.

Questionados pelo público sobre se os dados criptografados estão mais bem protegidos, os debatedores foram unânimes em afirmar que “não existe nada 100% seguro” e lembraram ainda a dificuldade de ensinar um professor que não é da área da computação a criptografar seus dados.

Foto: Cecília Bastos / Jornal da USP
Foto: Cecília Bastos / Jornal da USP

Para Alfredo Goldman, professor do Departamento de Ciência da Computação do Instituto de Matemática e Estatística (IME) da USP, a computação em nuvem, daqui a alguns anos, será vista como algo natural, da mesma forma como se olha uma tomada elétrica hoje.

Sobre o computador quântico, questionado pela plateia, o professor Alexandre Suaide, do Instituto de Física da USP, afirmou que a humanidade é sedenta de informação e todo o conhecimento gerado é armazenado. Por isso, não importa o quanto se produz de espaço de armazenamento da informação, pois nunca será o suficiente.

Para Goldman, o grande problema não é fazer o qbit (bit quântico), e sim extrair a informação, ou seja, colocar e tirar dados, questões ainda não bem resolvidas por esse tipo de computador. Sobre a estrutura de backup na Universidade, Goldman explicou que a nuvem não é centralizada, e sim dividida em várias unidades que se unem. Por isso é importante construir uma aplicação robusta com diferentes data centers, disse.

Roseli de Deus Lopes, da Poli, destacou que a nuvem traz o novo conceito de que é preciso procurar os dados na nuvem, o que acabará com os equipamentos que se encontram trancafiados nas unidades. Zuffo complementou que, para isso, é necessário ter uma boa política de governança da rede, a fim de que os projetos se desenvolvam da melhor forma possível.

Outra unanimidade foi o fato de que o Programa de Computação em Nuvem da USP é importante para a internacionalização da Universidade, que poderá disseminar mais amplamente o conhecimento produzido nas pesquisas de ponta que realiza.

A Revista USP pode ser adquirida em livrarias ou pelo site da publicação.

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